13 - Visão de Misha

1112 Words
Eu estava realmente transtornado quando saí de casa em direção à casa na árvore. Meu coração estava pesado e eu me sentia sem esperança. Você deve estar se perguntando por que alguém como eu, que aparentemente pode ter tudo, sofreria tanto por um amor do passado.  A resposta é simples: dinheiro e poder não compram felicidade. Isso eu sei bem, pois vivi muito tempo longe de uma família e, esse erro, eu não quero cometer novamente. Mas, como suportar ver a mulher que amo nos braços de outro homem? Só de pensar nisso, fiquei sem ar, mesmo estando ao ar livre.  Cheguei à casa da árvore, subi e fiquei observando o céu estrelado pela janela. A noite estava linda e fresca, mas nem essa beleza conseguiu animar meu ânimo.  Foi quando Claire entrou e me deu aquele baita susto. Eu havia chegado há pouco tempo, mas confesso que gostei de ela ter vindo atrás de mim preocupada.  Mesmo após tudo o que aconteceu, não consegui me aproveitar da situação, mesmo desejando outra coisa. Não poderia fazer isso com Claire.  Quando ela mencionou que outros homens haviam passado por sua vida, senti uma dor imensa, parecia que eu iria morrer sendo devorado por aquele sentimento r**m. Meu coração quase se partiu de aflição, mas sei que não seria justo cobrar exclusividade dela.  Voltamos em segurança à casa dos meus futuros "sogros". Claire trancou a porta e me olhou com aqueles olhos encantadores. – Você quer um copo de leite? – Perguntou ela, se esgueirando até a cozinha. – Aceito. – Eu disse, seguindo-a.  Claire serviu dois copos de leite, guardou o leite na geladeira novamente e me entregou um dos copos. – Obrigado. – Agradeci. – De nada. – Ela respondeu, sorrindo. – Seus pais já foram dormir? – Perguntei, olhando o relógio no meu pulso. – Ainda não, mas já subiram... Já são mais de 21h e meus pais adoram programas automotivos. – Ah sim, continuam com os mesmos hobbies. – Comentei, com um sorriso triste nos lábios.  Claire notou a minha tristeza e atirou uma toalha de prato em meu rosto, acertando em cheio. Olhei para ela com o cenho franzido. – Pare de fazer essa cara... Aproveite enquanto está aqui. – Claire me repreendeu. – Que cara? – Tentei desconversar, colocando uma mão atrás da cabeça. – Não adianta desconversar, sei que você está triste por ter ficado tanto tempo fora.  Suspirei, pois não conseguia mentir ou esconder meus sentimentos de Claire. Ela me conhece melhor do que ninguém. – Pare de mentir para si mesmo. Você não voltou só por minha causa, mas também para curar seu coração. – Claire, eu voltei por você. Pode não acreditar, mas senti muita falta daqui, e os 8 anos que se passaram foram extremamente difíceis. – Eu disse, com o coração pesado, encostando-me no balcão da pia. – Você não deveria ter carregado tudo isso sozinho. Deveria ter nos deixado apoiar você. – Claire falou, cabisbaixa. – Você conhece bem os meus motivos. E não me arrependo disso. – Falei olhando fixo em seus olhos. – Ok, ok. E agora, quais são seus planos? – Claire perguntou, tentando mudar de assunto. – Meus planos? Bom, primeiro, quero ver se minha tia aprontará algo. Quando tiver certeza de que é seguro, quero me casar e formar uma família. – Falei, sinceramente.  No momento em que mencionei querer me casar, Claire se engasgou, espalhando leite por toda parte. – Claire, você está bem? – Perguntei, preocupado, aproximando-me dela.  Ela respirou fundo, se acalmou e me olhou incrédula. – Casar? E quem seria a sortuda? – Perguntou ela, como se já soubesse a resposta. – Sério que está me perguntando isso? Preciso mesmo responder? – Reagi, um pouco frustrado. – Eu? – Ela disse, surpresa. – Eu gostaria que fosse você, mas não sei se você me aceitaria após 8 anos. – Eu disse, passando a mão pelos cabelos. – Estou chocada. Não sabia que você me levava tão a sério. – Claire, pelo amor de Deus, eu te amo e quero você como minha companheira para toda a vida. – Não posso te dar essa resposta agora. – Claire respondeu, engolindo em seco e saindo da cozinha. – Eu sei. – Falei, desanimado, lavando meu copo na pia. – Aos poucos, a confiança que tinha está se esvaindo.  Saí da cozinha também, subi as escadas e fui para o meu quarto... Estava precisando de um banho para poder renovar as minhas energias, bom, um pouco da que restava.  Arrumei meu pijama, sim, isso soa antiquado, mas eu gosto, fazer o quê?  Despi-me, liguei o chuveiro e tentei lavar toda a energia negativa. Não esperava, porém, que na metade do banho, a resistência queimasse. Tomar banho frio até vai, mas só no calor. – Ah, não! – Eu reclamei. – Hoje é o dia. Tem como ficar pior? - Eu falei enrolando a toalha em volta da minha cintura.  Saí do chuveiro ainda com o cabelo pingando, precisando de ajuda. Mas quem? A essa hora, Carlos e Gina já deveriam estar dormindo, restava chamar apenas Claire... – Ela vai me matar. – Falei, desesperado, levando a mão ao rosto. – Não vejo outra saída... É... Vou lá enfrentar a fera.   Saí do meu quarto e caminhei até o quarto de Claire, bati na porta e rezei para que ela ainda estivesse acordada.  Ouvi barulho do outro lado e comemorei no corredor, de forma engraçada, feliz por ela poder me ajudar.   Quando a porta se abriu, a expressão de Claire me deixou confuso. Ela parecia chocada e me olhou de cima a baixo. Foi então que percebi estar de toalha, uma situação um tanto constrangedora porque Claire poderia entender tudo errado. – Não é o que você está pensando. – Tentei explicar. – O que faz... Aqui... A... Essa... Hora? – Claire falou pausadamente, aumentando meu desespero. – A resistência do meu chuveiro queimou... Você tem uma sobrando?   Claire suspirou e cobriu os olhos para falar comigo. Fiquei confuso, sem saber o que estava acontecendo ali, ou seja, se ela me achava feio ou se estava envegonhada. – Claire... Você está bem? – Perguntei, aflito, pelo silêncio dela. – Vou pegar uma resistência nova. Pelo amor de Deus, vá esperar no seu quarto! – Claire, só tem eu e você acordados agora. Além do mais, não estou te entendendo. Você já me viu assim várias vezes quando éramos mais novos. – É, mas você está diferente agora. – Disse ela, apontando para mim inteiro. – Diferente? – Respirei antes de responder. – Ok, estou indo... – Rendi-me e voltei para o meu quarto, derrotado pela situação.
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