MUNDO ESTRANHO

2207 Words
Cena 01: Habitação Amanda Nunes. (Amanda chega rapidamente dentro de sua casa e seu pai está no mesmo momento com uma bolsa para levar para o hospital, pois a mãe de Amanda já está internada nele). AMANDA NUNES: Pai, o que houve? Por que aconteceu isso com a mamãe? (ela abraça o pai). PAI AMANDA: Querida, não sabemos os planos de Deus, tenho que retornar ao hospital, pediram pra eu levar essas coisas pra ela. AMANDA NUNES: Vou com o senhor! PAI AMANDA: Não querida, está perigoso ficar em hospitais por conta da pandemia, melhor ficar em casa e orar por sua mãe. (O pai de Amanda Nunes é católico fervoroso, na sala de estar tem um quadro de Maria mãe de Jesus na parede). AMANDA NUNES: Eu vou e ponto final! Cena 02: Carro Marquinhos - Em Movimento - Noturna. (Marquinhos dirige com o som alto, ele pega no celular e resolve ligar para Maria, mas Maria não o responde). Cena 03: Habitação Laura sala de estar – Noturna. (As amigas ainda permanecem imóveis, se entreolham, mas não conseguem dizer nada). (O celular de Maria toca, toca, cansa de tocar e ela não se movimenta em busca dele pois está estática e não se mexe). Cena 04: Externa – Rua – Noturna. (Marquinhos estaciona o carro, ele sai do carro indo em direção a portaria de um prédio). Cena 05: Habitação Marquinhos – Interna – Noturna. (Marquinhos entra pela porta, ele se depara com um casal de amigos deitados no sofá agarrados, ele passa pela sala sentido seu quarto). Cena 06: Quarto Marquinhos – Noturna – Interna. (Marquinhos se joga na cama, olha o teto por alguns segundos fechando os olhos caindo no sono). Cena 07: Hospital – Interna – Madrugada. (Amanda retira dois cafés da máquina, ela caminha até onde seu pai se encontra sentado). AMANDA NUNES: Aqui pai, toma! (O pai de Amanda pega o copinho e sinaliza para a filha se sentar ao lado dele, ela por sua vez obedece ao comando, leva o café à boca assim que retira a máscara e seu pai faz o mesmo, porém ele demonstra estar aflito, Amanda o encara sem dizer nada, ela mira todo o espaço notando as pessoas que lá se encontram). Cena 08: Habitação Laura – sala de estar. (Aos poucos as amigas vão ganhando os movimentos, Laura se espreguiça feito uma gata, as outras acabam refletindo a ação fazendo o mesmo). AGATHA: (Quebrando o silêncio): Que foi isso? (todas olham assustadas). MARIA: Nem o melhor ácido me deu uma brisa dessa! MEL: Estou até agora com medo daquele brutamontes! LAURA: Se tá louca! Foi tão real como estamos aqui agora, senti tudo e um pouco mais. MARIA: O que será que querem com a gente? Por que estamos vivendo essa outra realidade também? AGATHA: Ao menos eu, Laura e Mel já nos conhecemos nesta realidade paralela... Já você Maria, ainda não se juntou com a gente, mas fugiu da clínica. MEL: Será que teremos que achar Maria por lá? LAURA: Não sei vocês, mas estou faminta, parece que ainda sinto aquela bomba na minha boca, agora quero bomba também! (todas olham para Laura e sorriem). Cena 09: Cozinha de Laura – Noturna. (As amigas preparam um lanchinho, Laura bebe água com muita vontade). LAURA: Ai que ressaca boa! Não sei se foi o vinho ou a bomba! MEL: Gente estou muito curiosa com o que irá acontecer. Eu me senti segura quando entrei no carro com vocês. AGATHA: Eu adorei a energia do motorista Léo, quem será ele aqui nesta realidade. LAURA: Ele pareceu ser muito de confiança, e senti uma energia muito familiar, acho que ele é um dos oito, minha intuição aponta isso... MEL: Você acha que ele é da nossa Mônada? AGATHA: Pode ser mesmo, me senti muito segura com ele. MARIA: Eu senti o que vocês sentiram! (olhar curioso e afirmativo). Creio que a Lúcia, ou Aninha na realidade Paralela, também é uma das oito... E detalhe! Mel (olha para Mel nos olhos): Aquela Duda dançarina, toma cuidado com ela. Sério! Sei bem quem é aquela víbora aqui nesta realidade. (todas olham para a Maria): Gente ela é a tal que apareceu na rede social do Marquinhos que falei pra vocês, a Amanda Nunes mestre das cobras. (todas olham pra Maria com semblante preocupado). AGATHA: Será que vamos encontrar todo o pessoal desta realidade lá na paralela, ou seja, essa tal Duda já sabemos quem é aqui, a Aninha também, e o Léo, quem será este Léo? Cena 10: Sala de estar Laura – Noturna.  (Todos os celulares começam a tocar simultaneamente). Cena 11: Cozinha de Laura - Noturna. (todas as amigas saltam num susto tremendo, elas se entreolham e resolvem prontamente buscar pelos celulares). Cena 12: Sala de estar Laura – Noturna. (Ao chegarem próximo, os celulares param de tocar e apenas o celular de Laura se mantém tocando, elas se entreolham, Laura mira a tela e consta “chamada privada” as meninas ficam na expectativa de Laura atender, porém Laura fica imóvel, o celular se mantém tocando, Agatha então resolve atender no lugar da amiga). AGATHA: Celular de Laura, quem fala? (ela coloca o aparelho na viva voz e posiciona-o em cima da mesinha de centro da sala, um silêncio se mantém, todas se olham). MARIA: Que tipo de brincadeira é essa? Por que não responde? (todas aguardam em expectativas, um ruído é notado, uma certa interferência também). VOZ LOGÍNQUA: Estão me ouvindo? (todas percebem a voz). MEL: Está muito longe, m*l conseguimos ouvir. VOZ LOGÍNQUA: O primeiro dos oito foi identificado, ele está perdido nesta realidade na qual vocês estão, sua cabeça não está como deveria, ele se perdeu tomando chá de cogumelos com álcool, ele não sabe o que fazer mais, a consciência dele não está conseguindo andar junto com o cérebro deste novo corpo, há momentos que traz Léo pra esta realidade, mas Léo não pertence a esta realidade, aqui ele tem outra missão, vocês sabem a missão. LAURA: Calminha aí querida! Como assim sabemos a tal missão? Outra coisa, você sabe bem quantas pessoas existem neste Universo. Como vamos achar um ser chapado de cogumelos, por aí afora, principalmente neste surto pandêmico? MEL: Você poderia ao menos nos dar uma pista de onde conseguimos encontrá-lo? VOZ LONGÍNQUA: Vocês vão precisar meditar um mantra para achá-lo, as quatro juntas. O Universo fará o resto de forma sincrônica. Meninas só estou aqui por causa de vocês! Então, cumpram com o tratado! AGATHA: Você poderia ao menos nos dar o tal Mantra? (um chiado toma conta, o barulho é forte que elas mesmas colocam as mãos nos ouvidos devido o incômodo). LAURA: Passa o Mantra! (o chiado aumenta e a ligação cai). (Todas as amigas ficam sem entender nadinha e se entreolham com muitas interrogações na mente). MEL: O jeito é a gente procurar um Mantra GPS! (todas miram Mel e caem na gargalhada). MARIA: Gente, talvez o Marquinhos conheça alguém que está nesta condição que a voz mencionou, ele conhece tanta gente nesta cidade, principalmente os doidos de plantão! AGATHA: Pode ser uma boa hipótese perguntar pra ele. Mas sinceramente, não sei não... Ele é da Vibe dos sintéticos, já este “Léo” deve ser da Vibe natureba, da galera que toma Ayahuasca por exemplo... MEL: Isso! Gente tem uma comunidade que o pessoal se junta pra ir nessas cerimônias, são comunidades xamãs! MARIA: Pensou se chegando num lugar desses damos de cara com o pajé que nos fez dar à luz? (todas se recordam do momento que elas nascem de si mesmas). Horas depois... Cena 13: Hospital – Madrugada – Sala de espera. (Amanda Nunes está encostada no ombro do seu pai, ela está dormindo enquanto seu pai faz um carinho em sua cabeça, o olhar dele é desolador, um médico jovem se aproxima). MÉDICO: Boa noite! O senhor é o esposo de Helena Nunes? (Amanda acorda e nota o bonito médico na sua frente, mesmo de máscara se nota traços interessantes, ela se ajeita e seu pai logo responde): PAI AMANDA NUNES: (Se levantando): Sim sou Jorge Nunes, como está minha esposa? (semblante de extrema preocupação, o médico triangula o olhar, mirando Jorge e Amanda, seu semblante entrega que algo não está bem). MÉDICO: Então, está acontecendo algo que nunca vi antes, totalmente inédito para mim. JORGE NUNES: Doutor, sei que minha esposa às vezes extrapola, admito, mas... (o médico interrompe): DOUTOR: Primeiramente me chamo Leandro, espero poder ajudar no que for preciso, o quadro de sua esposa é algo totalmente diferente. Ela se nomeia como: “Léo”. (olhar preocupado). (Jorge e Amanda ficam chocados olhando para o doutor Leandro sem saber o que falar). AMANDA NUNES: O senhor está dizendo que minha mãe uma mulher atraente, feminina se diz ser um