Fitei Nathan com receio, tinha ficado nervosa de uma hora para outra, a presença dele me deixava assim. Eu me sentia como se estivesse fazendo algo errado o tempo todo.
- Woods – John sorriu para o meu marido, um sorriso provocador – Você não está atrapalhando nada, na verdade eu cheguei para jantar e encontrei Amélia e decidi fazer companhia a ela já que você estava ocupado – disse calmamente.
Nathan o encarou com o semblante fechado e sério.
- Quanta gentileza da sua parte Silver – ele rosnou fuzilando John com o olhar, então voltou a olhar para mim – Se não se importa Amélia, vou me juntar a vocês – avisou acomodando-se na cadeira ao meu lado, assenti devagar sem ter muito que fazer. Nathan fez o pedido quando o garçom se aproximou sem muita demora – Sobre o que vocês estavam falando quando cheguei? – quis saber me olhando.
- John estava falando sobre a inauguração da nova joalheria dele – contei voltando minha atenção para a minha salada.
- Exatamente, convidei Amy para a festa – John disse, franzi as sobrancelhas olhando para o moreno, sem entender o que ele estava tentando fazer ao me chamar daquele jeito.
- Amy? – Nathan indagou. Fechei os olhos balançando a cabeça, odiando estar passando por aquilo.
Deus! Eu só queria ter uma noite tranquila, fazer uma refeição boa e em paz.
- Claro que ela pode levar quem quiser inclusive você Woods, se não estiver ocupado como hoje – provocou.
Podia sentir a raiva que meu marido estava sentindo, a tensão em seus ombros. Ele estava lutando para não pular em cima de John, Nathan odiava escândalos e ficar ali ouvindo as provocações de Silver estava exigindo muito dele. O que me deixou intrigada, os dois homens diante de mim tinham algo sério entre eles, ou John só gostava de provocar Nathan sem motivo.
Quando John Silver decidiu que já estava satisfeito de tudo, pediu licença e saiu da mesa, me deixando com um Nathan Woods furioso para acalmar.
- Quer dizer então que você e John Silver são amigos? – indagou.
- Não Nathan, não somos amigos – murmurei cansada – Ele só me fez companhia no jantar – expliquei.
- Não quero você perto desse cara está me entendo – resmungou.
- E por que não? Qual é o problema entre vocês? – encarei Nathan, confrontando-o.
- Ele não é uma pessoa em quem se pode confiar – murmurou.
- Como você sabe? – insisti.
- Eu sei Amélia – retrucou impaciente. Bufei irritada, para mim aquela conversa já tinha sido o suficiente.
- Como sempre – suspirei, deixei o guardanapo em cima da mesa e me levantei – Já estou satisfeita, com licença.
- Amélia volte aqui – mandou, mas não dei ouvidos, estava de saco cheio de obedecer de seguir suas regras.
Nathan entrou no quarto logo atrás de mim batendo a porta me assustando um pouco, me apoiei na cama para tirar os saltos.
- Nunca mais me deixe falando sozinho – resmungou parado na minha frente com as mãos na cintura – Não tinha terminado de falar.
- Mas eu já – retruquei me endireitando - E pare de me tratar como se eu fosse uma criança, não preciso da sua permissão para sair e muito menos para falar com alguém. Não me trate desse jeito Nathan Woods, você não é meu dono, já estou cansada dessa história, estou cansada de você – soltei sem freio, falei o que estava engasgado.
- Esta cansada? – repetiu se aproximando devagar me mantive firme não iria recuar – Não se esqueça de que esta casada comigo, lembre-se do que posso fazer – disse.
- Quer saber, eu não me importo mais Nathan, suas ameaças não me amedrontam – deu um passo a frente o encarando – Não sou mais aquela menina a quem você obrigou a se casar, não tenho medo de você. Faça o que quiser – murmurei, seus olhos verdes estavam fixos em mim como se estivessem presos em mim, como se não pudessem fugir.
- Amélia você esta me irritando – bufou.
- E o que você vai fazer? Me punir? Me magoar? – dei de ombros – Não se preocupe você já faz isso o tempo todo. E essa é a sua pior punição contra mim Nathan Woods, estar casada com um homem como você já é castigo suficiente – a mágoa na minha voz o fez vacilar por um instante.
Ainda estava na defensiva esperando mais alguma coisa, alguma palavra dura algo que pudesse me magoar ainda mais quando ele acabou com á distancia, me puxando pela cintura. Foi um choque quando ele juntou seus lábios, o susto me fez demorar a entender o que estava acontecendo. O suspiro que saiu por entre meus lábios foi o suficiente para que ele entendesse que estava livre para intensificar o beijo, me segurei em seus bíceps para não cair ali mesmo e me deixei levar.
Nathan abraçou meu corpo puxando-me cada vez mais tirando meus pés do chão me obrigando a passar meus braços em volta de seus ombros fortes. Sua língua acariciava a minha com delicadeza me fazendo suspirar e me agarrar ainda mais a ele, estava me sentindo leve como se estivesse flutuando correspondendo o beijo dele.
Meu corpo estava entregue a ele naquele exato momento, estava disposta á fazer o que ele quisesse, meu coração estava acelerado. Até que batidas na porta estourou a bolha em que tínhamos entrado, Nathan me soltou tão ofegante quanto eu, e os lábios vermelhos. Ficamos olhando um para o outro até as batidas recomeçaram e ele caminhou até á porta passando as mãos nos cabelos para ajeitá-los. Foi um banho de agua fria quando reconheci a voz da assistente dele. Dei as costas e fui até a sacada, precisava de um ar fresco, e pensar no que tínhamos acabado de deixar acontecer e principalmente acalmar meu coração que batia tão rápido que parecia querer sair do peito e por ter amolecido só com um simples beijo.
Me apoiei no parapeito puxando o ar para os meus pulmões. Meu Deus, como eu fui deixar acontecer, Nathan só estava brincando comigo me deixando perdida e causando um reboliço dentro de mim.
- Amélia – a voz dele soou baixa como num sussurro atrás.
- Está tudo bem Nathan, estou bem – murmurei tentando fazer minha voz soar o mais tranquila e normal possível, não podia deixá-lo perceber o quão vulnerável tinha me deixado.
- Eu só...
- Eu preciso ficar sozinha – o interrompi, abraçando meu próprio corpo sentindo a brisa passar me arrepiando.
- Como quiser – ele murmurou saindo logo em seguida me deixando finalmente sozinha e eu pude respirar fundo. Minha visão ficou embaçada e ardendo por conta das lágrimas, estava me sentindo i****a por ter sido fraca e ter cedido para no fim ele ter ido para os braços da outra.