10 de Março de XXXX
No dia seguinte tudo parecia ter voltado ao normal, durante alguns dias Armin não falou comigo mais deixando que eu voltasse normalmente para a minha rotina, eu estava feliz de certa forma, eu não precisava que ninguém sentisse pena de mim por estar sozinha, eu mesma preferia ficar sozinha.
Eu pensei realmente que as coisas teriam voltado ao normal, mas então um dia eu estava comendo em um lugar escondido na escola, mas eu tive uma visita bem inesperada.
— Armin, acha que pode fazer isso comigo? — ouvi um som de t**a, me aproximei um pouco me escondendo atrás da parede para que eu pudesse ver.
Armin tinha acabado de receber um t**a no rosto da garota popular da escola.
— Eli, eu já disse que acabou.
- Só vai acabar quando eu disser que acabou! Não vê? - ela gritava com uma criança birrenta - Somos o casal perfeito!
— Pare de criar ilusões na sua cabeça! Nunca fomos o casal perfeito! Eu entrei no seu teatrinho mas minha paciência tem um limite, já terminamos a muito tempo e todo mundo sabe, não me procure nunca mais.
Ele se virou para ir embora, ele estava vindo em minha direção a menina deu grito e foi para o outro lado, me escondi rapidamente para que ele não me visse mas acredito que tenha dado errado.
— Lucy? — me levantei devagar do local que eu estava escondida.
— Descu... — fui interrompida pela voz de Armin.
— Desculpe ter atrapalhado seu lanche com esse escândalo... — ele falou se encostando na parede ao meu lado.
— Tudo bem, não tem problema...
Um silêncio ficou, eu não sabia muito o que falar ou até mesmo se eu deveria falar algo para ele, aparentemente sua ex namorada era uma louca, não sei se eu poderia fazer algo sobre isso.
Ele então ficou de pé e foi indo embora, eu senti uma necessidade grande de segurá-lo.
— E-está — eu me ouvi gaguejar por um segundo — Tudo bem? — perguntei quase falando mudo.
Ele deu um sorriso, como ele poderia sorrir naquele momento, se eu fosse ele meus nervos iriam estar quase explodindo!
— Está tudo bem Lucy, não se preocupe comigo — ele falou e continuou indo embora me deixando sozinha naquele lugar.
Preocupada? Ele falou que eu estava preocupada com ele?
O horário do intervalo já havia tocado, eu saí correndo para ir para a sala, eu nunca tinha chegado atrasada na minha vida!
Dias atuais
Minha cabeça estava quase explodindo, faltava apenas alguns minutos para que o expediente se encerrasse, além da grande sorte de eu ter que fazer horas extras imediatamente, eu ainda iria ter que fazer isso com Armin! Isso só pode ser ironia do destino mesmo.
— Me desculpe, eu realmente não posso fazer isso! — Renata sussurrou ao meu lado, ao olhar para frente vejo que Francis também fazia um sinal de desculpas, eu sorrio gentilmente para os dois.
— Está tudo bem — eu falo baixinho mas Armin ainda esticou o pescoço para ver o que estava acontecendo, todos voltaram rapidamente para os seus trabalhos.
Rapidamente chegou a hora em que todos iriam embora, num instante permaneceu apenas eu e ele naquela sala, cada vez mais eu ficava nervosa por não ouvir sequer uma palavra da sua boca, eu estava pensando em que momento ele iria me chamar. Alguns minutos depois ele se escora na sua cadeira e pega alguns arquivos da mesa.
— Vamos começar?
— Claro — eu respondo imediatamente, quase não deixando ele terminar a pergunta.
Nos sentamos perto um do outro então não se fazia necessário se aproximar mais do que isso, mas em algum momento precisávamos olhar para os mesmos arquivos ou para a mesma tela de computador, e lá estávamos nós perto um do outro novamente.
— Quando começou a dançar? — oi?
— Oi? — perguntei, não que eu não tivesse entendido sua pergunta, mas na minha cabeça ainda não fazia sentido o que ele havia acabado de me perguntar.
— Não precisa me responder se não quiser...
Naquele momento eu estava olhando para a tela do computador, flexionada perto dele, imediatamente corrigi a minha postura e pensei um pouco, era apenas uma pergunta, eu não tinha que necessariamente responder ele mas eu também não tinha motivos para não responder a sua pergunta.
— Faz alguns anos, quando eu entrei na faculdade...
— Hum — ele fez apenas um pequeno barulho com a voz — Eu nunca pensei que você faria isso.
— Eu também não — eu dei uma leve risada e ele olhou para o meu rosto — Mas as pessoas mudam, e hoje eu sei que eu posso fazer o que quiser, eu não sou mais a garota tímida de antes — me voltei ao meu lugar enquanto ele ainda olhava para mim.
Seria estranho se eu dissesse que esperava alguma coisa, mas eu realmente esperava algo, mas foi tudo completamente normal, assim que terminamos ele deu boa noite e saiu do escritório me deixando sozinha, eu poderia jurar que seria a coisa mais difícil do mundo mas não foi exatamente o que eu estava pensando, fiquei aliviada por isso.
No dia seguinte já não teríamos que ficar juntos depois do trabalho então fiquei relaxada naquele dia.
