Capítulo 01

2314 Words
Mattew Assim que chegamos em casa fui direto para o meu quarto, banhei e vesti uma roupa leve, desci as escadas e esquento a lasanha no microondas. Sinto mãos geladas rodearem minha cintura e sorrio me viro. — Vamos comer Tete? — Vamos, tô morrendo de fome! — Rimos de sua fala e colocamos os pratos na mesa já com a lasanha.— Mas mudando de assunto, quando é o aniversário do seu pai mesmo? — Amanhã a noite - Revirei os olhos.— Você vai comigo,né? — Claro que vou, estou louco para ver a tia Lilian e o Tio Louis.— Respondeu animado.—Não entendo por que odeia tanto a ideia de ir ao aniversário do seu pai... — Você sabe Terry, ele vai encher meu saco dizendo que devo casar com o filho do líder da máfia colombiana.—Suspirei cansado.—E sempre que ficamos no mesmo ambiente, o meu irmão e ele vivem lembrando do...— Fui interrompido por Terry. — Não precisa falar o nome dele, Mat. — Obrigado, odeio tocar nesse assunto. — Mas enfim, qual roupa usaremos no aniversário do tio? — Mamãe vai querer que a gente vista roupas da nova coleção dela.— Respondi voltando a comer minha lasanha. — A tia Lilian tem as melhores coleções, a de outono foi épica! — comentou sorrindo.— Aa...Estou tão animado! — Que bom que você está, pois eu não. — Para de ser um chatonildo, Mat! — exclamou bravo por minhas falas.— Quem sabe lá a gente não encontra um boy mágia, né? — É, tem razão.....Mas o meu irmão morre de ciúmes de mim e de você, duvido se teremos a chance se paquerar ou ser paquerados. — Arrumaremos um plano, a China não é um país pequeno. — Sorriu convencido.—Quero ver ele nos achar; — Você falando assim, até parece que não conhece o Mickael, aquele garoto é um pé no saco. Qualquer dia eu vou rolar no soco com ele, tô te falando. — Quero estar presente para gravar, seria uma cena maravilhosa! — Tu não presta!— Ri e neguei com a cabeça.— Eu terminei de comer, você já? — Sim. Levantei da cadeira e fui até o local em que Terry está e peguei o prato sujo dele, pus na pia e comecei a lava-los. [...] Já são 19:37 da noite, depois do almoço eu e Terry ficamos assistindo filmes, inclusive quero dizer que a Aurora no filme Malévola 2 é muito burra, mas voltando para o que interessa, agora estamos arrumando nossas malas. Amanhã viajaremos para a China, o papai vai fazer 46 anos amanhã, e minha mãe ligou dizendo que a nossa presença é importante em um momento tão alegre na vida dele. Mas cá entre nós, eu não iria se não fosse pela empolgação do Terry e a voz chorosa de minha mãe. Chegando lá, tenho quase certeza de que a mamãe, o papai e o meu irmão irão encher meu saco dizendo que eu e Tete deveríamos voltar a morar com eles lá na China. Terminamos de arrumar nossas malas e nos jogamos em minha cama, olho para o lado e vejo meu melhor amigo sorrindo feito bobo para o teto. — Por que está tão sorridente senhor Terry? — Sorri malicioso.— Por acaso está feliz porque vai ver o Mickael? — Óbvio que não, eu e o Mick somos apenas amigos! — Tá bom, me engana bem muito viu. — Vai ligar para o senhor Sang-hun? - Me olhou. — Sim, quero me despedir dele nem que seja por celular.- Falei e bocejei. — Ah sim, eu falei com ele quando você estava no banho hoje mais cedo. — Entendi.... — Você acha que ele está bem e que a cirurgia vai dar tudo certo? — Perguntou em um tom quase inalditivel. — Eu realmente não sei Tete, mas espero que dê tudo certo. — Sorri tranquilizador. — Vamos dormir? — Tão cedo? — É, eu tô cansado e acredito que esteja também. — É...Eu tô um pouco cansado. Desligamos as luzes e deitamos na minha cama, enrosquei minhas pernas na cintura de Tete e o mesmo gargalhou. Fechei meus olhos e logo dormi. [...] Amanheceu e eu acordei sem ânimo algum para viajar, já Tete está extremamente Feliz. Estamos arrumados esperando a moça anunciar o nosso vôo. Finalmente o nosso vôo é anunciado e caminhamos para o local de embarque, entramos no avião, e na primeira classe já que a minha mãe quem comprou as passagens. [...] Foram exatamente 4 horas e 52 minutos de vôo, chegamos aqui em Pequim, China. Meu coração acelerou de uma forma que realmente não consegui explicar. Tete deve ter percebido minha tensão e o meu nervosismo. — Ei, segura a minha mão —Estendeu a mão e eu a segurei.