Destino

469 Words
Dafne estava sentada à mesa quando Dionísio acordou.Ele apareceu na cozinha já de banho tomado. — Por que não estava na cama? — perguntou, a voz rouca, irritada. Ela manteve os olhos no café. — Porque não iria dormir em uma cama suja. Dionísio olhou para ela, depois para o corredor que levava ao quarto. — Cama suja, Dafne? Ela não respondeu. Às vezes tinha a impressão de que ele bebia tanto que esquecia o que fazia — ou fingia esquecer. Em certas manhãs parecia outra pessoa, mais calmo, quase arrependido, que ela chegava a ficar confusa, mas ela sabia que pessoas narcisistas agiam exatamente assim e tinha as marcas no corpo para provar, nem sabia quantas surras tinha levado.. — Pode me dar um remédio pra dor de cabeça? — perguntou, coçando a nuca. Dafne levantou-se sem discutir. Era melhor assim. Irritá-lo era o mesmo que provocar uma tempestade. Pegou o comprimido e um copo d’água, colocou diante dele com cuidado. — Não me lembro do que fiz ontem. Ela o olhou, sem esconder o desprezo. — Por que sempre finge que não lembra, Dionísio? Ele balançou a cabeça , como se tive meio perdido. — Não me lembro de tudo que acontece quando bebo, Dafne, é isso. __ Então devia para de beber. Ela se preparou para sair dali, mas foi agarrada e beijada. Dafne se soltou com força, empurrando-o pensou que seria arrastada para o quarto, mas não foi. — Não me toca. Dionísio a olhou por um instante, depois desviou o olhar, irritado. — Deve ser por isso que eu bebo… porque você me faz mendigar por s£xo.. Inferno, podia ser mais compreensiva, assim, não bebia e não fazia besteira.. __ A culpa não é minha, não é , e odeio você com todas as minhas forças. __ Tem o mundo a seus pés, e amo você.. Ele gritou com o punhos cerrados.. Ela se encolheu, esperando o golpe. Mas dessa vez não houve agressão. Ele apenas pegou o paletó, vestiu e saiu sem olhar para trás. O som da porta batendo surgiu como alívio. Dafne correu para o andar de cima, se trocou, pegou a toalha e foi até a piscina. Precisava respirar, se sentir viva, mesmo que por minutos. Mas não estava sozinha.Um dos seguranças, postado na torre de vigilância, observava cada movimento. Ela se sentiu exposta, vigiada, nua de liberdade.Saiu da água às pressas e voltou para o quarto.Ao ligar a televisão, o noticiário interrompeu o silêncio. Na tela, o rosto que ela nunca esqueceu. “Nero Stavros, o homem conhecido como o rei do submundo grego, será libertado dentro de uma semana após cumprir oito anos de prisão.” O coração de Dafne disparou. Nero estava voltando. E ela sabia que nada — absolutamente nada — voltaria a ser como antes
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