Catarina Piromalli A dor veio como um trovão. Rasgando por dentro, me empurrando para um abismo do qual eu não podia fugir. O quarto, abafado e claustrofóbico, girava ao meu redor em ondas. O som do monitor acelerado, o soro pingando, minha respiração curta — tudo parecia distante, tudo parecia errado. — Está vindo… — sussurrei, arfando. — O bebê… está vindo… Minhas palavras saíram mais como um aviso do que como um pedido de socorro. Dante estava ao lado da cama, com os olhos arregalados, a expressão tomada por um pânico que ele tentava esconder, mas não conseguia. Bastou um olhar para que ele se movesse. As mãos fortes, que tantas vezes me seguraram com desejo e depois com raiva, agora foram até as correias. O couro rangeu quando ele afrouxou as fivelas dos meus pulsos. A liberdade i

