Tudo Novo

1678 Words
03 de Março do ano XXXX Hoje é o meu primeiro dia em uma escola nova, minha primeira impressão: grande e com pessoas muito ricas, mas aquilo já estava na cara, meu primeiro ano do ensino médio seria na escola mais prestigiada do país, filhos de pessoas importantes estudam aqui e graças ao meu esforço eu consegui uma bolsa de estudos integral nesta escola, ela funciona em um sistema fechado, ou seja, dormitórios e lojas para os alunos, o lugar é tão grande que parece um bairro nobre com até mesmo um shopping para os estudantes, estudar aqui se torna o sonho de qualquer pessoa que vai fazer o ensino médio mas eu estou interessada apenas em uma coisa, me formar como a primeira da turma e consegui uma ótima recomendação para uma faculdade prestigiada. — Um capuccino — fiz o pedido para a mulher do balcão e me esperei até que ficasse pronto. Os créditos que eu ganhava por ser uma estudante de bolsa me deixavam aproveitar tudo que tinha naquela escola, desde lojas de roupas até cafeterias, mas eu amei mais o acesso a uma biblioteca gigante com os mais diversos livros de estudos e referências. Fui pela primeira vez encontrar essa biblioteca e fiquei admirada com o quão bonita ela era, eu tinha certeza que os meus melhores dias seriam naquele lugar, usei minha carteira de estudante e entrei para conhecer o lugar, explorei todas as categorias de livros que haviam, no fundo da biblioteca achei a categoria “sexologia” e havia alguem sentado na janela olhando atentamente o livro “O Livro p******o do s**o” e imediatamente fiquei intrigada com a forma que ele lia aquele livro tao concentrado, seu olhar rapidamente se volta para mim que estava o encarando sem notar. — Procurando alguma coisa? — sua voz era rouca, prováveis efeitos da puberdade e eu quase me assustei com a sua voz. — Nada! — dou meia volta e saio daquele lugar. Não entrava na minha cabeça como alguém podia ler aquele tipo de livro tão calmo e concentrado como ele estava, talvez fosse seu âmbito de estudo? Não faz sentido. Fui dar uma olhada nas outras categorias mas eu não conseguia tirar aquela cena da minha cabeça. Fiquei ali durante toda a manhã em que estava tendo a apresentação de boas vindas da escola e finalmente a tarde fui almoçar, a escola tinha refeitorio proprio mas os alunos eram permitidos sair a hora que quisessem e por isso podiam almoçar nos restaurantes que haviam ali, eu ainda nao tinha dinheiro suficiente para comer ali então decidir ir ao refeitório mesmo, fiquei surpresa ao ver a comida chique que tinha, os restaurantes deveriam ter pratos ainda melhores. Eu ainda não conhecia ninguém, então esse tempo todo eu estava sozinha, não é como se eu também sentisse essa necessidade de estar com os amigos já que o ensino fundamental inteiro foi atormentada por quem eu pensava serem os meus amigos, desde então eu tenho apenas andando sozinha. Minutos antes das aulas começarem eu cheguei na sala, queria ter a certeza de que não iria me perder naquele colégio imenso, me sentei na cadeira da frente ao lado da janela, fiquei apreciando a vista até que a professora chegasse. — Bom dia queridos alunos, tenho certeza que já escutaram bastante da nossa amada diretora — todos deram uma risada suave — Quero que todos se apresentem conforme eu falar na lista de chamada. A professora foi chamando e todos foram se apresentando, meu nome era um dos primeiros da lista. — Ana? — me levanto rapidamente, aparentemente eu era a única Ana da turma. — Meu nome é Ana Lucy e… — infelizmente fui interrompida com o barulho da porta abrindo rapidamente. — Estou muito atrasado? — uma voz familiar ecoou pela escola, era o garoto do livro de s**o. — Só um pouco Armin — a professora respondeu — Sente-se. Ele sentou-se de cabeça baixa logo atrás de mim, o único lugar que ainda estava vazio. — Continue Ana — respirei fundo e continuei a minha apresentação — Você não é garota da bolsa integral? Meus parabéns, tenho muitas esperanças em você. Fiquei feliz com o reconhecimento da professora, me sentei com um sorriso no rosto mas eu senti o deboche de alguns sobre mim ao me sentar. — Armin. O garoto que havia acabado de chegar levantou-se de repente e começou a sua apresentação. — Sou Armin e tenho 16 anos, minha família é dona da maior rede de hotéis do mundo. Assim como todos da escola, com um futuro muito promissor mas o que me intrigava era o fato de que ele não fez como os outros, falando que sua mãe ou seu pai era dono de algo, aquilo ficou nos meus pensamentos por um tempo. Quando a aula terminou já estava na hora do lanche da tarde, todos saíram da sala mas apenas eu fiquei lendo um livro. — Você é bolsista? Deve ser muito inteligente — o