A madrugada, parte II

1587 Words
A noite chegou. Ou melhor, a madrugada. O que uma garota faz acordada na madrugada quando não está transando? Está indo beber água após todos dormirem com receio de algo acontecer. Com o maior medo do mundo movi a maçaneta que girou mais leve do que nunca, porém, aquele "click" pareceu uma bomba bujão estourando na escola em época de São João. Era 50% medo e 50% tremedeira. Fiquei na ponta dos pés e saí graciosa e furtiva, mesmo sem enxergar muita coisa diante de meus olhos. Eu parecia um fantasma. Cabelos soltos, camisola de seda curta até um pouco abaixo da b***a e os s***s decotados. Algo erótico até demais. Porém, ninguém ia me ver assim então podia até dormir nua se quisesse. Além disso, a roupa me deixava mais leve para caminhar sozinha. Averiguei a cada passo meu de que eu estivesse de fato, solitária. E até então... Estava! Sabe quando estamos num jogo e enfim conseguimos chegar no objetivo e um alívio percorre nosso corpo? Era eu, ao chegar na geladeira. Me apoiei ali com as pernas cruzadas e o quadril empinado, segurei no topo da porta e abri. O ar gelado me fez arrepiar, eu quase cuspia em pó de tanta sede! Dei bons goles na garrafa que eu guardava para mim cheia de água e guardei mais uma vez, fechando a geladeira. Sabe TAMBÉM quando você está num filme de terror, fecha a geladeira na cozinha em plena madrugada e a assombração aparece e te mata ou com uma faca ou de um infarto após um susto? Novamente, eu. E adivinhem quem esperava por mim? Sim, ele mesmo. Jason! Dessa vez não veio pelos lados ou pela frente. O covarde me tomava por trás. Uma mão invadiu meus lábios os cobrindo e o outro laçou os meus pulsos, tentando me imobilizar. Para a infelicidade dele, eu não era uma garota indefesa! Tive força suficiente para dar uma cotovelada atrás, acertar seu estômago e ouvir um gemido rouco. Virei de vez e passei o pé sobre o dele ao mesmo tempo que empurrei seu peitoral com a mão e o fiz cair no chão de costas. O estalo foi fenomenal e aquilo doeu até em mim. — Eu sou faixa vermelha em Karatê! — Ofegante e ainda na adrenalina dos golpes e do medo, flexionei os joelhos e fiz posição de luta. Porém, facilmente fui ao chão quando Jason se ergueu, segurou meu pulso, usou o seu próprio pé para me desestabilizar e me puxou contra seu corpo. Ao contrário dele, eu tive onde amortecer a pancada da queda. E confesso que meus s***s doeram quando aquela caixa torácica firme e rígida os acolheram. Eu gemi baixo, tremi um pouco e senti o ar faltar quando ele me segurou na cintura. — Ja...Son! — Disse com dificuldade. Para ter a certeza de que não pudesse escapar, senti os corpos rolarem no chão frio e tê-lo entre minhas pernas em um encaixe perfeito. Suas mãos prendiam meus pulsos e os olhares se cruzavam numa sincronia tão perfeita enquanto as respirações fervorosas que incendiavam o rosto um do outro. Estava a poucos centímetros de nossos lábios se tocarem, pois, os narizes duelavam como duas espadas guerreiras em uma batalha mortal. — E eu sou faixa preta! — Ele disse. — Mas que filho da... — Só não continuei, porque tia flor poderia aparecer na hora. — E agora? O que vai fazer? Hum? — Rangendo os dentes, ele perguntou. — Eu que pergunto, ué. — Pausei. — Tu que está me atacando. — Zombei. — Vou arrancar esse sorrisinho da sua cara. — Jason pareceu mais enfurecido ainda. Naquele momento eu não sabia o que Jason pretendia. Falando a verdade, talvez nem ele sabia. Esperou tanto para me pegar desprevenida e quando me tinha em seus braços não sabia o que fazer. Mesmo no escuro eu pude encarar bem os seus olhos enquanto ele mantinha o mesmo contato sem desviar. Eram segundos de silêncio em que deixavam ambos sem reação alguma. Uma conexão, sinergia... Não sabia bem ao certo. Mas o seu cheiro invadiu minhas narinas e estava certa de que o meu também fizera a mesma coisa quando acelerou seu tórax, ofegante. Delicadamente as minhas coxas tomaram a iniciativa de subir pelas laterais de sua cintura bagunçando aquele short que ele usava. Quando ele sentiu essa ousadia de minha parte, engoliu em seco e tremeu na base. Nem parecia ele. — Estou esperando... — Quebrei o silêncio em um sussurro. Foi então que ele pareceu despertar daquela hipnose momentânea. Seu corpo começou a suar frio. Senti quando suas pernas afastaram um pouco as minhas e seu quadril pressionou contra o meu. Uau! Aquilo me deixou boquiaberta! Não fazia ideia de quão dotado meu primo poderia ser