Bêbado

4658 Words
O som inconfundível de um pássaro somado ao sol forte que estapeou sua face ele já acordou resmungando, mas não abriu seus olhos. Ele só queria dormir, era pedir demais? Se acomodou melhor e fungou se cobrindo melhor com a coberta e se acomodando no travesseiro macio... outro t**a dado pela consciência e ele finalmente abriu seus olhos. Algo pesado descansava em sua cintura e agarrava sua barriga. Ele olhou para baixo e notou ser uma mão seguida por um braço e depois um ombro que eram de Jae. Ele tinha um braço bastante forte, pensou Chen Ren bastante confortável com aquilo quando Jae apertou sua cintura com força lhe tirando o ar. Tentou tirar aquelas mãos, mas um novo aperto o fez paralisar. Sentiu outro aperto e algo cutucou suas costas. "O que poderia ser aquilo?" Pensou ao mover seu quadril para o lado a fim de livrar se do desconforto. Ao mover seu quadril o que quer que fosse aquilo se acomodou rente ao seu traseiro com força deixando Chen Ren paralisado. Uma sensação estranha percorreu seu corpo. Começou na base do pescoço com a respiração do outro e desceu até sua lombar. Moveu novamente para tirar aquilo dali e fingir que não achou a sensação agradável por alguma razão. - Jae - Chamou Chen Ren sem sucesso tentando se afastar –Yanar Jae...que coisa acorda. - Humpf - Resmungou Jae escondendo o rosto nas costas do outro –Jae, isso é sério? – Murmurou Chen Ren ficando estranhamente nervoso. Chen Ren segurou os braços do outro que circundava sua cintura e tentou tirá-lo dali, porém Jae os apertou fazendo ele perder o ar. - Não...consigo...respirar - Gaguejou Chen Ren forçando os pulmões a se encherem de ar. Sua cintura foi solta de repente para sua salvação. Seus pulmões comemoraram trazendo ar de volta. Ren se virou para o Jae agora desperto e confuso. Ele pareceu entender depois que o pássaro cantou novamente e ele arregalou os olhos se afastando com desespero e então se virou para se levantar. Manteve-se de pé e olhou para a fogueira meio apagada. - Bom dia –Cumprimentou Chen Ren sem saber o que fazer, quando propôs dormirem na mesma esteira não esperava que aquilo fosse acontecer. - Bom dia - Respondeu Jae ainda rouco pelo sono que não impediu a divindade de se arrepiar novamente - não queria te m***r. - O que? Hã tudo bem, eu só queria que o incomodo passasse - Disse Ren envergonhado pelo ocorrido. - Incômodo? Não está acostumado a dormir ao lado de algum, não é? – Perguntou Jae coçando a cabeça na qual seu cabelo estava com um r**o penteado clássico torto quase se desfazendo. - Não é isso eu já dormi com outros caras várias vezes - Acalmou Chen Ren que corou ao deixar a frase sair –quer dizer... eu já dormi ao lado de muitas pessoas, já estive no exército, sabe? Bem... é que sua faca estava me incomodando muito. - Minha faca? - Perguntou confuso pegando a dita cuja ao lado da cama improvisada. - Ela não estava com você? Então que ficou me cutucando tanto? - Perguntou Chen Ren inocentemente. - Acho que foi minha ereção matinal... desculpe - Respondeu Jae casualmente enquanto pegava sua faca e colocava a na bainha. - Sua... –Murmurou Chen Renque ficou vermelho como um tomate ao olhar para o volume nas calças justas do outro que não usava o manto já que este o cobria. Jae pareceu notar o olhar e se virou envergonhado e falou que iria ver se haviam pegado algum peixe e que logo zarpariam. Ele se afastou com o pássaro cantarolando animado sobre alguma coisa que Chen Ren queria fingir que não havia ocorrido, pois conseguiu constatar que o mesmo “problema” de Jae estava entre suas pernas naquele exato momento. Mais que droga... desculpe Mahina. Tudo voltou ao normal como se nada tivesse