Capítulo 5

1250 Words
Nathanael caminhava preguiçosamente ao lado de Lohan, que estava com a mesma expressão pensativa desde o início da manhã. O garoto de olhos dourados nem sequer se deu o trabalho de perguntar ao amigo o que estava acontecendo, sabia que, sempre que ele ficava daquele jeito, tinha a ver com Emilly. Haviam saído da última aula antes do almoço, Nathanael nunca prestava tanta atenção em nada, no fim,aqueles assuntos eram um tanto quanto irrelevantes para ele, sendo quem era. — Não vai perguntar mesmo? — questionou Lohan, cansado do olhar inquisidor do amigo. — Perguntar o quê? — Nath perguntou, encarando-o de uma forma que ele sabia que pressionaria o amigo a falar o que estava havendo, contudo, pareceu não funcionar. Parou ao lado de seu próprio armário, arrumando os cachos castanhos com certa irritação, visto que os fios insistiam em cair em seu rosto, e suspirando pesadamente. Apesar de fingir constantemente que não, ele se importava com o amigo e sabia que estava em uma péssima situação há meses. — Sabe que não precisa disso, não é? — ele tentou, uma última vez naquela tarde, fazer Lohan se abrir de uma vez, porém, novamente, falhou. — Tá tudo bem, cara... Dito isto ele se foi, deixando-o parado encostado no armário. Nathanael sempre se considerou muito bom em ler pessoas, por isso, sabia que algo não estava certo, que havia algo além de um simples incômodo ou nervosismo por conta do jogo, só não sabia o que estava deixando seu amigo tão cabisbaixo. Ao longe, viu Emmy jogar-se nos braços do namorado, que a recebeu com a mesma animação de sempre, ou seja, quase nenhuma. Apesar de se incomodar, ele havia concluído que aquilo não era da sua conta, Lohan sabia se cuidar muito bem sozinho, não necessitava de uma babá, apesar de, às vezes, parecer justamente o contrário. Deixando seu amigo de lado, decidido a esquecer o assunto. Nathanael seguiu seu caminho pelo corredor em direção a saída, precisava estar no ginásio em dez minutos, o treinador havia o chamado para uma reunião breve e, só então, estaria liberado para seu almoço. Odiava compromissos marcados em cima da hora, o irritavam, mas ele era seu professor, então não havia como recusar de fato. Caminhava sem pressa apesar de perder o precioso tempo do seu intervalo, porém, seu caminho foi interceptado por algo molhado, grudento e de cheiro doce que sujou sua roupa completamente. Quando ergueu os olhos, deparou-se com a novata, pálida e com os olhos arregalados, segurando um copo vazio nas mãos. Nathanael notou que os cabelos dela pareciam mais alinhados, emoldurando o rosto pequeno e de traços delicados. A expressão do moreno se fechou e, apesar de considerar aquilo uma besteira, estava irritando-se com as aparições repentinas da garota em toda parte, ela parecia estar em todos os lugares às vezes. — Por acaso você perdeu os olhos em algum lugar? — perguntou, fazendo Zara encolher os ombros, intimidada com o tom dele. — Desculpe... Só estava indo para minha sala — sussurrou, abaixando a cabeça e escondendo o copo atrás das costas, como se aquilo apagasse sua culpa no cartório. — Você é um desastre, garota — ele resmungou, m*l-humorado, seguindo o caminho e tentando melhorar o estado da blusa. Caminhava apressadamente em direção ao banheiro masculino, sua expressão fechada já era algo comum para aqueles que conviviam com ele, por isso, quando passou por dois garots que também seguiam para o ginásio, não foi alvo de piadas e brincadeiras, afinal, ninguém gostaria de lidar com um Nathanael estressado logo pela manhã. Tinha plena consciência de que aquela garota o irritava com frequência, mas atribuiu tal irritação ao fato dela lhe soar tão familiar. Seus traços o lembravam de alguém que ele não conseguia identificar, e não saber das coisas o deixava nervoso e estressado. Zara seguiu pelo corredor, jogando o copo vazio no lixo e o olhando tristemente, era a segunda vez que não conseguia conferir se o sabor do milk-shake estava realmente gostoso. Enquanto subia as escadas, passou por Lohan, que a parou assim que a viu. — Se eu não a achasse tão gentil, ia jurar que estava se escondendo de mim ou me evitando — ele disse, erguendo as sobrancelhas e observando as reações dela, que pareceu bastante envergonhada. — Mas posso perdoar se for ao jogo amanhã, não aceito recusas. A fala dele surpreendeu Zara, que de fato estava o evitando. Desde o almoço em que conversou com Yun e Eliz sobre Lohan, a morena decidiu que o melhor a fazer era não se aproximar dele, não queria atrair mais confusões ou ficar sob a mira de Emillya, que parecia não gostar dela desde o início, mas estava ignorando sua existência atualmente. Contudo, ser descoberta daquela forma a deixou envergonhada demais para formular uma desculpa coerente. — Eu não... — ela iniciou, sendo interrompida pelo garoto, que colocou o dedo em riste contra os lábios dela, a deixando vermelha como um pimentão e com o coração acelerado. — Sua amiga vai se apresentar na torcida, se não quer aceitar meu convite, pelo menos vá prestigiá-la — ele insistiu, a encarando com um meio sorriso. — Se vencermos, você pode vir comemorar com o time, suas amigas podem vir junto. Lohan nem sequer deu um tempo para que ela reagisse, sorriu levemente e lançou a ela uma piscadela, saindo rapidamente e assumindo uma expressão mais fechada assim que virou as costas, seguindo para o andar de baixo. Zara ficou paralisada por alguns instantes, sentindo as bochechas quentes e o coração acelerado. Depois de perceber o quão i****a parecia ficar ali plantada, ela seguiu, tentando esconder o riso bobo nos lábios. Não sabia como lidar com tal sentimento, nem com tudo o que ele despertava, culpava sua falta de interação com garotos por todas essas sensações e reações que soavam tão esquisitas para ela. Enquanto descia, pensou que agora entendia o que disseram a ela certa vez, sobre borboletas no estômago. Caminhou sem pressa pelo corredor até chegar ao quadro mediano de avisos que havia perto dos armários. A morena parou frente a ele, aproveitando o corredor vazio para olhar por um longo tempo o objeto que tinha as bordas em madeira crua e um fundo verde vibrante que chamava tanta atenção quanto os bilhetes, o que lhe parecia contraditório. Presos ao quadro, haviam vários panfletos, porém, só um deles chamou a atenção da Jinn. A gênia ainda estava na empreitada para conseguir um clube no qual se encaixasse, não sabia cantar ou dançar, pensou no clube de culinária, mas lembrou que não conhecia muito sobre a culinária americana e isso poderia ser perigoso. Então, enquanto olhava para o quadro, o folheto fez seus olhos se iluminarem. Tinha um tom verde que quase o fazia passar despercebido, as letras eram grandes e quadradas, ao lado do nome "clube do livro” havia alguns livros empilhados e uma carinha feliz. Zahara puxou o folheto com cuidado, tentando não rasgá-lo no processo, então olhou a descrição do clube e o local. Pouco teve contato com qualquer coisa da cultura humana, porém, a literatura sempre a fascinou. Começou devagar, no entanto, ao passo que crescia, passou a perder-se por longas horas nos livros que encontrava pelo palácio de seu pai. Desse modo, decidida, girou os calcanhares e caminhou em direção a secretaria, já sabendo em qual clube gastar suas horas complementares. *** Não esqueçam de deixar seus comentários, corações e de me seguir no i********:: @autora_evy
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