Os dias passavam com uma calma quase irreal. Eu, que vinha de meses tão pesados, me pegava acordando sorrindo — e não apenas por ter sobrevivido a tudo o que aconteceu, mas por saber que havia alguém ao meu lado que tornava cada minuto mais leve. Isadora tinha esse poder. Transformava qualquer silêncio em música, qualquer rotina em poesia. E, quanto mais tempo passávamos juntos, mais eu me pegava pensando que não queria que aquilo tivesse um prazo de validade. Foi numa manhã qualquer, dessas em que a vida parece ordinária demais, que a ideia começou a tomar forma dentro de mim. Eu estava deitado, o braço em volta dela, quando Isadora se virou ainda sonolenta e murmurou: — Acorda… já passou da hora. — Só mais cinco minutos — respondi, rindo, mas sem abrir os olhos. Ela riu também, ajeit