acontecido. Ambos os homens se encaminhavam em direção a Cidade de Misora, onde seria a última parada antes de seguirem para Aiko onde encontrariam o tumulo do amigo de infância de Chen Ren onde quer que poderia estar, mas é claro que Jae apenas disse o nome da cidade. O barco sacolejava a caminho e durante mais dois dias ambos dormiram separados. Jae não comentou nada, mas se manteve longe de certa maneira deixando Chen Ren ainda mais desconfortável de que ele estivesse envergonhado sobre aquilo, mas não comentou. A última passarela de madeira se mostrou perto quando a noite caiu. Seriam apenas 4 hs de escuridão de qualquer maneira então Chen Ren adormeceu sentado no barco sabendo que o outro conduziria bem. Ele se lembrava da última vez em que ouviu sobre a Cidade de Mahina, ela era belíssima. A própria tinha grande orgulho do que seus adeptos haviam construído. Uma bela cidade que deveria reinar com o azul, diziam ser o Lar de Mahina. Sua residência era belíssima. Rios cristalinos. Árvores de prata e Flores Lunária que soltavam moedas. Bibliotecas com sabedorias e conselhos. Um conhecimento desejado e invejado por outros Clãs que a apenas o Clã da Lua o tinha com suas Damas da Noite versadas em magia Lunar, conhecimento de astros e mapas celestiais, lutas, música, artes em geral e gentileza. O que era dito: “A sabedoria de nada serve sem a curiosidade para instigá-la” e ‘Jamais estamos prontos para dizer que tudo sabemos, pois a cada segundo novas descobertas são feitas’ tendo como o Lema: ‘Gentileza, Humildade e Sabedoria’, portanto seria um lugar de tamanha paz interior que qualquer pessoa que entrasse se sentiria em paz e seus problemas se resolveriam ao ter sua mente calma. -Vamos descer – Avisou Jae na passarela e esticou a mão para que o outro saísse rapidamente. -Obrigado – Murmurou Chen Ren aceitando a mão alheia, mas assim que parou ao lado dele, suas mãos continuaram juntas. Jae o puxou na direção da cidade e Ren sorriu pequeno. O calor daquela mão aquecia também seu coração. Porém ao mesmo tempo sentia-se m*l, ele havia sonhado com Si Woo estava de mãos dadas com outro? O sentimento de traição amargou sua boca e ele largou a mão alheia. Jae parou de andar ao sentir o ato, mas não se virou, na verdade arrumou os ombros e continuou a andar como se nada tivesse acontecido. Desculpe Shinzo, pensou Chen Ren sentindo a culpa se rastejar dentro de seu peito. Estava se esquecendo dele e não poderia, não naquele momento. -Misora será nossa última pausa antes de Aiko – Contou Jae esperando no final da passarela com uma expressão indescritível – depois seguiremos reto até a cidade. -Você sabia que Aiko é a cidade Azul por causa das roupas dos habitantes? – Perguntou Chen Ren tentando amenizar a situação em que estavam – é a cor favorita de Mahina... -Parece interessante – Falou Jae com desinteresse. Aquele sentimento que Ren havia conseguido entender o fez murchar. O outro não estava bem com algo e talvez ter retirado a mão de maneira tão abruta sem qualquer motivo, já que ele nem dissera nada pode ter sido entendido de maneira errônea, mas como mudar sua visão? -Você sempre vem a essa cidade? – Perguntou Chen Ren apressando o passo para ficar ao lado de Jae que continuou a andar com os braços nas costas – já que você conhecia o caminho. -Saber chegar a um lugar não quer dizer que eu venha muito aqui, só me lembro bem das coisas, minha memória é excelente – Respondeu Jae sem olha-lo e até andando mais rápido – vamos logo, precisamos encontrar uma estalagem, os caminhos nessa cidade cessam as 5hs da tarde por questão de segurança... a não ser que não se importe com isso. -Segurança em primeiro lugar sempre –Concordou Chen Ren andando ao lado de Jae que balançou a cabeça. Ele abaixou os olhos para o chão e notou que andavam no mesmo ritmo. Seus pés apareciam embaixo das vestias claras. Botas brancas como a lua e ao lado botas negras como a noite. Ao levantar o olhar analisando o que o acompanhava ele constatou o obvio. O penteado torto não existia mais. As roupas não estavam amassadas e sua face parecia normal, sem inchaço do sono e seu andar não era marcado pela posição r**m da noite anterior. Yanar Jae transmitia a cada passo uma imagem de confiança como se soubesse exatamente de o porquê estar ali diferente do que o acompanhava que estava mais perdido que uma criança na multidão... seus olhos vagavam pelos lados e não encontrava nada que lhe fosse familiar. Seria ali Misora? Cadê as árvores prateadas? Rios cristalinos? Suave musica das aulas instrumentais das jovens damas que queriam ser aceitas no séquito de Mahina? -Misora mudou muito ao longo dos anos – Comentou Chen Ren frustrado – tem certeza de que é aqui? Aiko deveria ter influenciado essa cidade, mas parece... -Um lugar devastado pela guerra – Interrompeu Jae em tom sério – a mesma deixou muitos desabrigados e feridos, falidos e desesperados, as pessoas se mudaram por não conseguirem pagar nada, as árvores que diziam ser de prata foram cortadas até a raiz e transformadas em objetos para venda, mas das raízes não cresceu mais nada, olhe para frente e me diga o que vê Chen Ren apenas ficou de boca aberta. Aquele era Misora que ficava próxima a Cidade de Aiko que era conhecido por ser a segunda cidade mais bela e prospera? Mas que agora não passava de um lugar devastado pelos homens? Ruas sujas e ar pesado? Olhares estranhos e perigosos? -Não saia daqui, vou ver se há uma estalagem por aqui que seja no mínimo decente – Avisou Jae já se afastando do outro que só pode concordar enquanto olhava em volta transtornado. Como poderia? 500 anos... tantos séculos então por que estava tão surpreso com as mudanças? Ele realmente esperava que tudo permanecesse bem? Algumas coisas pareciam estranhas. Como aquela senhora jogando Flores de Lunária fora, como ela não sabia que na Lua Cheia aqueles círculos planos se transformariam em moedas? Ji-hye quase o batendo por ter falado ‘Mahina’? porém Jae não se importava quando ele falava coisas assim o que não fazia nenhum sentido. Distraído ele continuou a olhar sem focar em nada até que vê ao longe uma mulher ser agarrada e mesmo que gritasse ninguém a ajudava. Havia pessoas que andavam mais rápido e outras que observavam sem dizer nem fazer nada como se aquilo fosse comum. Ele então avançou em sua salvação. Empurrou o homem que a segurava. -Por favor não faça esse tipo de coisa – Pediu Chen Ren sentindo algo nas costas e ao espiar por cima do ombro ele percebeu que ela não era boa, na verdade mostrou uma adaga para ele. Ela sorriu para o outro homem que debochou de seu ato sincero de ajuda. Ele estava sendo ameaçado. Aquilo já era demais para ele aguentar. A raiva queimou em suas veias e o céu fechou quando ele apertou as mãos em punhos. O homem que riu com deboche empalideceu diante dos olhos antes claros agora negros como a noite. Ele viu Jae ao longe, mas sua presença pareceu inflar ainda mais aquilo que Chen Ren tentava manter controlado. O poder que se movimentava como uma tormenta em seu interior e que agora atingia o ápice, afinal, Chen Ren era o Filho de Mahina. Era a Divindade do Eclipse e sendo ele tal não conseguia entender como conseguia manter o equilíbrio com algo tão intenso. Ren olhou para a adaga e riu com deboche. Ele conseguia sentir que estava em casa e em sua casa ninguém o ameaçaria. Sem um segundo