Capítulo 11 PATRÍCIA NARRANDO: Todo mundo tem uma história. A minha começa no interior de Minas, num bairro pequeno onde as casas têm quintal, as vizinhas sabem da sua vida antes de você mesma, e a palavra mais usada no fim de tarde é cafezim. Eu sou Patrícia. Vinte e um anos, filha de mãe solteira, criada com muita força, pouco dinheiro e um amor que não cabia nem na casa, nem no peito. Minha mãe, a dona Neide, foi a mulher mais brava e mais doce que eu já conheci. Criou sozinha uma filha quando todo mundo jurava que ela não ia dar conta. Trabalhava lavando roupa, fazendo faxina, o que aparecesse. Nunca vi minha mãe reclamar da vida, mesmo quando tudo parecia errado. Ela só dizia: — Deus não dá fardo pra ombro fraco, minha filha. Cresci ouvindo isso. E foi com essa frase martelando