— Se sente melhor agora? — Sim, obrigado. Recebi um aceno dele e caminhamos para fora do aeroporto, já aqui fora começo a procurar algum ponto de táxi, mas paro assim que vejo um carro preto se aproximar.- Isso é obra da mamãe - Entramos no carro e o motorista nos cumprimentou e logo começou a dirigir. Após alguns minutos de viagem de carro, chegamos em frente a mansão Jung. Saímos do carro e dois seguranças pegaram nossas malas, o sorriso de Tete está tão grande que até me assustei quando olhei para ele. — Vamos entrar. — Quebrei o silêncio. Entramos na mansão e olho para todos os lados analisando cada cantinho do lugar no qual passei a minha adolescência. Sorrio de canto e me assusto quando a voz estrondosa e alegre de meu irmão ecoa pelo local. — Eles chegaram, mãe! — Oii Mick!!— correu até o meu irmão e pulou nos braços dele, entrelaçando as pernas na cintura dele. — Oii Tete! —Respondeu sorridente e meu melhor amigo desceu do colo dele.— Dê uma voltinha! — Meu melhor amigo deu uma voltinha e parou de frente para Mickael.— Está tão lindo!! — Você também! — Você me dão diabetes!— Quebrei o clima e revirei os olhos — Cadê a mamãe? — Oi pra você também Mat! — Responda a pergunta que eu fiz. — Estou aqui.—Minha mãe apareceu descendo as escadas enquanto sorria.— Estão mais lindos do que nunca! — Passamos apenas um ano longe mãe.—Falei e abracei ela.— Como está? — Bem meu filhote, mas e vocês? — Estamos bem tia Lilian! — respondeu e abraçou minha mãe.— Está tão linda, senti saudades. — Eu também meu bem.— Falou e direcionou o olhar para mim.— Já falou com seu irmão pelo menos Mat? — Não, até porque ele nem se deu o trabalho de vir me abraçar. — Então me abraça seu dramático! — Mick caminhou até mim e me abraçou.— Estava com saudades de você caçula. — Também senti saudades de você irmão. O nosso momento de irmãos é interrompido pela voz já conhecida por mim, a de meu pai. — Meus filhotes, estava morrendo de saudades! Sinto o olhar de todos, menos de Terry, sobre mim. Me controlo para não revirar os olhos e sorrio simpático. — Oi pai, também estávamos com saudades de você. — Sorri novamente.— E aliás, parabéns! Está ficando velho em. — Ah obrigado meu filho! — Parabéns tio Louis! — Terry correu todo animado até meu pai e o abraçou com vontade.—Amanhã podemos disputar no ping-pong pra ver se você ainda está em forma! — É claro querido, e fique sabendo que não deixarei você ganhar uma sequer!—Sorriu. — Bem, eu vou banhar. Você vem Terry? — Ah não, depois eu vou. — Ok, até mais tarde família — Virei as costas sem esperar algum deles falar algo. Subi as escadas um pouco rápido e andei pelo corredor onde as fotos da família estão penduradas nas paredes brancas, passo meus dedos pelos quadros e sorrio ao lembrar de cada momento. Meu sorriso desaparece quando vejo a foto do meu ex namorado junto a mim na parede - Isso só pode ser brincadeira - Tiro o quadro da parede e fico observando por alguns minutos. Me assusto quando a voz doce de minha mãe se faz presente no ambiente, largo o quadro na mesinha e volto a minha postura normal. — Eu sei que ainda o ama,meu filho.— Sorriu de lado e eu franzi a testa.— Pode fingir que odeia ele, mas eu sei que o ama tanto que seu coração chega a doer quando lembra dele. — A dor é uma consequência do amor mãe, mas não vou ser fraco, não depois daquele término. —Suspirei ao lembrar da noite —Passei a não confiar em alfas como ele. — Algumas pessoas falam que quem confia, tem uma vida boa e feliz. Veja eu e seu pai, confiamos um no outro e por isso estamos juntos à vinte e dois anos. — Desculpa, mas eu não confio no que "algumas pessoas" falam.— Fiz aspas com os dedos e minha mãe me olhou séria.