Atração perigosa

Surpresa

Eva

Hoje o dia começou especialmente r**m, o meu irmão estava uma fera por saber que Dimitri esteve no meu escritório. – Devia ter mandado que me avisassem no mesmo momento em que ele colocou os pés aqui! – O rosto dele estava vermelho como um pimentão. – O que foi que eu te falei Eva?

Suspirei, sabia bem que aquela conversa seria muito longa e chata. – Eu estou bem, ele não me arrancou nenhum pedaço, eu dei conta, viu só?

Me encarou com raiva balançando a cabeça negativamente. – Você sabe bem que eu te quero longe dele... Dimitri sabe que as vezes você pode ser um pouco manipulável e ele usa isso contra você, para que faça exatamente o que ele quer! – Carlos tem razão por não me querer nem perto de Dimitri, mas ele precisa aprender a confiar mais em mim.

Eu sei que não consegui manter minha palavra antes, mas agora é diferente, estou certa do que fiz, já fazia seis meses que não o via, talvez esse tenha sido o motivo, consegui ver que não era o fim do mundo, eu posso viver sem ele.

Meu irmão se aproximou de mim e passou a mão carinhosamente no meu rosto. – Sabe que eu só não quero que algo r**m aconteça e você acabe se magoando novamente. – Me prendeu em um abraço. – Você tem se esforçado demais, eu sei que está tentando manter a cabeça ocupada por causa dele, mas isso pode não ser justo com você! É tão nova e bonita, deveria estar aproveitando a vida, saindo, mas está sempre enfiada aqui ou no seu apartamento. – Isso não é verdade, só que ele não sabe disso, e nem precisa saber.

– Sei que você tem suas reservas quando se trata dele, mas eu garanto que estou bem, e que a volta dele não mudou a minha opinião. – Só quero que ele acredite em mim, eu posso e vou ficar bem. – Acredita em mim... ele veio até aqui para me convidar para almoçar e eu recusei... já te falei que eu não quero mais nenhum contato com ele e é exatamente isso que eu farei.

Carlos é um homem difícil de se convencer, ele só consegue acreditar quando vê e nesse caso ele não quer nem ver e nem acreditar, prefere apenas que eu mantenha a distância.

Eu entendo o motivo de ele estar dessa maneira, mas honestamente isso é chato demais. Por sorte, como se já estivesse adivinhando o que iria acontecer, minha cunhada apareceu como um passe de mágica. – Carlos? O que foi que nós conversamos sobre os limites? Eva está lidando muito bem com tudo isso, dê a ela espaço e poderá se surpreender! – Ela sempre acredita em mim, dou muito valor no que Emy faz, por isso me esforço muito para não a decepcionar, já que entre todos ela é a única que me dá um voto de confiança.

– Agora não Emily, sei que você sempre fica a favor da Eva, mas isso não é algo pelo qual você deva defendê-la. – Eu não quero esse homem aqui, se eu sonhar que ele esteve na empresa eu não sei o que sou capaz de fazer Eva. – Ele saiu, espumando de raiva, e minha cunhada e eu ficamos ali, uma olhando para a cara da outra.

– Eu avisei que com relação ao Dimitri não tinha acordo! – Emy conhece bem meu irmão, e eu também. – Vou tentar conversar com ele, vê se não se mete mais em nenhum problema okay? Ao menos até que a poeira baixe. – Assenti.

Fiquei mais um bom tem ali e quando estava prestes a ir embora fui informada de que eu tinha uma visita, suspirei imaginando o pior cenário, Dimitri, mas acabei sendo surpreendida pelo homem que eu vi no restaurante. – É... oi, tudo bem? Em que posso ajudar?

– Tenho um assunto importante a tratar com a srta. – Ele respirou fundo e me estendeu a mão. – Me chamo Gregório Bianchi, temos um problema que eu acredito que é a pessoa certa para resolver. – Apertei sua mão, senti um pequeno arrepio quando nossas mãos se uniram, ele é realmente um homem muito bonito.

– Eu sou Eva, então me diga em que posso lhe ser útil. – Não conseguia imaginar nada que eu pudesse fazer por ele, mas não me custava nada ouvir o que ele tinha a dizer.

Seu olhar profundo se prendeu ao meu. – Creio que seja mais adequado que tratemos disso em outro lugar, um pouco menos formal, o que acha de irmos a um restaurante? – Dei risada.

