Capítulo Sete

1494 Words
"Senhor Prescott." Silas estava com pressa, mas parou quando um de seus subordinados se apressou para alcançá-lo. Já fazia dois dias desde que Thomas foi enviado para localizar a empregada, e ele estava começando a perder a paciência. Por mais que tentasse mantê-la controlada, sentia que seu controle estava escorregando lentamente. Mas ele não podia se dar ao luxo de perder a calma no trabalho. Por enquanto, ele tinha que manter as aparências de que nada fora do comum estava acontecendo. "Senhor... Eu estava me perguntando se você entrou em contato com DaLair sobre Tomlinson?" "Eu fiz. Ele me assegurou que não estão interessados na Tomlinson Tech." "Então isso deve reduzir drasticamente a concorrência pela aquisição." Silas acenou sem interesse em especular mais. Embora qualquer aquisição pudesse expandir sua própria empresa para novos mercados, Tomlinson era, em última análise, um ganho pequeno se eles tivessem sucesso. E ele tinha preocupações maiores. Quando Thomas encontraria logo a empregada? Ele precisava saber a verdade. Era Ava naquele quarto? As crianças eram realmente dele? "Senhor Prescott." Silas virou-se para ver Thomas se aproximar. Se aproximando, Thomas sussurrou, "Ela está aqui." "Com licença." Silas dispensou seu primeiro interlocutor e seguiu Thomas sem dizer mais nada. Thomas o levou ao seu escritório, onde as persianas estavam fechadas para garantir privacidade. Ele conduziu Silas até lá, onde uma mulher um pouco acima do peso estava sentada em um dos sofás. Ela usava um uniforme de empregada cinza. Seu cabelo preto comprido e liso estava preso atrás da cabeça e descia por suas costas. Mexendo-se nervosamente em seu assento, ela ficava lançando olhares para o homem que estava ao lado do sofá. À primeira vista, ele parecia estar ali para sua conveniência, caso ela precisasse de algo, mas na verdade ele estava a vigiando, impedindo-a de sair antes da entrevista com o empregador. O cenho de Silas se franzia. Sua memória de dez anos atrás estava, admitidamente, confusa, mas ele tinha certeza de que a mulher em sua cama tinha cabelos castanhos ondulados. Ou sua mente estava pregando peças nele porque ele queria que fosse assim? Olhando para Thomas, ele se aproximou avançando em direção à área de estar. O guarda ficou rígido em posição, acenando com a cabeça para ele. A empregada torceu-se em seu assento, observando nervosamente sua aproximação. Silas sentou-se em frente a ela, estudando sua convidada. Ela mantinha os olhos baixos, obviamente acostumada a ser ignorada e desconfortável sob escrutínio. Sua pele era levemente bronzeada e, como seu nome sugeria, era de descendência hispânica. Nada disso importava para Silas enquanto ele a comparava silenciosamente com sua memória. Elas tinham altura semelhante, mas isso era tudo. Não importava como olhasse para ela, simplesmente não combinava com a mulher de sua memória. "Senhorita Lopez." Silas disse, fazendo-a estremecer. "Você tem ideia do porquê de estar aqui?" "Não.", ela balançou a cabeça. Ela falou inglês claramente, sem nenhum sinal de sotaque. Com isso, ele podia supor com segurança que ela não era uma imigrante recente. Possivelmente até mesmo de segunda ou terceira geração de cidadã, se quisesse arriscar. "Há dez anos, você trabalhava no Conrad. Lembra disso?" "Eu trabalhava em muitos hotéis." Isso não era nem uma ostentação nem uma evasão. Era a simples verdade de qualquer posição de atendimento ou varejo, em que o lugar de alguém constantemente estava ameaçado. Uma reclamação de um cliente, seja justa ou não, poderia significar o fim do emprego deles e sujeitá-los aos perigos do desemprego. Pessoas com características étnicas evidentes eram frequentemente alvo de clientes excessivamente arrogantes e Natalie não era diferente, então seu currículo tendia a ser extenso. Ela não podia dizer que nunca estava errada, mas não era fácil atender às expectativas de pessoas que as estabeleciam sem o menor cuidado com a realidade e o que era impossível. "Eu estou interessado somente em um. Vou refrescar sua memória.", disse Silas, enquanto Thomas colocava uma pasta em sua mão e tirava uma cópia do cheque que ele havia escrito. "Há dez anos, você descontou esse cheque. Lembra de onde o encontrou?" Natalie engoliu em seco, dizendo: "Sinto muito. Minha mãe estava doente. Precisávamos do dinheiro. Eu... encontrei-o no quarto... ninguém parecia sentir falta." "Vá devagar. Você o encontrou no quarto?", perguntou Silas, já na beira de seu assento. "Sim. Eu estava limpando. E uma mulher saiu correndo do quarto. Ela estava chorando. Entrei depois que ela saiu e