Desde criança sempre presenciei brigas e discussões dos meus pais, mas havia um porém, as brigas foram piorando conforme o tempo, e já até presenciei uma briga de faca entre meus pais. Eu não tinha irmãos ou alguém que pudesse dizer que estava "tudo bem" ou que "aquilo iria passar logo". Muito pelo contrário, eu ficava quieta na minha, mas sempre que meu pai ou minha mãe iam descontar a raiva deles em mim, eu não abaixava a cabeça, eu respondia sem medo e isso se tornou um hábito r**m. Começou em casa com meus pais, depois na escola com alunos, professores e diretores e até mesmo no trabalho com cliente sempre noção, gerentes sem educação e sempre que alguém vinha discutir comigo eu revidava, não importasse quem, eu já até mesmo discuti com o diretor da minha escola, mas no fim levei uma expulsão, e me mudei de escola... Minha mãe sempre estava brigando comigo por causa de coisas banais, não importava o que eu fazia, se não tivesse a aprovação dela, a gente discutia. E era a mesma coisa com meu pai, só que pior, um dia ele quase foi para cima de mim por que disse que minha mãe havia traído ele. Depois disso, levei um t**a na cara da minha mãe... Bom, as vezes que meu pai chegava em casa bêbado, os dois discutiam, mas por conta disso sempre fiquei trancada no quarto ou fora de casa. Eu também sempre tive dificuldade para confiar em alguém e acabo sempre guardando tudo para mim mesma. Essa foi minha rotina, Até meus 16 anos, quando eu comecei a trabalhar e finalmente comprei uma pequena casa para mim, era simples mas fiquei nela por um tempo e consegui alugar um pequeno apartamento num condomínio que havia uma péssima fama. Mas por tempo, estava bom.
Minha rotina era trabalhar, ir para o colégio e ficar em casa, eu morava sozinha, era um sonho realizado, não havia ninguém para gritar comigo. No colégio, quando eu estava no nono ano do ensino fundamental, conheci um garoto, ele havia se mudado recentemente para minha escola, ele havia dito que seu nome era Luccas, ele era moreno, seus cabelos eram castanhos escuros, seus olhos eram pretos e ele aparentava ser tímido. Na hora eu pensei que ele era gay por seu estilo de roupa, é errado julgar um livro pela capa? Sim. Mas dito e feito, ele havia comentado com algumas pessoas que era gay e isso fez com que as pessoas se afastassem dele. Mas isso fez com que a gente se aproximasse ainda mais. Ficamos ainda mais próximos, nos tornamos melhores amigos eu sempre frequentava a casa dele depois das aulas. Ele havia falado para mim que seus pais haviam sofrido um acidente e acabaram falecendo, e ele herdou a casa e diversos bens de seus pais. Sua história de vida apertou meu coração mas só fez com que a gente ficasse ainda mais próximos, mas com o passar do tempo ele começou a sofrer bullying, eu defendia ele quando podia, mas o bullying era pesado... Começou com xingamentos e depois piorou com chutes e socos. O nome do filho da p**a era Caique. Ninguém da escola gostava dele, ele era frio e seu olhar era calculista, suas atitudes eram violentas e desrespeitosas. Ele implicava com todo mundo, era como um hobby para ele, mas o em especial era o Luccas. Apenas a respiração de Caique já conseguia me irritar, mas ele nunca vinha para cima de mim por causa do meu jeito, ele sabia que nunca ia dar certo me implicar.
Atualmente tenho estado confusa sobre minha sexualidade, já me perguntaram milhares de vezes se eu gostava de mulher, eu sempre digo que não, mas isso tem me deixado confusa ultimamente. Tenho refletido muito, isso tem afetado minha concentração nos estudos no colégio, até mesmo o Luccas, percebeu minha falta de atenção nas coisas e perguntou se estava acontecendo algo comigo.
—Amiga, você tá bem? Parece pensativa ultimamente... —Luccas pergunta enquanto brinca com seus cachos de cores avermelhadas.
—Estou bem sim...— Digo desviando o olhar enquanto apoio o queixo na palma de minha mão.
—Não é o que parece.
Olho em volta, vendo os alunos conversarem entre si na sala de aula e andarem por ali. Quando me dou conta, eu estava olhando para uma garota, ela era da minha sala e eram bem popular, mas eu não sabia o nome dela. Ela era loira, patricinha, tinha cabelo liso e olhos azuis, unhas perfeitamente esmaltadas e retas. Desvio o olhar com minha bochechas levemente ruborizada e com um sorriso bobo brincando com meus lábios, olho para Luccas e o vejo sorrindo com um maldito sorriso provocativo nos lábios.
—Você tá gostando da Gabriella?— Luccas pergunta com um olhar malicioso.
Meu rosto fica ainda mais vermelho ao pensar na garota e tento me defender.
—Não p***a! Claro que não!
Era mentira.