Emilly estava possessa, mas não sabia direito dizer o porquê.
Sentada no banco do carona do carro de Lohan, sua mente fervilhava em ideias. Ela queria que Zahara voltasse para o buraco de onde havia saído, estava de saco cheio da novata que parecia roubar os holofotes onde quer que fosse.
Não que Zara tivesse, de fato, tirado algo da loira, porém ela sentia que sim e isso somente já bastava.
Quando o carro parou frente a grande mansão, a casa do prefeito, a loira se virou para seu namorado, apoiando a destra sobre a coxa dele e inclinando levemente o corpo em sua direção, deixando um beijo na bochecha do rapaz, que encolheu os ombros levemente, na tentativa de se afastar.
— Você sempre foi assim, seco — reclamou ela, unindo as sobrancelhas e o encarando com certa irritação. — Francamente, Lohan, você sabe que qualquer um dos garotos do time iriam querer estar no seu lugar, por que não pode ser um pouquinho mais receptivo? É tão difícil assim gostar de mim?
— Emmy, por favor, não começa — ele falou, suspirando pesadamente e revirando os olhos.
Lohan não tinha paciência para isso, não mais, mas também não tinha outra opção, não uma que não fosse tão arriscada, afinal, Emmy tinha algo para usar contra ele e Lohan não se sentia corajoso o suficiente para enfrentá-la, não ainda.
Claro que Emillya estava frustrada, cansada, na verdade. Sabia desde o primeiro momento que ele não gostava de fato daquele relacionamento, mas seguiu o conselho de sua mãe: “Homens mudam de ideia muito rápido, Emmy, dê o seu melhor que ele irá amar você”. Repetia isso para si mesma desde o primeiro ano do ensino médio, quando começaram a namorar. Depois de três anos, tudo em sua vida estava perfeito, ela tinha amigas, popularidade, beleza e um namorado incrível para todos, menos para ela.
Mas não havia tempo para construir outro relacionamento perfeito, tinha suas maneiras de prender Lohan à ela até que acabassem a escola, ter seu baile de formatura do jeitinho que sonhou e deixar a vida do colegial para trás, sem nenhuma mácula, para se tornar uma universitária perfeita.
Sem paciência para maiores discussões e diante da recusa dele em demonstrar o minimo de carinho, a loira abriu a porta do carro saindo do veículo e batendo-a com força, caminhando em direção aos grandes portões que davam acesso aos jardins da mansão. Quando os seguranças o abriram, Emmy seguiu pelo jardim, caminhando sem sequer olhar para trás. Quando chegou à porta, ouviu o carro arrancar e seguir pela rua, sumindo de vista.
Suspirando pesadamente, ela empurrou a grande porta de madeira, abrindo-a e passando pelo luxuoso hall de entrada. Adorava sua casa, desde que seu pai se tornou o prefeito de Corning, há bastante tempo, moravam ali regados a todo luxo que a vida poderia dar. Chegou à sala de estar e encontrou sua mãe lendo um livro qualquer, deitada no sofá usando somente um roupão acompanhada por uma taça de vinho.
Imaginou, no mesmo momento, que seu pai havia saído em viagens, afinal, dona Amberty nunca ficava menos que elegante quando seu marido estava em casa, para ela, a aparência feminina deveria se manter sempre perfeita, pois era a melhor ferramenta para o sucesso. Emmy tinha o mesmo pensamento, não admitia menos que a perfeição em qualquer área da sua vida.
— Boa noite, mãe — falou, assim que passou pelo sofá, tocando o pé da mulher, que abaixou o livro para olhar para a filha.
— Seu pai viajou para NY, volta só na semana que vem. Como foi a apresentação? — a fala de Amberty não mostrava tanto interesse, depois de falar, ergueu novamente o livro.
Mesmo com a fala pouco interessada, Emmy se sentou no braço do sofá, olhando para a mãe por alguns instantes, eram muito parecidas a única coisa que as diferenciava de fato era a passagem do tempo e os olhos, sua mãe tinha claros e brilhantes olhos azuis, quase acinzentados.
— Foi ótima, fomos perfeitas! — falou com um grande sorriso, recebendo nada além de um “que legal” como resposta. — Lohan também marcou muitos pontos o time foi classificado.
— Isso é muito bom, seu pai precisa animar os eleitores, se o time ganhar um campeonato, podem competir pela cidade no nacional, isso daria uma ótima visibilidade — comentou a mulher, erguendo a destra para pegar a taça e bebendo um gole.
dito isto, Amberty voltou a ler e, erguendo o livro mais que a última vez, escondeu todo o rosto, dando um sinal para a filha de que a conversa havia acabado. m*l havia conversado dez minutos, mas Emillya tentou não pensar nisso, simplesmente se ergueu e, seguindo para as escadas, seguiu para seu quarto.