até aquela noite. Meu coração palpitou forte naquele instante. Não só o meu. Conseguia sentir o coração dele quase sair pela boca devido ao peso que seu peitoral impunha sobre meu b***o. Jason estava num conflito interno de raiva e desejo. Fiz questão de suspirar como se um gemido escapulisse sem querer. Foi tiro e queda! Algo ali embaixo reagiu em uma pulsação fervorosa. Mesmo por cima do pano eu senti o seu calor. — Sua... — Ele sussurrou entredentes. Para Jason era frustrante o jeito que eu conseguia me sobressair em reações as suas ações. A mão firme tocou meu pescoço e se fechou como se quisesse me asfixiar. Com certeza não era a sua intenção, pois, havia uma brecha para que eu respirasse. Um momento tão quente e silencioso, mas que dizia tanto. Eu conseguia ler perfeitamente o que se passava dentro daquela cabeça. Não obstante, seus lábios estavam cheios d'água, loucos para afogar os meus, porém, o seu orgulho tornou-se um imenso abismo entre a vontade carnal que o consumia. De repente, aquela cena foi interrompida ao som de passos. Se os corações estavam acelerados, agora eles parariam de vez. Nós dois nos encaramos como se estivéssemos sido pegos após aprontar alguma coisa. Mas, isso não podia ficar assim. — O que está acontecendo aí embaixo? — Tia flor estava descendo com um rolo de amassar macarrão nas mãos. Bobs nos cabelos e máscara de lama no rosto. Em um dos olhos tinha uma rodela de pepino também. A outra, caiu. Jason tinha certeza de que, se sua mãe o pegasse aprontando mais uma vez, aquelas costelas precisariam ser coladas com superbonder. Tendo isso em vista, ele me encarou mais uma única vez, se levantou rapidamente e me puxou pelo braço na direção da dispensa, apertada feito um ovo. Meu primo me abraçou forte por trás, encaixou bem nossos corpos e fechou a porta. — O que você... — Shhh... — Me interrompeu, voltando a tapar meus lábios. — Se ela me pegar aqui, não poderei me vingar de você e nem você poderá revidar depois. — Ele era um bom negociante. Eu senti que havia mais além daquilo. O jeito que ele me tinha nos braços era um tanto peculiar. Seus bíceps malhados chegavam a saltar as veias devido a tensão do momento. Passava pela minha cintura e a mão estava segurando firme na lombar. Juro que senti ele dedilhar alguns centímetros de cima para baixo e amarrotar minha camisola. Seu nariz encostou no meu ouvido e deixou a respiração me aquecer, além de sorver meu perfume delicado e doce, nada enjoado. Minha b***a pareceu partir ao meio contra seu volume ainda a todo vapor, dividindo as bandas para os lados e Jason não fazia questão nenhuma de esconder isso, pelo contrário, parecia estar tirando uma casquinha. Eu até pensaria em rebolar, só que, até uma garota como eu sabia a hora de parar quando o perigo era eminente. Durante um longo minuto, o maior de toda minha vida, ficamos parados, sentindo um ao outro. Até que o silêncio prevaleceu e aos poucos ele retirou a mão da minha boca e tocou seus lábios molhados no meu ouvido propositalmente e os moveu bem devagar, num sussurro rouco. — Acho que... — Ele pausou. Óbvio que a intenção não era apenas alertar. — Ela já foi... Eu não disse nada. Acenei positivamente e virei o rosto como se pudesse encará-lo, mas, estava tudo completamente escuro. Dei de cara com a dele e novamente cruzamos as respirações. Jason se mexia. Dedilhava minha cintura como se fosse um piano, delicado, dando a devida atenção que uma garota merecia. Moveu o quadril contra o meu e foi nos virando até poder se afastar e sussurrou mais uma vez num tom preocupado. — Eu vou averiguar, fica aqui, não faz barulho. — Ele disse. A baixa iluminação me cegou quando a porta se abriu e ele saiu para vigiar. Eu estava tão perdida com tudo aquilo que só acenei e aceitei a sua ação prestativa. Prestativa... Prestativa? Jason não era prestativo! — JASON! — Esmurrei a porta quando me toquei. Como eu poderia esquecer que aquela dispensa era a prova de som e que a tia sempre usava para se trancar e ler os seus contos eróticos? Ela havia me contado em uma conferência de Skype. Amanhã era meu primeiro dia na escola e estava trancada esperando a boa vontade de alguém abrir a porta! Como eu ia dormir? Comer? Beber?! Aquele escroto, filhinho da p**a iria me pagar mais caro ainda por me fazer passar por isso! — EU VOU TE MATAR! — E continuei a esmurrar inutilmente até me cansar. Agora só faltava esperar e torcer.
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