O som abafado da festa voltava aos poucos enquanto eu permanecia parado naquele corredor, os punhos cerrados e a respiração pesada. O ar ali parecia rarefeito, como se todo o oxigênio tivesse sido sugado pela raiva que me tomava. O tapa ainda ardia no meu rosto, não só pela força física, mas pelo significado — uma provocação, um lembrete de que Lara não tinha medo de atravessar qualquer limite. Olhei meu reflexo em uma das vidraças que davam para o jardim interno. O cabelo ainda estava impecável, o terno alinhado, mas os olhos… os olhos denunciavam o turbilhão. Eu precisava apagar aquilo antes de voltar. Não podia dar à Lara o prazer de me ver fragilizado na frente dos outros. Puxei o ar, longo e profundo, e ajeitei a gravata. As vozes e risos vinham mais altos conforme eu me aproximava