homem chamado “Léo”? DOUTOR LEANDRO: Exatamente! Ela acordou e ficou em choque em se notar no corpo que ela está pois ela diz ser um homem chamado: “Léo” falou que fizemos bruxaria, que trocamos o corpo dela, que ela está em um corpo errado. Ela gritou, que foi necessário sedá-la. Por isso ainda não acho uma boa ideia vocês conversarem com ela quando ela acordar, ainda temos que fazer alguns exames mais minuciosos, precisamos entender o que se passa no cérebro dela. Por que ela confirma ser uma pessoa totalmente diferente?! (Jorge fica com o semblante desolado, ele se senta se segurando e então começa passar m*l). AMANDA NUNES: Pai o senhor está bem! (O doutor Leandro prontamente o acode e tira sua pulsação). DOUTOR LEANDRO: A pressão dele caiu! Cena 14: Sala De Estar De Laura – Manhã. (As amigas Maria, Mel e Laura estão adormecidas espalhadas pela sala, já Agatha está no computador estudando sobre chá de cogumelo, centro de reabilitação das redondezas). MEL: (Abre os olhos e percebe Agatha no computador da sala de Laura): Não acredito que você não dormiu? (Agatha se vira e nota Mel se sentando no sofá espreguiçando – se inteira). AGATHA: Eu até tentei, mas não consegui. Vocês que dormiram rápido demais! MEL: Vou ao banheiro, se me disser onde está tudo aqui faço o café da manhã pra nós. LAURA: (Se espreguiçando feito uma gata): Bom dia princesas! Mel você é visita, deixa que preparo o café pra gente. MARIA: (Abre os olhos e percebe todas ali): Caramba nem acredito que dormi aqui no tapete! Mas também, que tapete fofinho é este! (passa a mão no tapete ao finalizar a fala). MEL: Você ao menos conseguiu dormir, Agatha ficou acordada. Vou fazer xixi. (Mel segue para o banheiro, Maria se levanta e chega perto do computador onde está aberta uma clínica de reabilitação na imagem, Laura segue até a cozinha). MARIA: Nossa dá até uma coisa no peito olhar a fachada desta clínica! (Agatha a mira nos olhos). Cena 15: Carro Marquinhos – Manhã – Interna do carro que se locomove. (Marquinhos está no telefone). MARQUINHOS: Calma loirão, mais devagar, você nem dormiu né? (pausa e ele se atenta ao trânsito que se forma em sua frente). Como assim, que doideira é essa? Você está falando sério mesmo? (pausa com ele parando no farol vermelho) Loirão, estou quase lá na firma do seu pai, acho que ele nem vai aparecer né? (pausa, ele se atenta a um ambulante que pede para limpar o vidro do carro) Não obrigado! (fala alto e bravo): Calma loirão não foi pra você, um cara queria aqui limpar o vidro. Faz assim, depois que eu sair do trabalho eu te ligo e fazemos algo, você precisa relaxar, agora tem que confiar nos médicos, é o jeito, vá descansar e mais tarde falamos. (Marquinhos continua o trajeto desligando o celular, quando ele joga o celular no banco passageiro ele começa tocar novamente, ele pega o celular e nota a foto de Maria Antonieta na tela, ele respira fundo e atende): Bom dia princesa! Dormiu bem? Cena 16: Sala De Estar de Laura – Manhã. (Maria está sentada na poltrona com o celular no ouvido, Agatha, Mel e Laura estão tomando café na mesa da cozinha de Laura). MARIA: Amor, sei que está indo agora trabalhar e quero desejar boa sorte nesta sua nova fase! Você vai almoçar na empresa? (pausa, Maria mexe no próprio cabelo enquanto escuta o namorado): Tendi, se por acaso quiser almoçar comigo, poderíamos nos encontrar antes de eu ir embora pra casa. Cena 17: Cozinha Laura – Manhã. (As três amigas Laura, Mel e Agatha saboreiam o desjejum). MEL: Maria não vai vir comer não? AGATHA: Com certeza está falando com o bem amado dela, já, já, ela vem! LAURA: Meninas na realidade paralela ela estava internada em uma clínica de reabilitação, lembram né? (Mel e Agatha encara Laura com atenção): Este namorado dela sei não... E se ela cair na tentação de fazer o mesmo nesta realidade? MEL: Você acha que ela pode cair nas drogas novamente? LAURA: Vamos ficar de olho, não confio neste rapaz, vocês lembram bem de como ele agiu naquela vez? (todas miram Laura com seriedade e Maria chega perto delas afastando a cadeira da mesa se sentando para comer também). MARIA: Cheia de fome aqui! (sorri alegre). Corta.
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