"Oi Mike.", eles cumprimentaram.
"Como foi?"
"Nada demais. Depois que ela deixou as crianças na escola, elas tiveram um dia normal. É frustrante não podermos entrar, porém. E é impossível analisar todas as pessoas que entram no prédio. A equipe da escola é uma coisa, mas depois há todos os pais dos colegas de classe deles."
"Dois homens adultos armados com equipamento tático podem não ser bem-vistos em um ambiente escolar."
Os outros riram. Seu chefe certamente tinha influência se quisesse usar, mas por enquanto ele queria que eles mantivessem a distância. Não estava tão r**m agora, mas já era fim de novembro e o inverno estava chegando.
"Isso mesmo. Nem podemos patrulhar o perímetro sem chamar atenção. A única ação foi no recreio. Os meninos são bons jogadores de basquete. E a mãe?"
"Ela está trabalhando desde que chegou.", disse Mike. "Recebendo pedidos, limpando mesas. Apenas uma garçonete comum."
"É, normal. Isso é estranho, não é? Por que o chefe estaria interessado em uma família comum? No princípio, pensei que poderia ser um anel de informações secretas, mas..."
"Você quer dizer como um intermediário de informações?"
"Algo assim. Quero dizer, seria bem fácil para as crianças passarem bilhetes na escola ou até mesmo para uma garçonete transmitir algo enquanto serve."
"Você lê muitos romances.", Mike balançou a cabeça.
"Sem dúvida. Você viu o último que ele estava lendo?", perguntou o motorista. "Qual era o nome mesmo? The Foxglove Files por Rosemary Thomas ou algo assim."
"Hei, esse é um ótimo livro e, de acordo com a apresentação do autor, eles passaram mais de um ano trabalhando em uma escola para garantir que as informações estivessem corretas. Sabe como é, a verdade é mais estranha que a ficção."
"Eu suponho... talvez um de nós devesse dar uma olhada.", disse Mike.
"Sem contato. Lembra?"
"Eu não vou fazer contato. Só vou pedir um café e observar de perto o que ela está fazendo."
"Eu não sei..."
"Se eu tirar meu casaco e coldre e entrar vestido normal, eles nem vão perceber. Quer dizer, eles são apenas civis."
Os outros trocaram olhares. "Tudo bem. Vamos nos mover mais abaixo na rua. Dois SUVs idênticos vão chamar atenção."
Mike deu de ombros. Parecia que eles estavam preocupados à toa, mas não importava. Assim que pudesse observar os alvos mais de perto, ele descobriria o mistério que os cercava. Ao voltar para o outro veículo, explicou a situação ao seu parceiro antes de tirar sua jaqueta e coldre do ombro. Depois de tirar essas peças, ele pegou uma camisa larga para vestir por cima da camiseta. Para esconder o fone de ouvido, ele o tirou da orelha e o enfiou na gola da camisa. Quando terminou, ele parecia como qualquer outro civil na rua.
Com um aceno para o seu parceiro, Mike atravessou a rua e entrou no restaurante. Ao deixar a porta fechar atrás dele, a mulher à qual tinham sido designados para vigiar passou ao seu lado com os braços carregados de quatro pratos.
"Olá. Sente-se onde quiser. Já vou atendê-lo." Ela continuou até uma cabine com dois casais. "Um hambúrguer sem tomate; sanduíche de frango; filé de peixe e suíço com cogumelos."
Ela colocou os pratos cuidadosamente na frente da pessoa apropriada. Ninguém ofereceu ajuda, apesar da natureza precária da entrega, mas ela parecia acostumada.
Mike seguiu na direção oposta e escolheu a cabine em frente ao trio de crianças de dez anos. Seu olhar percorreu a mesa, observando os livros didáticos abertos e os problemas de matemática com um olhar rápido, enquanto se sentava. O restaurante tinha um plano de piso longo e estreito. Havia um longo balcão na frente, com banquetas e cabines alinhadas na parede. Do outro lado, ele se abria para incluir algumas mesas, mas neste lado, permanecia apenas um corredor estreito entre as cabines.
"Tudo bem, vamos lá.", a mulher chegou um minuto depois com uma xícara e uma jarra. Ao despejar uma xícara de café para ele, ela também lhe deu um cardápio. "Aqui está. Açúcar e creme estão na mesa. Vou dar alguns minutos para você decidir."