No próximo dia também esperei que algo acontecesse mas novamente nada aconteceu e eu comecei a me perguntar O QUE DIABOS EU ESPERAVA QUE ACONTECESSE?
Quase dei com a cabeça na mesa
— Está tudo bem? — ele levantou o olhar da tela para olhar para mim.
— Claro! — respondi como se eu não tivesse a ponto de surtar a meio minuto atrás.
Voltamos então para o nosso trabalho e aquele dia foi como sempre, houve apenas um dia na semana que não foi como os outros.
Era o horário do almoço e eu estava com Renata como todos os outros dias mas alguém familiar entra no restaurante que comíamos naquele dia.
— Ai meu DEUS! — ela quase gritou de animação.
— O que foi? — olhei para trás e lá estava ele, o cara que estava se pegando da última vez com uma mulher em uma sala escondida — instintivamente me escondi.
— O que você está fazendo? — Renata perguntou.
— Boa pergunta, também não sei porque eu estava me escondendo.
Tirei o blazer da cabeça, naquele dia eu usava uma roupa bastante formal com uma blusa branca e saltos, além de uma saia rosa cinza combinando com o blazer.
— Olha a quem devo o prazer de encontrar — me lembrei porque estava me escondendo.
Olhei para Renata e eu quase tive a certeza de que podia ouvir ela gritando por dentro.
— Nos conhecemos? — fingi ignorância e me assustei com sua risada repentina.
— Ela está brincando! — Renata começou a rir junto com ele, eu a fuzilei com o olhar.
— É claro que sim — ele pigarreou — Posso falar um pouco com ela? — falou ele se dirigindo para Renata.
Eu balançava a cabeça violentamente negando que ela fizesse isso.
— Claro! — naquele momento eu queria estrangular Renata por ter feito aquilo, como ela poderia me deixar sozinha com aquele homem.
— Deixa eu adivinhar, você era a nerd da escola?
— Porque está querendo saber sobre o meu passado? — comecei a beber a minha bebida rapidamente para que eu pudesse sair dali o mais rápido possível, para o meu azar a bebida era gelada e eu senti todo o meu cérebro congelar.
— Vai com calma!
— Eu estou bem…
Ele sorriu e olhou para a janela.
— Quer saber porque estou tão interessado em você?
— Não — respondi imediatamente e ele quase gargalhou, as pessoas já estavam olhando, não era a toa que as pessoas diziam que ele era bonito mas eu não d****o um homem como ele dessa forma no meu pé.
— Eu conheço você.
— Me conhece — com essa eu fiquei surpresa, eu nunca vi o rosto dele em lugar nenhum, como eu poderia conhecê-lo?
— Talvez você não se lembre de mim porque eu mudei bastante.
— Aposto que sim — dei um sorriso f*****o.
Ele riu novamente, eu finalmente havia terminado a minha bebida então levantei rapidamente para ir embora.
Mas no momento que eu ia sair ele então segura meu pulso, antes que eu pudesse me virar ele então falou:
— Eu sou filho da Helena.
Imediatamente paralisei, se ele era meu amigo de infância então porque seu nome era coreano?
— Como?
— Você se lembra do meu verdadeiro nome?
Me sentei novamente no banco e respondi:
— Wilian, como é que seu nome…?
— Eu me mudei para a Coreia, como você sabe eu sou descendente então minha mãe decidiu que era melhor a vida na República da Coreia.
— Ah…
Ficamos em silêncio por alguns minutos, Willian foi o meu único amigo durante a minha infância, antes de eu me isolar completamente das pessoas e confiar nelas, éramos muito crianças.
— Como você me reconheceu? — perguntei, já haviam se passado muitos anos desde a última vez que havíamos nos visto.
— Você não mudou nada — ele sorriu.
Como ele podia dizer que eu não mudei nada quando depois de tantas coisas até mesmo meu jeito mudou?
— Na verdade não — agora sim, eu sabia que eu tinha mudado — Na verdade você está muito mais bonita que antes.
Eu pude sentir o meu queixo cair sobre a mesa, ele realmente estava dizendo que eu era bonita?
— Não precisa ficar na defensiva, eu sempre deixei isso bem claro para você.
Fiquei um pouco pensativa, Willian era o tipo de criança que se gostava de você iria ficar no seu pé, então claramente passamos muito tempo juntos, sem falar que nossas mães eram amigas.
— Eu posso perguntar… — balancei a cabeça afastando os pensamentos anteriores.
— Claro, fique à v*****e — ele se arrumou na cadeira, seu corpo era bem trabalhado, com certeza fazia academia, a cadeira parecia duas vezes menor com ele sentado com seus ombros largos.
— Porque você estava com alguém na empresa?
— Ah — ele riu, eu pude sentir que essa risada foi para esconder um pouco da vergonha que ele sentiu por um segundo ali — Sabe como é…
— Não sei…
A situação ficou um pouco desconfortável e levantei então para ir embora.
— Foi um prazer, nos vemos depois — ele ainda tentou me impedir de ir, mas eu estava quase correndo para porta para que ele não fosse capaz de me parar.
Respirei fundo depois que saí do restaurante, parecia mais difícil conversar com ele do que com o meu chefe.