garoto de antes se apoiou na minha mesa enquanto falava comigo. — Acredito que sim — eu respondi e logo pude ouvir a sua gargalhada. — Quem fala assim sobre si mesmo? — ele continuou a rir, sua risada me incomodava, passei a maior parte do tempo escutando os outros rirem de mim dessa forma. — Com licença garoto — afastei ele para que eu pudesse me levantar da mesa e sair da sala. — Meu nome não é esse. Não ouviu quando me apresentei? — Não me interessa quem você é — eu achei que eu tinha sido bem dura com ele mas aquela era a melhor forma dele se afastar de mim, ele parecia ser do tipo grudento, olhei lentamente para trás e seu rosto era de surpresa o que já era esperado. — Uau, você é bem braba, será que eu te fiz algo? — Olha, por mim você pode pensar o que quiser. Continuei andando pelos corredores, quando voltei ele ainda estava na sala mas dessa vez dormindo, me sentei na minha cadeira e voltei a ler o livro anterior. — Um livro de estoicismos? Por algum motivo combina com você — ele solta um riso leve. — O que quer dizer com isso? Continue o que você estava fazendo. Por um minuto o silêncio ficou no ar, eu realmente havia pensado que ele tinha voltado a dormir até sentir sua mão segurando meus cabelos. — Seu cabelo é lindo, devia deixar ele crescer. — O que está fazendo? — eu grito e saio correndo dali, porque ele estava fazendo aquilo comigo? Dias atuais: Eu me preparo antes de entrar na empresa, ergo a minha cabeça e mantenho meus pés firmes, meu longo cabelo estava enrolado em um coque baixo, elegante e sofisticado. Caminhei até o elevador para chegar no andar em que estava o meu departamento, por ser horário comercial o elevador dos funcionários estava bastante cheio então muitos iam pelo elevador normal mas eu queria ir direto para o departamento, eu poderia correr o risco de me perder já que tinha vindo na empresa apenas para a entrevista e entrega dos documentos. Assim que saio do elevador vejo algumas sessões, eu teria que procurar a minha, em meio a toda procura alguem esbarra em mim, felizmente nenhum dos dois cai, foi apenas um esbarrão, ele era um homem alto com uma estrutura forte, tinha cabelos negros com olhos verdes exatamente como a minha filha. — Ana? — a voz rouca que eu ouvia quando mais jovem ecoou pela minha cabeça mas agora de uma forma muito mais grave, o som fez as minhas pernas estremecerem, olhei para o seu semblante que se mostrava muito surpreso. Ele rapidamente me empurrou para dentro de uma sala e eu me vi obrigada a segui-lo, quando olhei para o seu rosto ele continuava surpreso e não falou nada por um minuto, talvez estivesse pensando se aquilo era real, nem mesmo eu estava conseguindo projetar tudo isso na minha mente, em específico ELE na minha mente. — Como? Quando? — Não, eu… Os dois não sabiam muito bem o que falar naquele momento mas logo surgiram as palavras mas não foram as que eu queria falar, eu rejeitava ele mas eu queria explicar tudo que aconteceu, que nós temos uma filha mas passamos anos separados, ele pode muito bem ter uma família agora e eu não quero me intrometer no meio disso, eu e minha família estamos vivendo muito bem, o passado não precisa ser relembrado principalmente agora depois de tanto tempo. Fui até o meu departamento que eu finalmente achei, todos estavam sentados em seus respectivos lugares. — Você é a funcionária nova? — uma mulher que estava sentada de repente se levanta e fala. — Sim, estou começando hoje. — Ana Lucy, certo? Vou estar lhe ajudando nesse primeiro momento, então qualquer dúvida pode me perguntar! — a mulher era loira, em seus cabelos estavam feitos cachos com babyliss, certamente ela se importa muito com a sua aparência — Eu sou a Renata, muito prazer. Aparência é uma carta de entrada para as pessoas, então estar apropriadamente apresentável faz uma diferença em qualquer lugar. Renata parecia ser uma pessoa que se esforçava no trabalho mas também gostava de sair para beber e tinha uma personalidade forte, mas isso tudo era apenas a primeira impressão. Ela me apresentou a minha mesa onde eu deveria me sentir confortável para deixá-la do jeito que eu quisesse, aparentemente tendo em vista os outros ela normalmente estaria cheia de trabalho. — Onde está o chefe do setor? — Sim, nosso chefe saiu faz um tempinho mas acho que ele já está voltando… Ah! Olha ele aí! Eu virei rapidamente para a porta e exatamente a pessoa que entra era ele, Armin, ao olhar para mim ele se mostrou surpreso por um segundo mas logo a sua expressão voltou ao normal enquanto eu ainda estava chocada com aquilo. Além de trabalharmos na mesma empresa ele ainda seria o meu chefe? É sério isso?
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