— Sabem o que eu passei, então deveriam parar de falar que eu deveria confiar nele. Talvez ele tenha uma esposa ou até filhos, mas isso não importa, eu e ele não temos mais nada. — Vocês eram jovens meu filho, jovens fazem coisas sem pensar. Agem por impulso e em muitas das vezes não possuem certa maturidade o suficiente para dizer "desculpa eu errei" ou "Eu prometo não errar mais". — Eu também era jovem e nem por isso eu fui na casa dele as nove horas da noite no dia do nosso aniversário de 3 anos de namoro terminar com ele, e dizer coisas que eu tinha certeza de que o machucaria, jogar a aliança no chão e virar as costas e sair mesmo depois de ouvir um "Se sair por essa porta nunca mais voltei a me procurar".— Limpei as lágrimas que caiam sem parar — E sobre promessas, ele quebrou todas elas no dia em que me deixou. — Filho eu não.... — Tá tudo bem mãe, só preciso banhar e fazer como você sempre faz depois de brigar com o papai, fingir que nada aconteceu e sorrir. Me virei e caminhei para o meu quarto, deixei a porta entreaberta para quando o Terry quiser entrar eu não precisar abrir, vi minhas roupas todas arrumadas no closet e agradeci aos deuses por não ter que arrumar. Entrei no banheiro e me despi, pus a roupa suja na cesta de roupas sujas e entrei no box, liguei o chuveiro com a água morna e encostei minha esta na parede gelada. Começo a chorar desesperadamente e tiro a gilete do barbeador, penso um pouco e enfim começo a fazer cortes em meu braços, cortes fundos e outros rasos. Depois de aliviar a dor que estava sentindo, saio do chuveiro e visto um roupão, vou até o closet e pego um pijama branco com desenhos de flores sorridentes e coloridas. Pego meu celular e deito na cama, lembro que na noite passada não liguei para o senhor Sang-hun e decido ligar para ele. Aperto no contato dele e ligo, depois de chamar duas vezes ele antendeu. — Alô? — Alô senhor Sang-Hun, eu liguei para saber como você está. — Minha voz saiu chorosa. — Eu estou bem, sua voz está chorosa minha criança. O que aconteceu? — A mi-minha mãe ela...—Não consegui responder e voltei a chorar. — Oh, não chore minha criança....Já sei do que se trata, é sobre aquele alfa né? — É, eu amava tanto ele.... — Eu sei que amava. - Deu uma pausa e logo voltou a falar - Você se cortou filho? — S-sim, eu fui fraco. — Você não foi fraco, mas lhe aconselho a não fazer isso novamente, sabe que têm a mim e ao Terry, também somos sua família e vê-lo se machucar também nos machuca. — Me desculpe senhor Sang-Hun.... — Está tudo bem ....Bom, agora preciso desligar, chegou a hora de minha cirurgia. — Ok, vai dar tudo certo. — Vai sim... Desliguei a chamada e deixei o celular ao meu lado na cama, voltei a chorar lembrando de todas as coisas que Héctor disse para mim, do olhar frio que lançou sobre mim, da forma que me deixou, eu fiquei totalmente quebrado por 5 longos anos. Espero um dia superar tudo isso,todo o meu passado, toda a minha história com Min Héctor,todavia se torna difícil quando eu ainda o amo. Ele foi o meu primeiro tudo, primeiro amor e primeira decepção amorosa. Todavia, sinto que fora necessário todas essas coisas terem acontecido comigo, já que, por minha causa, muitas pessoas morreram e por mais que eu tente, nada irá mudar o que fiz. Meu pai sempre me arrastou para o mundo de crime e máfias, queria não ter participado de seus planos malignos e feito pessoas sofrerem, mas o que posso fazer quando nasci um Jung? Exatamente, nada. Acho que a única coisa boa que o meu pai ensinou foi não abaixar a cabeça para ninguém, uma das coisas que meu pai mais abomina é um Jung submisso, por isso, eu e meu irmão não agimos como tal, caso contrário seremos castigados da pior forma possível. A maioria dos meus traumas gira em torno de meu pai, então ele sempre estará em meus devaneios, lembrando-me do quão abusivo ele era. Não tenho muito o que pensar sobre a minha mãe, eu não a culpo por tudo o que aconteceu, mas isso não quer dizer que não guardo rancor de anos atrás, não mesmo. Com esses pensamentos rondando a minha cabeça, acabei entregando-me ao sono, rezando para não acordar, sinto que estou dormindo ao invés de descansar em paz.

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