Com o sol aquecendo meu rosto, luto para afastar o sono, esfregando os olhos com a parte de trás da mão. Mesmo ainda sonolenta, meus olhos se voltam para o relógio na mesinha de cabeceira ao lado da cama. Ah, droga! Já são 7 da manhã e sinto que m*l descansei. Como se esperasse um sinal para que eu não me levantasse, o despertador começa a tocar, me forçando a abandonar o aconchego da cama.
Bocejando e quase com os olhos fechados, sigo meu trajeto rotineiro até o banheiro, realizando minha higiene matinal antes de seguir em direção à cozinha. Lá, preparo meu café da manhã: um suco de laranja refrescante e um pedaço de bolo de milho caseiro.
Após minha refeição e a leitura diária do jornal, volto ao meu quarto para vestir o uniforme e me preparar para mais um dia na clínica veterinária.
Trinta minutos se passam e, ao empurrar a porta de vidro que vai e vem, sou recebida por Michael, amigo e dono da clínica, segurando uma prancheta e vestindo seu jaleco.
"Bom dia, Sra. Rose", cumprimenta ele.
"Bom dia, mas nada de 'senhora', me sinto velha assim", respondo, sorrindo.
"Bem, hoje de manhã teremos um parto de uma golden retriever para fazer e também precisamos examinar um filhotinho que está vomitando", diz Michael, lendo os prontuários em sua prancheta.
"Ei, ei, calma lá. Acabei de chegar, me deixe respirar primeiro", resmungo.
"Você acha que a c****a vai esperar sua boa vontade para dar à luz?", provoca Michael com um olhar zombeteiro, mas em seguida abre um sorriso.
Eu queria dar uma resposta malcriada a Michael, mas me contenho. Afinal, apesar de sermos amigos, ele ainda é meu chefe e merece respeito por sua profissão e posição na clínica. Dirijo-me ao centro cirúrgico para preparar todo o material necessário para a cesariana da golden retriever, enquanto Michael permanece na recepção, aguardando a chegada de Emilly, sua recepcionista animada e exótica, que parece ter uma energia inesgotável todos os dias da semana.
Vinte e cinco minutos depois, escuto gritos apavorados de Emilly ecoando pela clínica: "Chelseaaaaaa, venha rápido, socorrooooo!" Abandono tudo o que estou fazendo e corro em direção à recepção.
Emilly está paralisada em frente à sua bancada, com os olhos fixos na porta da recepção. Vejo um homem loiro de olhos azuis, com lábios carnudos e belos, mas rapidamente desvio minha atenção de sua aparência quando percebo um cachorro inconsciente em seus braços.
"O que aconteceu com ele?", pergunto, me aproximando do rapaz e de seu cachorro.
"Foi um acidente... ele atravessou a rua repentinamente, eu não estava esperando...", responde o homem com a voz trêmula e claramente nervoso.
"Deixe-o comigo, vou cuidar dele, e você precisará resolver a papelada com a jovem ali", digo, com cuidado, pegando o cachorro em meus braços e seguindo em direção ao consultório mais próximo.
"Ufa! Muito obrigado, senhorita", responde o rapaz, aliviado.
No momento em que estou prestes a fechar a porta do consultório 1, ouço a voz energética de Emilly voltar ao normal e perguntar o nome do rapaz que trouxe o cachorro.
"Qual é o seu nome, por favor?", indaga ela.
"Sullivan, Erik Sullivan", responde o homem.
Aquele nome me soa familiar, mas não tenho tempo para parar e refletir. Preciso atender aquele paciente e entender o que está acontecendo.