O Misterio Da Vida

531 Words
O mistério da vida Os cientistas ainda não conseguiram chegar a um consenso sobre a origem da vida. Mas descobertas estão trazendo revelações surpreendentes sobre o assunto Quem passa diariamente pela avenida Paulista, uma das mais movimentadas de São Paulo e do país, já deve ter notado. Bem ali, no mínimo espaço que restou entre os granitos do meio-fio, brotam diariamente pequenas plantas que ameaçam esparramar-se pela avenida, aproveitando falhas na pavimentação. E não é só lá que a vida irrompe num ambiente aparentemente hostil. Na Quinta Avenida de Nova York, símbolo da civilização de concreto, uma flor conseguiu recentemente desabrochar em meio à fúria do tráfego, da indiferença humana e da poluição. Improvável, não? Imagine agora outro cenário: a inóspita região do fundo dos oceanos, um mundo de águas ferventes e envenenadas por compostos sulfúricos, o cádmio e o arsênico liberados pelo magma, o coquetel de metais liqüefeitos que jorra das camadas profundas do planeta. Enfim, um verdadeiro inferno com temperatura acima dos 400 graus centígrados, calor suficiente para extinguir em pouco tempo a fauna e a flora de toda a superfície terrestre. Mas acredite: mesmo aí, é possível encontrar colônias de estranhos micróbios que se alimentam de substâncias altamente tóxicas, seres que estão na tênue linha que separa a vida da não-vida. No outro extremo do termômetro, nas águas gélidas das regiões polares, amostras de gelo retiradas do fundo do lago Vostok, na Antártida, também revelaram a presença de inúmeros microrganismos, derrubando assim o antigo consenso dos cientistas de que nenhum tipo de vida poderia prosperar em local tão frio e carente de nutrientes. A vida, enfim, é mais resistente do que se imaginava. Mesmo assim, é provável que nem sempre tenha havido vida no Universo. Em algum momento, isso que chamamos de vida surgiu. Mesmo parecendo tão natural, os cientistas ainda estão longe de chegar a um consenso quando o assunto é a origem da vida. Afinal, séculos de pesquisas não foram suficientes para que alguém conseguisse reproduzir, em todos os seus detalhes, as condições reais da Terra primitiva. “A mais complicada máquina inventada pelo homem não passa de brinquedo diante do mais simples organismo”, escreveu o biólogo americano e prêmio Nobel de medicina George Wald. “A maior dificuldade está na minuciosa ajustagem de uma molécula na outra, proeza que não está ao alcance de nenhum químico.” O que é vida? Descrita nos dicionários como “um conjunto de propriedades graças às quais animais e plantas se mantêm em atividade”, as definições da vida até hoje sempre foram genéricas. Na linguagem da maioria dos cientistas, a melhor definição de vida continua sendo a de um sistema químico auto-sustentado capaz de uma evolução darwiniana, por mutação aleatória. Traduzindo: uma combinação de substâncias que, em algum momento, conseguiu uma forma particular de se replicar, mudar e evoluir dando origem a todas as espécies vivas – como previu no século 19 o naturalista inglês Charles Darwin. “Mas essa explicação é também limitada”, diz o pesquisador Arnaldo Naves de Brito, do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron, em Campinas (SP), atualmente envolvido em um estudo avançado sobre a formação dos “tijolos da vida”, como são chamados os compostos orgânicos mais simples.
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