Realmente faltava um grande plano ser elaborado para conseguir pegar os capangas de Joyce. Era algo que deveria ser feito de imediato, para que ninguém se ferisse no processo. Mas, o que fazer?
Minha mente estava entrando em colapso só em pensar no "bendito plano" porque tinha muita coisa em jogo, além das pessoas que eu amo estarem presentes na cena.
Uma coisa eu consegui adiantar: comprei as passagens para que os pais de Claire não se ferissem durante a elaboração do plano. Não contamos essa parte a eles, mas demos a desculpa de que era para comemorar o aniversário de casamento, o que os dois aceitaram de bom grado porque faziam anos que não tiravam umas férias.
— Vocês vão ficar bem? - Perguntou Carlos preocupado.
— Vamos sim, não se preocupe papai. — Falou Claire com um sorrisinho de que iria aprontar.
— Não seja tão dura com o Misha. Eu sei que você está aprontando algo. - Disse Carlos com uma das sobrancelhas arqueada.
— Papai, como pode pensar assim? Eu sou um anjo. - Se defendeu Claire.
— Com rabinhos e chifres, mas eu te amo. - Eu falei rindo.
— Ah pronto, você também está com ar de que está aprontando. - Falou Carlos.
— Eu? Como assim? Isso é tudo coisa da sua cabeça. - Tirei o meu da reta.
— Rabinho e chifre? - Perguntou Claire com um sorriso perverso no rosto.
— Você realmente está me assustando. - Eu engoli em seco.
— Paga para ver hehe. - Me olhou com aquele olhar 43 me atingindo em cheio.
Fui obrigado a desviar o olhar para não cometer nenhuma gafe na frente dos meus futuros sogros.
— Crianças não se matem. - Falou Gina sorrindo. - Agradeço imensamente o que os dois estão fazendo por nós. Finalmente vou conhecer Paris.
Meu coração se acalmou ao ver a felicidade de Gina e pelo fato de que estariam seguros. Comprei as passagens em dinheiro para que o paradeiros deles não pudessem ser rastreados.
— Tenho um presente para os dois. - Eu disse dando novos celulares a eles.
— Misha, não precisamos de novos celulares, eu tenho o meu aqui véinho, mas que está funcionando perfeitamente. - Disse Carlos.
— Nossa, está tanto que nem seus clientes conseguem conversar com você. - Falou Claire sarcasticamente.
— É verdade, o meu também está pela bola sete, mas eu agradeço de coração por você ser essa pessoa maravilhosa que entrou em nossas vidas. - Falou Gina.
— Obrigada a vocês por aceitarem nossos presente. - Eu disse sorrindo.
— Ah, então a Claire também participou? - Falou Carlos sorrindo.
— Não só participou, como também me ajudou a escolher os presentes.
— Está aí! Falei que estavam aprontando. Seus rostinhos não mentem. - Falou Carlos se vangloriando por saber que estávamos aprontando algo.
— Nós? Não, você deve estar enganado. Eu e Claire nunca aprontamos.
— Sei... - Carlos me fuzilou com o olhar.
— Está aí uma coisa de família. - Eu falei rindo.
— Com assim? - Claire e Carlos perguntaram em uníssono.
— Sabem me fuzilar muito bem com o olhar e eu nem sei o porquê.
Todos riram e meus futuros sogros se retiraram para arrumar as coisas para a viagem, pois o avião partiria as 5hs da manhã.
— Fica tranquilo Misha, vai dar tudo certo. - Disse Claire colocando uma das mãos em meu ombro tentando me consolar.
Respirei fundo para tentar espantar a frustração.
— Sou tão transparente assim? - Perguntei franzindo o cenho.
— Sim, bastante. O que está te preocupando?
— Eu ainda não consegui bolar um "plano infalível" para pegar os caras maus.
— Digamos que nós já temos "meio plano". Falta o restante.
— Como assim? - Realmente não estava entendendo o ponto que Claire se referira.
— Já conseguimos comprar as passagens, celulares e chips novos e eu dei uma semana de folga para o meu pessoal. Então só falta o restante do plano.
— Olhando por esse lado, sim, faz todo o sentido.
— Você vai ter que acordar cedo comigo durante 1 semana. - Falou Claire rindo maquiavelicamente.
— Sério? Sabia que você estava aprontando. - Eu falei me dando por vencido.
— Sim, precisamos tratar dos animais da fazenda. Verificar se está tudo bem, tirar leite para o café da manhã e prepará-lo.
— Não estou achando o plano de todo r**m, vou passar coladinho com você. - Eu falei provocando-a um pouco.
— Não se empolgue tanto, até porquê ainda não sei o que vou fazer com você após tudo isso passar.
— Hunn, você ainda não quer aceitar os próprios sentimentos? Que feio. - Eu falei rindo.
— Como você se atreve a dizer que sinto algo por você? - Falou Claire me olhando bem sério.
— Vamos confirmar então.
— Confirmar? - Falou ela confusa.
Eu sorri e me aproximei dela olhando-a fixamente. Claire arregalou os olhos e foi andando para trás, até ela ser a única entre eu e a parede do escritório.