Mike agradeceu baixinho enquanto ela já estava a caminho de sua próxima mesa. Ele a observou enquanto ela recolhia os pratos terminados, pegava a gorjeta e a limpava com habilidade. Era claro que ela tinha realizado essas tarefas por anos.
"Posso pegar uma recarga?" um cliente ergueu uma xícara.
"Claro.", ela disse, pegando a jarra do prato quente e enchendo a xícara sem perder o ritmo.
Mike examinou o simples menu de duas faces, encontrando muitas opções de comidas tradicionais de feira e fast food: na maioria, fritas ou grelhadas. Não havia nada moderno, mas esse tipo de menu também era bastante nostálgico. Na verdade, o próprio restaurante, com a decoração de interiores remetendo aos anos cinquenta, seria bem familiar para quem tivesse vivido naquela época. Ele não tinha a intenção de pedir nada, mas agora um pequeno empilhado de panquecas parecia bom.
"Ok, o que posso te servir?" a mulher retornou, tirando seu bloco de pedidos e lápis.
* * *
Alexis, Sean e Theo trabalhavam silenciosamente em seus estudos da escola. Na verdade, eles não tinham muito o que fazer, mesmo que seus professores lhes dessem aulas aceleradas. Desde cedo, sua compreensão era claramente avançada para suas idades. Resolver cálculos matemáticos complexos em suas cabeças era uma tarefa simples e seu nível de leitura era muito mais elevado que o de seus colegas. No terceiro ano, um professor os repreendeu por não prestarem atenção e eles tiveram que explicar que não estavam prestando atenção porque já sabiam as respostas.
Não acreditando neles, o professor os fez fazer uma prova de habilidades básicas para alunos da quinta série e eles passaram sem uma única resposta errada. Depois disso, eles fizeram uma série de testes e ficou claro que eles precisavam de um aprendizado acelerado. Embora o trabalho escolar deles ainda não fosse muito desafiador, pelo menos era ocasionalmente divertido.
Alexis ouvia enquanto o programa de computador lia uma lição sobre o antigo Egito. Em frente a ela, Sean batucava seu lápis, mas não era por tédio. Era código morse. Eles aprenderam anos atrás e isso permitia que eles trocassem mensagens sem falar.
"Dê uma olhada no cara ao nosso lado. Acho que ele não é um cliente normal."
"O que te faz dizer isso?" Theo bateu de volta.
"Ele está prestando muita atenção em tudo mais. Como se estivesse investigando o lugar ou esperando alguém se juntar a ele, ou então está observando alguém."
"Quem você acha que seria?"
"Eu não sei. É hora de jantar. E ele está sentado de forma que pode observar quase todo o restaurante de uma vez."
"Bem, há uma maneira simples de descobrir.", digitou Alexis. "Theo, fique de olho nele. Quando algo chamar a atenção dele, tussa. Sean, observe o restaurante. Quando Theo tossir, note quem está se mexendo."
"Bom plano."
Os irmãos agiram conforme o planejado. Alexis, cega, não podia ajudar, mas concentrou sua atenção no estranho homem que seu irmão apontou. Ela notou que o perfume dele tinha um cheiro distintamente de hortelã. Não conseguia cobrir completamente o cheiro de cigarro e tequila, o que queria dizer que ele tinha alguns vícios que estava tentando disfarçar. Ele estava sentado de forma quieta enquanto comia suas panquecas, então ela sabia que ele não estava particularmente nervoso ou propenso a inquietação. Isso significava que ele era confiante, talvez até mesmo treinado. Um observador treinado, talvez até um profissional?
Theo tossiu. Alguns minutos depois, ele limpou a garganta. Ele fez isso mais uma vez antes de pegar sua bebida, enquanto esperavam pelos resultados de Sean. Eles sabiam por experiência que três vezes era o suficiente para estabelecer um padrão que os outros notariam, então era importante mudar os sinais depois disso.
"Ele está observando a mãe."
"Você tem certeza?"
"Sim. Ela foi a única pessoa que se mexeu todas as vezes."
"Por que ele estaria observando a mãe?"
"Eu não sei."
"Garantam que vocês dois memorizem como ele é. Precisaremos ficar de olho nele no caminho para casa."
"Entendido."
"Pelo menos a caminhada para casa não será entediante."