- Magnífico!
- Para! Você fala isso porque é meu irmão, devem servir molhos excelentes no refeitório da sua empresa. - Disse Júlia.
- Que nada mana, é cada coisa insossa que servem naquele lugar. - Respondeu Gustavo. - Bom, agora eu tenho que ir! Se meu chefe chegar antes de mim estou frito.
Ele deu um beijo no rosto da irmã e saiu. Passou como um furacão na sala, esqueceu que tinha algumas obras que levou para revisar, as deixou no sofá.
Júlia se arrumou e pretendia ir para a faculdade, olhou a sala e viu o amontoado de papéis em cima do sofá.
- Ai Gustavo, de novo? - Ela reclamou sozinha.
Ela pegou os papéis e colocou no carro. Chegou no enorme prédio no centro da cidade em minutos, estacionou quase na porta.
- Moça não pode parar aí! - Disse um segurança.
- Eu só preciso entregar isso ao meu irmão, é urgente, prometo que não levo 10 minutos.
Júlia ia falando e andando para dentro da empresa. Ela pegou o elevador até o último andar, viu a recepção ampla e Gustavo na mesa de entrada, atrás dele uma porta de madeira envernizada enorme.
- Mana, você leu meus pensamentos, já ia te ligar.
- Ai Gu, assim não dá! Vou correr já estou atrasada e parei em local proibido.
Júlia desceu no mesmo elevador, passou correndo pela recepção e encontrou uma Land Rover preta a impedindo de sair.
- E agora como saio daqui? - Ela parou e coçou a cabeça.
Com o segurança havia um homem de terno preto, ele gesticulava parecia nervoso.
- Como pôde parar seu caso na minha vaga?
Júlia estava de costa olhando algo no próprio carro. Se virou e viu aquele homem alto com cabelos preto penteado. Ela tremeu e respirou fundo, achou o homem incrivelmente lindo, mas não deixaria ser ofendida.
- Bom dia para você também! Se o dono desse outro carro sair eu posso tirar o meu e liberar sua vaga.
- É incrível como as pessoas não respeitam nada, pode ao menos se desculpar!
- Eu?... Me desculpar pelo o que?
- Pra começar...
- Vai tirar a droga do carro ou não?!
Fábio nunca era interrompido, as pessoas sempre o temiam, por isso quando ele falava sempre estavam de cabeça baixa. Júlia ao contrário, se aproximou e o encarava, ele respirou fundo e acabou inalando seu perfume. Que delícia de perfume... ele pensou.
- Mas é muito petulante mesmo, ainda me interrompe, sabe com quem está falando?
Júlia deu uma risada debochada que na verdade o agradou. - Não faço a mínima ideia.
Ele sorriu, o atrevimento dela era por isso, não sabia que se tratava do presidente do Grupo Diniz.
- Qual seu nome garota?
- Petulante. - Ela disse rindo. - Tire seu carro para que eu possa tirar o meu e acabamos com essa discussão sem fundamento senhor arrogante.
Fábio entrou no carro bufando e deu espaço para Júlia sair. Ela tirou o carro rindo e seguiu seu caminho.
Fábio estacionou e subiu para o escritório.
- Bom dia senhor Diniz! - Disse Gustavo.
- Você acredita que uma louca ficou batendo boca comigo no estacionamento, estou possesso.
- Quem era essa mulher?
- Não sei, ela não quis dizer o nome. Mas deixa pra lá, onde estão aquelas obras que pedi que revisasse?
- Estão aqui senhor! - Gustavo agradeceu mentalmente a irmã por trazer os papéis que ele havia esquecido em casa.
Fábio pegou o pacote e entrou para o escritório.
Enquanto isso Júlia estava na faculdade, chegou atrasada.
- Ju, você já perdeu duas aulas, o que aconteceu? - Perguntou Estela, uma das poucas pessoas que com quem ela conversava.
- Um idiot@ fechou meu carro no trabalho do meu irmão e ainda queria dizer que eu estava errada.
- Hummm, seu irmão não trabalha naquela empresa chique do centro?
- Sim, no grupo Diniz.
- Era que carro?
- Uma Land Rover preta.
- O dono era bonito?
- O que tinha de bonito, tinha de arrogante... Tá realmente um gato o homem, quase perdi o ar quando ele chegou bem perto de mim, mas aí ele abriu a boca e estragou tudo.
Elas riram da situação.
