Mina Rizzo
Meu primeiro dia na polícia, fui apresentada a toda equipe e como tenho que cumprir a minha punição por ter batido em um colega de trabalho, terei que passar duas semanas aplicando multa nas ruas de Roma.
Belo começo Mina...
Sabe o que é pior?
Sou a única mulher que passou por um exame físico e teólogo aplicado pela polícia não éramos muitas, mas somente eu passar e no mínimo esquisito.
- Você achava o quê Mina? Polícia na Itália não é lugar de mulher, quer ter um clube particular para machistas, então é só entrar na primeira delegacia que você avista...- Renan me fala quando estáva aplicando multas em carros parados no lado errado da rua.
- Quando uma mulher entra chorando porque foi agredida pelo marido, o que vocês perguntam para ela? - Renan coça a cabeça, sinto que ele vai falar merda...
- Pergunto o praxe, como aconteceu, o que levou a briga e se ela tem ideia do por que desencadeou a ira do seu marido...- Suspiro frustrada.
- Se fosse sua irmã entrando toda arrebentada na delegacia pedindo ajuda? - Ele finalmente entende onde quero chegar.
- Temos que ser profissionais Mina, mas sim, gostaria de fazer justiça contra quem foi capaz de deixar minha irmã assim...
- Exatamente! Uma mulher entra na delegacia para ser questionada, ela entra para ter proteção e na maioria das vezes não volta, sabe por que? Por que tem medo ou porque está morta por tanto apanhar! - Renan me olha sem jeito.
- Você entrou na polícia para mudar a mentalidade dos policiais? - Renan bebe seu café extremamente quente.
- Eu entrei para encontrar os assassinos do meu pai! - Renan arregala os olhos.
- Garota você é cheia de novidades... Mas me conta, tem alguma pista? - Como só está eu e Renan, conto para ele algo que sei que vai movimentar as coisas.
- Acredito fielmente que meu pai foi morto ao chegar perto demais da máfia italiana...- Renan cospe o café que tomava.
Ele praticamente joga no chão o café e me pega pelo braço me levando para um lugar mais afastado.
- Você está doida? Mina, pelo amor de Deus! Máfia? Se ele foi realmente morto pela máfia é por que era um traidor ou por que chegou perto demais... Quer ir para onde seu pai está menina? - Renan é bem mais velho que eu.
Segundo ele, teve uma amizade com o meu pai na adolescência, ele me mostrou uma foto dos dois juntos.
- Renan, você não sabe de nada...da morte do meu pai? - Ignoro seu ataque de pânico, e faço a pergunta que não quer calar.
- Mina, criança, você é nova e não sabe como são as coisas aqui na polícia...- Eu sei, pior que sei! - Não mexe no que não é da sua ossada, hoje eu vou fingir que nada foi falado aqui, mas se você fizer a pergunta errada para a pessoa errada, sua mãe e você correm perigo...- Renan é um policial experiente, não está a tantos anos na polícia ato.
Ele sabe o que aconteceu ou ele faz parte do que acontece por trás da polícia italiana.
Na verdade, não posso confiar em ninguém, tenho que fazer a investigação sozinha e sem levantar suspeita.
- Entendi Renan, vou focar em ajudar as mulheres que precisam de proteção na cidade...
Renan me avalia e concorda, isso me faz ver que entre em um ninho de cobras.
Como pode ter tanta certeza Mina?
Em um lugar onde a máfia impera, não tem como não somar que a polícia faz parte do grande negócio.
Eu não sou nenhuma salvadora, mas eu quero saber o que aconteceu com o meu pai, eu tenho direito de saber.
Um tiro nas costas a queima roupa não explica nada!
Era exatamente isso que estava escrito no laudo da perícia do meu pai, um tiro a queima roupa sem direito de defesa, em uma rua sem vigilância ou câmeras.
O culpado nunca foi encontrado e o caso arquivado por não ter provas suficientes para averiguar o acontecido.
Meu pai morreu sem direito de lutar, em um lugar esquecido por Deus e ainda não teve sua morte vingada!
Não até agora, eu sei que estou me colocando muito em risco e até a minha mãe, mas eu preciso saber, eu preciso ao menos ver o culpado pela morte do meu pai, nem que ele for quem menos quero, nem que ele for um m****o da máfia italiana.
Me despeço de Renan e cumpro meu horário aplicando multas o resto do dia, espero que com o plano de saúde possa ajudar no tratamento da minha mãe.
Com o final do meu turno, volto para casa mais focada em fazer justiça, eu preciso pegar os documentos do caso do meu pai e ter um norte, eu preciso saber o que meu pai anda investigando antes de morrer...