para a mulher pensar ele segurou o pulso alheio e seus olhos tornaram-se brancos como a Lua. Sua boca se abriu em um grito silencioso e Ren a soltou de repente impactado. O ódio voltou a aclamar quando um sentimento de satisfação acariciou seu ego. Ele havia cedido novamente a aquilo que era... Por que ele o fizera? Usara seu poder sobre um humano dessa maneira? A mulher estava paralisada na mesma expressão para então ela cair de joelhos e tatear o chão em pânico. -Eu não vejo nada – Gritou ela desesperada tendo o homem a amparando. A divindade olhou ao redor em pânico e viu Jae observando em silencio entre as pessoas, mas assim que notou ter seu olhar ele passou por elas e o cobriu com seu manto. -Segurem ele – Gritou o homem segurando o manto de Jae que se virou o encarando - ... Per-perdão... O homem o soltou rapidamente e colocou a face no chão em respeito. Ren estava me choque então não notou como cada pessoa se encolheu e até deram um passo para trás. Ele voltou se para o outro com as mãos tremulas e o tirou dali. Em uma estalagem rudimentar, cabia apenas uma cama pequena e uma mesa posicionada na vertical assim como a cama. Jae o colocou na cama e se agachou a sua frente tirando uma mecha n***a da sua bochecha molhada pelas lagrimas que caiam em completo silencio. Ren murmurou alguma coisa que o outro não ouviu o fazendo tocar o queixo alheio e o levantar a fim de ler os lábios. Os olhos escuros de Jae varreram a face entristecida. Os olhos de Ren estavam úmidos de lagrimas e ele fungou antes de tirar seu queixo da mão alheia. -A mulher disse que vai trazer um jantar daqui a meia hora – Avisou Jae vendo o outro concordar. Ren permaneceu calado em um canto do colchão. Encolhido abraçando os joelhos e murmurando coisas desconexas, foi quando Jae desistiu de apenas ver que a batida na porta foi ouvida. Chen Ren estavam em transe, quebrara a maior regra de uma divindade, mas não se sentia m*l de forma alguma e era isso que mais o machucava, não sentir remorso pelo que fizera. ‘Ele se levantou e foi pegar a comida a colocando em cima da cama. Olhando dentro das tigelas ele sorriu pequeno. Tangyuan muito bem feitos, o cheiro era delicioso. Não esperava menos... -Ren está com fome? – Perguntou Jae para o homem ainda parado no canto. Sem aviso ele andou sobre a cama e segurou Ren nos braços o levantando com delicadeza e violência que até aquele que foi segurado acordou do transe e o encarou surpreso. Sem lhe dar tempo para pensar Jae o colocou na ponta da cama e arrastou a mesa até ele mostrando a comida que pareceu ser negada pelo outro, mas Jae não se daria por vencido. -Se você não comer pode passar m*l – Comentou Jae colocando a colher na tigela e deixando a pequena bola branca já pronta para comer -Eu a deixei cega – Interrompeu Ren tristemente – eu acabei de cegar alguém por vontade própria, eu quis isso... Ele não chorou... Na verdade lagrimas rolavam sem som nenhum por suas bochechas rosadas. Sentia como se fossem lagrimas sem emoção, pois não era de real tristeza pela moça e sim por não conseguir se convencer que o que fizera foi errado. Era como tentar se convencer de que o que fez é errado, porque acredita nisso e não que sentia isso. Jae que se segurava desistiu novamente e se moveu para se sentar lado do outro e o abraçou apertado o deixando chorar ali. Ren era o tipo de pessoa que não gostava de machucar as outras pessoas, mesmo que tivesse mais do que capacidade de banhar o mundo em sangue e mortes ele se recusava a causar dor a qualquer pessoa então tê-lo feito foi algo que o machucou muito. -Eu sou um monstro? – Perguntou Ren não passando de um sussurro contra a roupa de Jae. -Monstros não