Julia / Lorena narrando capítulo 13 A sensação de entrar naquela sala foi como mergulhar num território que não e meu. Tudo calculado. Ele sabia exatamente o que mostrar, o que esconder, o que deixar em destaque. Caixas, brinquedos, roupas, comida. O lado bonito da favela que qualquer repórter gostaria de filmar. Mas eu não vim aqui pra cair em encenação. Meu olhar corria pelos detalhes, pelas frestas, pelas ausências. Sempre existe o que não é mostrado, e era isso que eu buscava. Quando ele me olhou, senti um peso diferente. Não era o olhar de curiosidade comum, era de quem mede, testa, procura falha. Como se cada movimento meu fosse uma senha. Eu sabia que precisava jogar com cuidado, não podia me mostrar submissa, mas também não podia parecer afronta. Esse equilíbrio é o que mantém a

