Quando Isadora apareceu na minha porta naquela noite, eu percebi de imediato que algo tinha mudado. O jeito como ela apertava a bolsa contra o corpo, os olhos marejados e ao mesmo tempo firmes, a respiração acelerada, tudo denunciava que ela estava tomada por uma decisão difícil, mas necessária. Eu senti meu estômago afundar antes mesmo dela dizer qualquer palavra. — Enzo… — a voz dela saiu baixa, quase como um sussurro. — Eu não consigo mais. Abri espaço para ela entrar, sem fazer perguntas. Já aprendi que às vezes é melhor deixar o silêncio falar primeiro. Ela entrou, largou a bolsa no sofá e ficou parada no meio da sala, se abraçando como se precisasse segurar os próprios pedaços para não desmoronar. — Não consigo mais com o Gustavo. — dessa vez, as palavras saíram com firmeza. Ela m

