— Está tentando me provocar? — meu coração estava quase saindo pela boca.
Eu tinha duas opções, deixar que ele falasse o que quisesse e que eu fosse demitida, ou que eu pensasse racionalmente e resolvesse aquele problema, mas por algum motivo eu não escolhi fazer nenhum dos dois.
— Acha mesmo que fiz de propósito? — de repente a expressão dele mudou — Sério que não passou na sua cabeça que eu possa ter mandado sem querer?
Ele ficou em silêncio e ficou fitando o chão com o seu olhar, eu não ia falar aquela última frase, eu fiz apenas para ver sua reação por mais que eu estivesse dizendo a verdade.
— Isso é verdade? Me enviou o arquivo sem querer? — balancei a cabeça afirmando.
Ele se afastou de mim e eu senti que podia respirar normalmente, quase puxei o ar com força como se há muito tempo estivesse prendendo a minha respiração - o que eu estava fazendo realmente.
Ficou tudo em silêncio por alguns minutos, só se podia ouvir o barulho das pessoas no corredor, seus passos e algumas outras pessoas conversando.
— Tudo bem então — ele abriu a porta — Vá e me envie o arquivo certo.
O quê? Ele fez todo aquele escândalo para isso? Peguei na porta e fechei ela com força, seu olhar se voltou para mim assustado, não esperava que eu agisse daquela forma.
— Acha que pode falar o que quiser para mim? Você pode ser meu superior mas n******e me tratar assim.
Seu olhar estava perdido, nunca tinha visto eu me impor daquela forma e eu sei que era um erro eu estar falando assim, provavelmente se fosse qualquer outra pessoa eu teria sido demitida na mesma hora, mas com ele não foi assim.
— Me desculpe — fiquei surpreendida, não que ele não fosse pedir desculpas, antigamente sempre nossas brigas e ele era o primeiro a pedir desculpas mas estávamos em uma situação diferente naquele momento.
Eu apenas acenei com a cabeça e saí da sala deixando-o sozinho.
Fiquei pensando o resto do trabalho sobre aquilo, diferente de antes em que ele não tirava os olhos de mim, agora parecia ser totalmente o contrário, como se não quisesse estar na minha presença, eu penso o mesmo mas infelizmente trabalhamos na mesma equipe.
No dia seguinte tudo flui normalmente, mas naquela tarde tivemos uma reunião para o novo projeto.
— Vou repassar para vocês por email o que havíamos detalhado antes, como é um projeto delicado então teremos que agir em duplas de acordo com a disponibilidade.
Eu me entreolhei com Renata até que ele a chamou.
— Renata? Tem disponibilidade para fazer horas extras na terça e na quinta?
Se olhar matasse eu iria torcer para que Renata tivesse plano funerário, o olhar dela se desviou por um segundo e em seguida voltou se para Armin.
— Não posso nesses dias — eu ainda não havia perdido as esperanças.
— E você Francis? — ele faz a mesma pergunta.
Ele faz uma expressão tensa.
— Infelizmente também não poderei chefe.
Armin respirou fundo e voltou o seu olhar para mim, eu apenas conseguia olhar para a mesa na minha frente, não podia nem mesmo olhar em seus olhos.
— Alguma objeção Ana Lucy? — porque falar meu nome completo?
— Nenhuma… — me vi na situação de apenas concordar, porque ele tinha que perguntar a mim por último? Eu não poderia recusar nem que eu quisesse!