Depois de um bom banho, ela se deitou em sua cama e só então, voltou a se concentrar em seus pensamentos e, novamente, eles voltaram-se para Zahara Grant. A loira levou as mãos ao travesseiro e o pegou jogando-o contra o próprio rosto enquanto tentava sufocar sua crescente irritação. Lembrou-se de como a noite inteira foi focada na pequena garota e em como as pessoas facilmente voltavam a atenção para ela, inclusive suas amigas, que m*l sustentaram uma conversa com Emillya naquela noite.
— Eu a odeio! — falou, batendo as mãos contra a cama com força. — Quero que essa garota suma!
Enquanto se remoía em raiva e, no fundo, inveja, algo brilhou na cabeça da garota. Sua mente se iluminou com uma ideia que, certamente, satisfaria seu desejo de inferiorizar a garota para se sentir melhor. Emmy retirou o travesseiro do rosto e se levantou, pegando o celular e mandando uma mensagem para Lohan, marcando um encontro com ele na tarde seguinte.
Sabia que, certamente, o loiro iria se recusar, porém, ela tinha seus meios para convencê-lo a colaborar com o que, em poucas horas, planejou.
“Assim todos perceberão a gentinha que ela é e a esquecerão” pensou ela. “Mesmo que, para isso, eu precise inventar uma mentirinha.”
{...}
Lohan sabia que nada de bom vinha de um encontro repentino com Emillya, e quando adentrou a lanchonete e a viu já sentada à mesa, teve a certeza disso. Diferente dele, que usava uma camisa preta e lisa e um jeans igualmente escuro, Emmy estava elegantemente vestida com um vestido rose, seus cabelos loiros estavam perfeitamente alinhados e uma tiara igualmente rosada os afastava do rosto. Batendo a perna insistentemente, seus saltos faziam um irritante barulho no chão, que chegavam aos ouvidos dele denunciando que a garota estava impaciente.
— O que você quer? — indagou, se sentando sem sequer se aproximar, estava essencialmente amargo ultimamente, mas a loira parecia não se importar muito com isso.
Emmy suspirou, levando a colher de sorvete até a boca, havia pedido uma grande taça, vez ou outra, se dava ao luxo de empanturrar-se de algo tão rico em açúcar. Não enrolou, inclinou o corpo em direção a ele, apoiando a destra na mesa e erguendo os olhos claro para o loiro a sua frente.
— Preciso de um favorzinho, querido — falou, com um tom excessivamente meloso tocando a mão dele com carinho. — Tem relação a Grant.
Os olhos verdes captaram a recusa imediata por parte do loiro, porém, logo em seguida, ele suspirou levemente, relaxando o corpo e movendo os ombros, claramente nervoso.
— Por que eu faria isso? — ele perguntou, passando as mãos nos cabelos claros para aliviar o estresse. — É tão fútil a esse ponto? Me usar para realizar mais um de seus caprichos?
Emmy ficou ainda mais irritada. Sabia que seu namorado não concordaria de primeira, principalmente porque se tratava da garota simpática e queridinha por todos. Mas ela também sabia que só precisava pressionar nos lugares certos.
— Sabe o que falam de mim por sua causa? Por causa das suas mentiras? — Lohan se sentia sufocado, não sabia quanto tempo poderia sustentar aquela situação, mas tentava todos os dias.
Sabia que precisava, que não era tão simples como os outros faziam ser. Apesar de não concordar com Emilly em muitas coisas, ele também entendia que certos acontecimentos marcariam seu ensino médio, sabia que o esporte era sua única chance de ingressar numa universidade de renome, por isso, precisava ser impecável.
Emmy não precisava nem abrir a boca, deixava que a mente de seu namorado o condenasse, sabia que ele concordaria com ela mais cedo ou mais tarde, mas, naquela tarde, foi mais cedo do que ela esperou.
Enquanto ela o encarava, Lohan tentava resistir ao medo e ao nervosismo, sabia que, por hora, Emmy o tinha nas mãos, mas não por amor. Ele suspirou, fechando os olhos e assentindo, ouvindo Emmy pular de alegria e o abraçar. Porém, ao notar sua expressão fechada e fria, ela revirou os olhos, o soltando de uma vez.
— Não haja como se fosse algo tão terrível, é só uma brincadeirinha — falou ela, tentando minimizar a situação. — Você nem vai ter uma participação muito grande — continuou, se aproximando e apoiando as mãos nos ombros dele, sorrindo. — É só para ela voltar pelo mesmo caminho por onde veio...
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