Depois da faculdade Júlia foi pra casa, estava testando uma nova receita, adorava comida apimentada, e passava as tardes livres cozinhando.
Estava limpando a cozinha quando o irmão ligou.
- Ju, tá ocupada?
- Não, estava limpando a cozinha. Sabe que hoje vim sem carro e minha carona já foi, pode vir me buscar?
- Mas está folgado mesmo, né? Chego em 20 minutos.
Júlia dirigiu até a empresa e parou em uma vaga de visitante, não queria outra confusão.
Júlia entrou no elevador e parou para amarrar o sapato, nesse momento alguém também entrou e a porta fechou, quando ela se levantou a luz apagou, antes mesmo de virar de frente. Ela se encostou no fundo do elevador.
Fábio xingou todos os palavrões possíveis mentalmente, ele já havia saido, mas esqueceu o celular e resolveu voltar para pegar.
- Senhorita, pode pegar seu telefone e chamar ajuda? Não estou com o meu. - Fábio disse, apesar das palavras educadas o tom era ríspido.
- Estou sem meu telefone... - Júlia sentia o ar faltar, nunca gostou de lugares fechados, estar presa com um desconhecido era mais que sufocante. Fábio deu um soco na porta de raiva e ela pulou com susto.
- Senhorita, está passando bem? - Ele tentou se aproximar dela, mas não sabia bem onde estava, deu poucos passos, encontrou o braço de Júlia e segurou o braço dela.
- O que está fazendo?
- Só queria me aproximar e te acalmar, percebi que está nervosa.
Ainda segurando o braço de Júlia se aproximou um pouco mais, respirou fundo e sentiu o perfume de Júlia.
- Senhorita, já nos conhecemos?
- Acho que não...
Fábio riu, apesar da voz assustada era a petulante de hoje de manhã, porem ele acreditava que ela não o reconheceu. Se aproximou um pouco mais, colocou os braços um de cada lado dela, como não estava encostando ela não percebeu, sabia que estava perto, então não se mexia por precaução.
- O que está acontecendo? Hoje de manhã estava bem mais falante.
- Ai merd@, o senhor arrogante!
- Saberei seu nome senhorita petulante?
- Não mesmo... Pode continuar me chamando de petulante.
Nesse momento o elevador balançou e Júlia se viu agarrada ao terno de Fábio. Ela não sabia que ele estava tão perto, agradeceu a escuridão, pois agora estava morrendo de vergonha.
- Tem medo do escuro, senhorita petulante?
- Não, mas lugares fechados me deixam sem ar.
- Entendo, se quiser podemos fazer algo para distrair a mente.
- O que está me sugerindo? Não pense que vamos fazer algo?
Fábio riu novamente. - Penso primeiro que poderíamos manter o dialogo, depois, que já pode me soltar.
Júlia ficou vermelha, não tinha percebido que ainda segurava Fábio. Ela abaixou as mãos e se encostou na parede do elevador novamente.
- Uma pergunta, que perfume é esse? - Ele disse e colocou o nariz no pescoço dela. - Realmente inebriante.
Júlia continuava em silencio, sentia faltar o ar e o coração acelerado. A respiração dela se tornou quase ofegante.
- Vou perguntar de novo, está bem?
- Me sinto sem ar...
- Acho que posso ter ajudar nisso.
Fábio a puxou para si com um dos braços e com o outro segurou a cabeça de Júlia, a tomou em um beijo intenso, carregado de desejo, como ele se atreve a tanto? Ficaram se beijando por alguns minutos e pararam quando perceberam que a luz voltou e o elevador estava se movendo.
- Finalmente! - Disse Júlia.
- Pensei que estava gostando. - Fábio disse com um sorriso travesso.
Júlia sorriu, mas não quis admitir que gostou do beijo. O elevador parou e ela olhou em volta antes mesmo de sair, não viu o irmão, então apertou o térreo.
- Não vai sair do elevador? - Ele perguntou.
- Boa noite, senhor arrogante!
- Boa noite, senhorita petulante.
A porta do elevador fechou e Júlia esperou chegar no térreo pedindo a Deus para o elevador não parar novamente. Próximo ao carro o irmão já estava esperando por ela.
- Onde estava mana? Estou aqui faz um tempo.
- Eu fiquei presa no elevador, tive que esperar, nem com meu celular estava pra pedir ajuda.
- Tudo bem, vamos que eu estou morto de cansado.