Passei a madrugada inteira com a mente fervendo. Cada cálculo que rabiscava era uma tentativa desesperada de desviar minha atenção, de acalmar o monstro dentro de mim. Em alguma parte do caminho, da minha subida entre o asfalto e o morro, eu tinha me transformado em um monstro, e não percebi.
Se eu estava com raiva? Estava. Mas era algo que ia além da raiva, muito além. Por quê? Não era só raiva. Era a mistura sufocante de dor, culpa e a necessidade de justiça. Jorge Luís e Júnior tinham destruído o que era mais importante para mim, mas agora, finalmente, eu estava a um passo de fazê-los pagar.
E, finalmente, eu estava a um passo de reconstruir minha vida também. Não era mais a vida do asfalto, mas a mulher que eu amava estava comigo, e isso era o mais importante. Como era. Me deitei por
