Padre. Eu estava dentro do confessionário. Na penumbra daquele pequeno espaço de madeira e silêncio, eu me tornava apenas ouvidos e compreensão. Como padre, essa era uma das partes mais difíceis, mas também uma das mais essenciais da minha missão. Às vezes, eu escutava confissões menos dolorosas—mulheres que haviam brigado com os maridos, adolescentes que tinham se entregado ao primeiro namorado, pessoas que carregavam culpas que a sociedade já havia julgado por elas. Algumas vinham tremendo, temendo minha reação. Outras vinham buscando conforto, redenção. Mas também havia as confissões pesadas.Histórias que me faziam respirar fundo antes de responder.Eu escutava assassinos. Eu escutava criminosos.O crime não tinha rosto. A maldade não se anunciava com vestes escuras e um olhar sombri