Ele espera mesmo que eu vá com ele a algum lugar? Eu nem o conheço. – Creio que não haja nenhum problema em ficarmos aqui, eu já estava de saída, quero ir para a minha casa descansar, um restaurante não está em meus planos. – Ele ergueu as sobrancelhas parecendo um pouco surpreso. – Pode prosseguir, o que deseja? – Notei que seu olhar escureceu um pouco, como se algo não muito decente tivesse passado por sua mente, mas confesso que na minha também não tinha nada muito razoável.

– Se prefere dessa maneira... – Ele pegou uma pasta. – Neste documento há um contrato, algo que eu preciso de você, e também seu pagamento, quero que leia e veja se entendeu tudo, se tiver alguma dúvida eu estarei aqui a sua disposição para saná-la. – Passou a pasta para mim.

Dentro estava o tal contrato e um cartão que eu sei que é bem exclusivo. – Está bem certo de que eu irei aceitar, para já ter vindo com tudo assim. Darei uma olhada, se estiver dentro das minhas possibilidades... – Abri o tal contrato e o conteúdo não poderia me surpreender mais.

Ali dizia em detalhes que uma quantia absurda estava naquele cartão, para única e exclusivamente voltar com meu ex namorado, que eu deveria fazer o possível e o impossível para tê-lo de volta. – Isso aqui é alguma piada? – A incredulidade e a raiva na minha voz devem tê-lo pego de surpresa. – Ele te mandou fazer isso? Quanto ele está te pagando por essa palhaçada? – Apontei o dedo na cara dele e cuspi as palavras com todo o ódio que pude. – Avise ao Dimitri que jamais voltarei para ele, que eu prefiro a morte a voltar para ele, estamos entendidos? – Eu não acredito que esse homem teve a audácia de vir até aqui me propor uma coisa dessas, joguei a pasta no colo dele. – Já pode se retirar.

Me levantei de minha cadeira e passei por ele abrindo a porta. – Srta. Navarro creio que não tenha entendido, não estou aqui a mando dele, nem de ninguém, eu vim pela minha irmã. – Olhei para ele ainda mais confusa. – Deixe-me explicar melhor, sou irmão de Hanna, atual namorada do seu ex, e eu não quero minha irmã envolvida com alguém da laia dele... Hanna é apenas uma menina ainda, não tem tanta malicia do mundo, e ele está tirando proveito disso. – Ele estava parado diante de mim. – Ela tem apenas dezenove anos, pensa que está apaixonada, mas eu acredito que tenha ciência de que ele não é uma pessoa que vale a pena.

Dei a ele meu sorriso mais sarcástico. – Quer dizer que você quer salvar sua irmã de um relacionamento r**m, condenando outra pessoa no lugar dela? – Ergui as sobrancelhas dando ainda mais ênfase ao meu estado de espírito. – Dimitri já esteve aqui atrás de mim, e eu fiz o que qualquer mulher deveria fazer, o rejeitei, e não pretendo mudar minha ideia, nem que você me ofereça todo o dinheiro do mundo! Espero que tenha um plano B meu amigo, porque seu plano A não está nem aí para o que você quer.

Ele olhou para mim com um sorriso largo. – Sua aparência não condiz com sua personalidade, você é bem diferente do que eu estava imaginando...

– Lamento decepcioná-lo, mas o que tenho a lhe oferecer nesse caso é apenas desejar boa sorte, porque onde Dimitri está, eu pretendo estar ao lado oposto, alerte sua irmã, é o melhor que pode fazer por ela. – Apontei mais uma vez para a saída, esse dia já tinha sido muito mais estranho do que eu esperava e eu queria que acabasse logo.

– Não decepcionou, estou surpreso, de um jeito agradavelmente bom.

– Bem fico feliz, mas é uma pena que eu não possa ajudar. – Preciso de um banho para esquecer toda a loucura, ele passou por mim e me estendeu a mão para se despedir.

– Um prazer te conhecer Eva. – Me deu um sorriso de abalar qualquer estrutura psicológica. – Espero que possamos nos encontrar novamente, quem sabe em uma situação menos constrangedora... – Sorri de volta para ele.

– Quem sabe... as vezes o mundo parece bem pequeno. – Ele deu alguns passos e eu me senti um pouco mais aliviada, o que ele tem de bonito tem de estranho...

Então eu o vi parar e se virou para mim com um olhar estranho... o que foi agora?