Capítulo 26 ARTHUR NARRANDO Terminei de me vestir em silêncio. Camisa social preta, jeans escuro, relógio no pulso. Tudo no lugar. Tudo no modo automático. Enquanto ajustava o cinto, escutei a voz dela vindo do sofá, mansa, meio sussurrada: — Fica pro almoço, vai… Tava pensando em pedir alguma coisa gostosa pra gente comer. A gente escolhe junto… sei lá, um j**a, uma massa… o que tu quiser. Olhei pra ela. Tava ali sentada, ainda enrolada no lençol, o cabelo bagunçado, a pele marcada… e aquele olhar esperançoso, disfarçado atrás de um sorriso leve. Mas eu vi. Vi que no fundo ela queria mais. Sempre quis. Suspirei, terminei de colocar a carteira no bolso de trás e caminhei até a porta. — Hoje não vai dar, Val. — falei, sem rodeios. — Tenho umas pendências pra resolver. Coisa da empr

