DÁRIO NARRANDO Fiquei quieto, olho reto pro asfalto rachado, a bujudinha suando na minha mão que nem febre. O cara do meu lado insistiu, voz mansa de quem vende enciclopédia na porta: — Eu pago. Tá com fome? Virei só metade do rosto. — Não. Bebi mais um gole pra empurrar mentira. Barriga fez barulho de bicho preso. Ele apontou com o queixo pro fim da rua: — Tem um restaurante ali embaixo. Self-service. Tu bota o que quiser no prato. Fiquei calado mais um pouco. Depois soltei, atravessado: — Digamos que eu tô com fome. E daí? O que que cê quer saber da minha filha? Quem é você? — Só vim te fazer umas perguntas. — ele falou, sem tremer. Eu ri torto, sem dente pra convencer. — Então não foi o Brasa que te mandou me matar. Porque se fosse o Brasa, não tinha pergunta nenhuma. Eu já t