tem consciência de que erraram – Tranquilizou Jae acariciando a cabeça do outro que pareceu se acalmar aos poucos – e você precisa comer. -Não quero – Retrucou Ren escondendo seu rosto no peito alheio. -Senão comer eu também não vou – Falou Jae sabendo que o outro não deixaria que passasse fome e foi confirmado quando Ren resmungou alguma coisa e olhou para ele. Jae estava sentado com ele nos braços. Ren tinha sua cabeça em seu peito e o olhava de baixo ainda indeciso. Nada parecia entender como havia chegado a isso, mas nenhum deles queria se separar. Jae tocou a bochecha de Chen e ele corou levemente antes de começar a se aproximar lentamente. Ele se apoiou na mão entre o braço e o corpo de Jae, com um equilíbrio ele ficou a centímetros do outro. As respirações se misturavam e os batimentos cardíacos se igualavam... -Com licença – Gritou alguém do outro lado d aporta fazendo ambos se afastarem, um constrangido e outro enfurecido indo abrir aquela porta – senhor... Perdão... Hã... Trouxemos a bebida... A pessoa sorria amarelo diante do olhar perigoso que recebia. Um brilho nos olhos escuros o fez dar um passo para trás e parar na parede que não era muito longe. A apenas um metro de distância. Ren se levantou da cama e se enfiou embaixo do braço de Jae que o havia apoiado na porta. Ele viu o moço e sorriu simpático. -Boa noite, sobre a bebida acho que não pedimos – Falou Ren ficando ao lado de Jae que não desviou o olhar do funcionário – e não vamos pagar por isso. -É por conta da casa – Exclamou o moço rapidamente oferecendo a garrafa com ambas as mãos que Ren as pegou encontrando os olhos assustados do outro – você é? -O que? – Grunhiu Ren confuso com a pergunta. -Nada, desculpe atrapalhar a lua de mel, com licença – Soltou o homem praticamente correndo pelo corredor. Jae fechou a porta quando o outro passou novamente por debaixo do seu braço e foi se sentar no mesmo lugar. A porta se fechou, mas ele viu que o funcionário conversava com a mulher, esta sorriu suspirando com calma. Bajuladores, pensou Jae se virando para o outro que deixara a garrafa no canto do quarto. -Se quiser beber, fique a vontade, eu não bebo – Explicou Ren sentindo errado de alguma forma. Ren pegou a colher a colocando na boca e soltando uma exclamação. O sabor era marcante e delicioso. Fez um sorriso brotar em seus lábios. -Que... Delícia... – Fungou Ren soltando a comer ainda mastigando. -Você tem cara de que não bebe – Comentou Jae sentando se em frente a Ren que franziu o cenho – você tem um ar de... Como posso dizer? ‘Uma pessoa que não quebra regras’. -Eu já quebrei muitas regras, não preciso quebrar outras – Retrucou Ren pegando a colher com as bolinhas brancas recheadas de pasta de feijão – vamos comer e dormir, sair daqui logo cedo, preciso ver meu melhor amigo. -Que regras já quebrou? Foram com esse amigo? – Questionou Jae pegando uma bolinha branca na colher e colocando na boca com bastante calma. -Sim – Riu Chen Ren – Si Woo era de longe alguém que não era capaz de resistir a um lugar silencioso e calmo, ele não podia nem saber onde era que já começava seus planos de causar naquele lugar. -Como o que? – Incentivou Jae animado ao se apoiar na mesa e ver o outro esquecer do incidente e sorrir largo com as lembranças. -Os pais dele eram difíceis, que a Senhora Tae não me ouça, mas ela era muito chata – Contou Ren rindo baixo e pegando a colher – teve uma vez que se não me engano era o aniversário de 16 anos dele, ele recebeu inúmeros brinquedos e livros, muitos presentes em comemoração, mas todos tinha a seguinte mensagem quase como se tivesse sido copiado e colado, ‘Em nome de toda família o parabenizamos por mais um