encontrei o cheque. Guardei-o, mas ninguém pediu e precisávamos do dinheiro. Eu... eu vou te pagar de volta." "Isso não é necessário." Silas negou com a cabeça. De alguma forma, não ficou surpreso com essa notícia, mas isso o deixou com uma sensação de vazio, porque isso significava... "Eu não me importo com o dinheiro. Gostaria de saber sobre a mulher. Você se lembra de algo sobre ela?" "Eu nunca vi o rosto dela claramente.", respondeu Natalie. "Ela era baixa. Cabelo castanho. Minha mãe costumava dizer que ela tinha o cabelo bonito. Acho... que ela era bonita." "Seria capaz de identificá-la se visse uma foto?" "... Talvez? Não tenho certeza. Só a vi por um momento." "E quanto a essas?" Silas espalhou quatro fotos que Thomas havia preparado. Uma delas mostrava Ava, e as outras três eram de mulheres aleatórias com características semelhantes. Todas eram fotos espontâneas tiradas na rua. Natalie inclinou-se para frente, mordendo o lábio. Ela balançou a cabeça enquanto debatia consigo mesma. Finalmente, ela separou duas fotos e as estudou mais cuidadosamente. "Acho... talvez essa?" Ela escolheu uma foto. Silas tentou esconder sua reação ao vê-la escolher: Ava. Apesar de sua escolha hesitante, ele não pôde deixar de interpretá-la como uma confirmação de suas suspeitas. Um vazio se abriu em seu estômago. O que ele havia feito? "James vai levá-la de volta.", disse Silas finalmente. "Obrigada." Ela ficou claramente confusa, e ele não a culpava. Certamente, não era todo dia que alguém simplesmente perdoava uma dívida de US$ 100.000. "Oh, Srta. Lopez... como está sua mãe agora?", perguntou Silas. "Ela está bem." "Que bom. James." O homem que a estava protegendo a acompanhou educadamente até a saída. Silas recostou-se em sua cadeira, tentando controlar as batidas rápidas de seu coração. Ava... Era Ava o tempo todo... A mulher que ele ansiava, procurava... e ele a havia afastado com suas próprias palavras. "Não sei se ela pode ser considerada uma testemunha confiável... mas pelo menos sabemos que ela não era a pessoa no quarto.", disse Thomas, observando-o atentamente. "... Era a Ava...", sussurrou Silas. "...Meu Deus, era a Ava o tempo todo..." "É estranho que ela nunca tenha tentado entrar em contato com você.", comentou Thomas. "Não deve ser fácil criar três filhos sozinha, especialmente quando um deles tem necessidades médicas complexas." "Ela não iria... não depois do que eu disse a ela.", Silas se levantou, caminhando até a janela com vista para a cidade. Ele passou a mão pelos cabelos. Ele era pai... pai de três filhos. Passara dez anos procurando a mulher dos seus sonhos, e ela estava debaixo de seu nariz o tempo todo e, pior, ele foi quem a afastou. Como ele não a reconheceu? Ava! "Silas? Silas!" Thomas tentou chamar sua atenção. "O que você quer fazer?" "Nossos homens ainda estão vigiando ela?" "Sim. Eu coloquei uma equipe para observá-la e outra para observar as crianças." "Mantenha-os em seus postos." "Certo." Silas cerrou os punhos, desejando desesperadamente socar algo, mas não tinha ninguém além de si mesmo para culpar. Tudo isso era culpa sua. Dez anos atrás, Avalynn Carlisle simplesmente desapareceu. Houve rumores e fofocas de que ela havia se envolvido em um escândalo, mas Silas imediatamente os ignorou. Ava simplesmente não era esse tipo de mulher... talvez sua irmã fosse, mas não Ava. Apesar de todas as indiscrições de Marilynn, ela continuava sendo a filha querida de Carlisle. Por que então Ava foi deserdada? Nada disso fazia sentido. Nunca lhe ocorreu que ela mudaria de nome e tentaria continuar sozinha com três filhos. Mas foi isso que ela fez. Ela estava lá fora, a menos de um quilômetro dele, e ele não sabia. Ava. "Qual é a condição ocular da Alexis?", perguntou ele. "... Ela não disse. Acho que ela não nasceu assim, então provavelmente é uma condição degenerativa que piora com o tempo.", disse Thomas, embora fosse apenas um palpite. Prontuários médicos são particulares, então eles não teriam acesso a menos que Silas reivindicasse seus direitos de custódia... pelo menos legalmente falando. "É um ponto de partida. Pesquise sobre isso. Se houver uma maneira de devolver a visão à minha filha, quero saber." "Não temos nem um teste de paternidade em mãos... tem certeza de que é sábio reivindicá-los?" "Você duvida que eles sejam meus?" "Além do fato de que os meninos se parecem muito com você... essa garota... ela é definitivamente sua filha com essa atitude dela. Não, eu não duvido." "Preciso trazê-los para casa... mas como? O que posso dizer a ela ou a eles para compensar o que eu fiz?"
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