O corredor estava silencioso, mas eu sabia que não ia ficar assim por muito tempo. Depois do que aconteceu na cozinha, eu estava decidido a ficar de olho na Lara. Ela tinha um jeito de se infiltrar nas conversas mais íntimas, e eu precisava descobrir o que mais ela pretendia. Foi no meio dessa espera que ouvi passos. Eram leves, quase sem som — provavelmente ela, com aquele andar calculado, como se cada movimento fosse pensado para não quebrar o encanto que ela tentava transmitir. E então, outro som: a voz grave e mais pesada do meu pai. — Achei que você estivesse descansando. — Ele falava de forma mais baixa, como se quisesse evitar que ecoasse pela casa. — Ah, não consegui. — A voz da Lara tinha aquele tom doce e quase preguiçoso que ela usava para parecer inocente. — Resolvi vir co