ano, esperamos que futuramente muitos acordos sejam firmados entre nós’, quem manda esse tipo de bilhete para um adolescente? Seus pais nem se importaram, então, Si Woo sendo aquele que eu conheço decidiu naquele dia começar a guerra contra seus pais. -Você me parece nem um pouco triste com isso – Brincou Jae olhando de longe a garrafa que Ren ao notar a puxou e lhe entregou. -Já disse, se quer beber, beba, mas continuando, eu fiquei preocupado com meu amigo, mas eu tinha a mesma idade e eu sempre o seguia a onde quer que ele fosse então não me julgue – Rebateu Ren terminando a comida e colocando o prato de lado. -Não julgo – Murmurou Jae se servindo da bebida pelo gargalo depois de limpá-lo com a manga da roupa – não cabe a mim fazer isso. -Exato então não volte atrás quando souber o que ele fez, Si Woo pegou todas as maquiagens da mãe dele, eram muito caras, era tudo o que sabíamos, nem sequer sabíamos como suar, mas isso não era importante. Ele pegou tudo e levou para um Pavilhão quase na saída da cidade, lá deixamos tudo e ele pediu para chamarem uma mulher e ela apareceu... – Continuou Ren salivando com a lembrança. -A amante – Exclamou Jae com maldade ao colocar a garrafa na mesa e ver o outro esticar a mão na direção dela enquanto continuava a falar. -Sim – Comemorou Ren levando o gargalo até os lábios e engolindo um pouco sem nem mesmo notar – ela apareceu e ficou confusa, claro, quem não ficaria com dois adolescentes bem na frente dela? Ela perguntou se estávamos ali para algo chamado ‘trabalho’, mas Si Woo era rico por que ele trabalharia? Mas enfim... Ele mostrou as maquiagens e disse, pasmem, ele tinha apenas 16 anos... ‘Estes são presentes do meu pai especificadamente para você, Senhorita’... Ele estava todo serio então ela acreditou já que ela sabia de sua existência... – Contava Ren bebendo a cada pausa um gole grande e seu sorriso ia ficando cada vez maior e mais estranho como se a inocência que o fazia brilhar sumisse deixando um brilho quase sádico – ela amou, maquiagens caras demais até para a maioria das mulheres dali, ela as levou e nós voltamos... Me lembro que rimos muito por alguma razão... Si Woo fingiu não saber de nada quando a mãe dele perguntava... Porém todos descobriram uma hora, foi a primeira e única vez que o vi apanhar por alguma coisa... Mas Si Woo não chorou, na verdade, ele riu, porque sabia que ela não poderia ir atrás de seu tesouro, ela amava mais aquilo que o próprio filho, então, ele sentou... Olhou para ela, nos olhos... Sorriu largo... E disse ‘Eu apenas presentei a mulher que passa mais tempo com o meu pai e que segundo o que me ensinaram deveria ser a minha mãe’... Jae viu a garrafa ser largada ao lado da mesa completamente vazia e um Ren um pouco bêbado depois de quase 800 ml de puro álcool. Seus olhos castanho claros como chocolate transmitiam o licor neles além do cheiro adocicado que ele exibia ter ficado mais forte. Flores Damas da Noite eram muito cheirosas, mas naquele momento era inebriante. Ele sorria relaxado e feliz, mas seus olhos não se afastavam de Jae. Ele se apoiou na mesa deixando o cabelo liso preto sair por seus ombros. Moveu a boca em um biquinho vermelho devido ao álcool e riu. -Ele disse mais alguma coisa, não é? O que aquelas mulheres do Pavilhão disseram a eles e como ele respondeu? – Questionou Jae sério vendo o outro pensar colocando o indicador em seus lábios para silenciá-lo. -Elas achavam que nós tínhamos ido atrás de ‘trabalho’, mas era ‘trabalho s****l’ – Sussurrou Ren corando, mas não parando de falar – ele ficou bravo mesmo que eu nem tenha me importado, mas ele disse ‘Eu não preciso vir aqui, a única pessoa com quem vou fazer é com Ichigo’, porque eu sou seu Morango Branco com marcas vermelhas. Chen Ren sorriu largo demonstrando sua felicidade pura com a memória e repentinamente perdeu a consciência. Se não fosse pelo reflexo de Jae ele possivelmente acordaria com um g**o na testa já que sua cabeça pendeu para frente e caiu na palma do outro. A bochecha foi acomodada na palma e Ren sorriu com o carinho involuntário que tinha na pele.   