A confraternização da empresa já tava virando uma daquelas festas que passavam do ponto. As luzes estavam mais fracas, os copos mais vazios, e o povo, mais solto. O cheiro de perfume caro misturado com uísque e puro ego tomava conta do ambiente. Os funcionários mais formais já tinham ido embora — ou estavam jogados em algum canto do salão, rindo alto demais de piadas sem graça. E no meio daquele cenário digno de comercial de banco tentando parecer descolado, lá estava meu pai. Lorenzo Morelli. Camisa meio aberta, copo de whisky balançando na mão, rindo com dois engravatados que ele jurava serem “parceiros estratégicos de altíssimo nível”. — Enzoooo! — ele gritou, arrastando o nome, a voz já começando a embolar. — Filho, vem cá! Vem brindar com os titãs da mesa de negociação! Revirei os