"Sim, esqueci de mencionar que conversamos com os meus sogros sobre a viagem no escritório"...
Enfim, voltando para a cena em que eu confirmava os sentimentos da Claire.
— Você deve estar louco! - Falou Claire não querendo dar o braço a torcer.
— Sim, estou. Estou louco por você há muito tempo. - Falei bem próximo ao seu ouvido.
Claire se arrepiou e prendeu a respiração. Totalmente frustrada com as reações que ela mesma estava tendo por causa da minha aproximação. Ela tentou me afastar, se esquivando, mas eu coloquei um braço na parede, obstruindo a sua passagem. Ela engoliu em seco e me olhou com aqueles olhos lindos que me hipnotizavam.
Como eu queria testá-la, baixei a cabeça e meus lábios ficaram bem próximo dos dela e a sua reação realmente me surpreendeu.
Claire ofereceu os lábios a mim, inclinando a um pouco o rosto para cima e eu conseguia sentir a sua respiração no meu rosto. Passei a mão em seu rosto e meus dedos queimaram. Eu sabia que se continuasse, não iria conseguir me controlar... Então, com muito esforço, me afastei, peguei o meu casaco na cadeira e saí do escritório. Fui ao meu quarto tomar um banho gelado.
Visão da Claire
Abri os olhos e Misha não estava mais no escritório. Pisquei várias vezes até a minha mente entender o que estava errado. Respirei fundo sentindo-me triste. Não acredito que ele me deixara só, na vontade de beijá-lo. Neste momento, eu sabia que já estava perdidamente apaixonada por ele, mas não estava disposta a aceitar tudo isso de forma fácil. Minha mente se recusava a criar expectativas boas porque meu coração morria de medo de ele ir embora novamente.
Me senti abandonada e sozinha naquela escritório... Isso tudo me deixou muito brava.
— Misha, vai ter volta! - Eu falei com raiva saindo do escritório. Eu realmente precisava de um banho.
Visão de Misha
"Claire vai me matar. Eu tenho total ciência disso, mas não tinha muito o que fazer". - Eu pensei desanimado.
Já havia tomado o banho e vou ser sincero, não melhorou muito meu estado porque só em pensar no que havia ocorrido, meu sangue já fervia novamente.
Sentei na cama, com o rosto entre as mãos, desanimado.
Ouvi batidas na porta e fui ver o que era. Abri a porta e Claire estava ali parada me olhando. Ela estava com os cabelos molhados, vestindo calça jeans escura e uma regata branca. Eu engoli em seco, ela estava muito linda.
— Precisamos bolar o tal plano. Posso entrar?
— Tem algo errado, você me perguntando se pode entrar no meu quarto? Trocaram a Claire? - Eu falei sarcasticamente.
— Haha, engraçadinho. Só estava perguntando para saber se é seguro.
— Seguro? Em qual quesito? - Eu perguntei colocando as mãos na cintura para estudá-la.
— Sim, seguro para mim. - Falou ela me olhando de cima a baixo.
— Encontrou o que procurava? - Eu falei com um meio sorriso.
— Talvez... Porém temos algo extremamente importante para resolvermos antes de qualquer outra coisa.
— Sim, estive pensando em conversar com Joshua para definirmos algumas coisas que poderíamos fazer, já que ele conhece o inimigo de perto.
— Talvez, mas não falei sobre isso.
Eu fiquei sem entender e a olhei com o cenho franzido. Ela se aproximou e me empurrou para que eu caísse sentado na cama. Fiquei surpreso com a força que ela tem para ter conseguido tamanho ato. O que veio a seguir é que tirou a alma do meu corpo. Claire sentou no meu colo e me beijou. Eu congelei...
Claire realmente me matava, eu nunca sabia o que se passava em sua cabeça... Ela sempre faz o que quer e o que bem entende, não consigo prever suas ações. Tudo sempre me pega desprevenido.
Eu a empurrei com o pouco de controle que ainda me restava.
— Claire, o que você está fazendo?
— Misha, qual o problema?
— Eu estou tentando respeitar o seu espaço, mas você não está facilitando.
— Eu? Capaz, sou um anjo... Já te disse isso. - Falou ela sorrindo travessa.
— Está aprontando né? Ficou com gostinho de "quero mais" né? - Eu falei rindo.
— Como você fez aquilo comigo?
— No quesito de ter te deixado na vontade ou de ter feito o ato? - Eu falei confuso.
— Em ter me provocado.
— Eu fiz aquilo para você saber o que sente por mim.
— E o que eu sinto?
— Você quem tem que me dizer. - Falei tirando-a do meu colo e me levantando.
— Não estou entendendo. Você me beija, me provoca e eu saio correndo e quando eu faço, você quem sai correndo. - Falou Claire com as mãos na cintura, parecendo frustrada com a situação.
— Claire, entenda. Eu também tenho sentimentos e enquanto não souber exatamente o que você sente e quer, não vou aprofundar as coisas. Por agora, vamos focar no plano porque quero mantê-la segura.
Eu não esperei Claire responder e saí do quarto. Precisava encontrar Joshua para ajudar a clarear a minha mente.