Ele acordara nos braços de Jae que o apertava em seus braços. Era o sentimento de segurança que não o deixava se afasta, mas ele levantou a cabeça naquele quarto escuro mesmo com o sol lá fora no seu ponto mais alto. A face de Jae estava sereno e se assemelhava ao paraíso. O queixo bem marcado diferente do delicado que era o de Si Woo. A mão dele segurava sua cintura, as mãos de ambos se pareciam, pensou Chen Ren se aconchegando naquele abraço caloroso e confortável. Se passaram poucos minutos ou horas quando ele voltou a abrir os olhos e dessa vez doeu bastante o obrigando a se encolher. A cortina estava afastada e a claridade queimou seus olhos e martelou sua cabeça que ressoava apenas uma coisa. Ressaca. Ressaca, quem diria que Divindades tinham ressaca? Pois bem, Chen Ren tinha e eram horríveis já que ele sentia sua cabeça prestes a explodir quando a luz se foi e a dor diminuiu. Abriu seus olhos apenas um pouco tentando entender onde estava ao perceber que estava sozinho. O que havia ocorrido? Não se lembrava muito do que havia ocorrido, mas se lembraria em algum momento. A amnesia era temporária e logo viria como um t**a. Tinha até medo de se lembrar, pois suas roupas cheiravam a álcool o que o preocupou muito. A porta se abriu lentamente sem fazer som e por ela passou Jae com uma bandeja. Ele parou ao vê-lo acordado e sorriu. Infelizmente a escuridão e a dor de cabeça impediram de apreciar esse momento. -Trouxe algo para o estomago e a dor de cabeça – Sussurrou Jae fechando a porta e indo deixar a bandeja na mesa. Chen Ren se arrastou até a comida ainda embolado nas cobertas e fungou o cheiro delicioso do que reconheceu na hora. Karê Raisu, o prato favorito de Si Woo. Sorriu ao lembrar de como o amigo sempre enlouquecia com aquela comida tão simples que o próprio Chen Ren sempre comeu, era algo tão diferente das refeições caras que ele sempre comia, mas preferia comer algo que Ren comia ao invés de peixes. -Se está sorrindo quer dizer que se sente melhor? – Murmurou Jae se sentando ao seu lado e trazendo o prato para si – espero que esteja bom. -Você gosta disso? – Perguntou Chen Ren experimentando e sentindo o sabor marcante do molho com arroz – é um prato pouco conhecido. -É revigorante e meu amigo comia muito, ele me apresentou isso mesmo que ele não entendesse bem do porquê eu gastava tanto, mas eu gostava porque era algo relacionado a ele e sempre que eu comesse me lembraria dele – Contou Jae com emoção na voz antes de voltar ao tom sério de sempre – vamos esperar a ressaca passar para continuar, podemos ir amanhã. Depois comeram uma refeição bem forte de arroz, um molho de carne com batata e cenoura cozida. Um reforço bem-vindo para alguém que estava faminto e com dores de cabeça, mas Chen Ren não ficou acordado, pois adormeceu depois e sentiu que Jae se deitou ao seu lado. Não sabia se ele havia dormido, mas sabia que ele se manteve ali o tempo todo o abraçando de vez em quando. Toda vez que ele começava a ficar alarmado com as lembranças da ‘Guerra das 1000 estrelas’ elas o perseguiam todos os dias. Ele não falava sobre, mas as jogava para o fundo da mente a mesma que agora estava o castigando da pior maneira. Com lembranças traumáticas.
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