— Não quero saber — respondeu Síria com dificuldade.
— Do que você tem medo?
— Nada.
— Então por que sempre tenta me afastar de você?
— Acho que é meio óbvio — respondeu ela. — Se te vissem aqui comigo agora, você estaria em sérios problemas. Já pensou nisso?
— Já, e não me importo. — Olhando nos olhos dele, ela sabia que ele falava sério. Não havia qualquer sinal de hesitação.
— Você é louco?
— Só quando diz respeito a você.
Klaus podia ver o medo nos olhos dela. Ele aproximou o seu rosto do dela lentamente, os seus olhos fixos naqueles lábios vermelhos que pareciam implorar por seu toque. Encostou os seus lábios nos dela suavemente.
— Não tenha medo — sussurrou contra os seus lábios.
Ele sentiu o corpo dela tremer nos seus braços e a abraçou forte, beijando-a com delicadeza. Seus lábios moviam-se nos dela de forma lenta e sensual. Ele a beijava de maneira gentil, enquanto ela, aos poucos, começou a retribuir. Klaus mordiscou os seus lábios de leve, sentindo o calor dela. Por mais que quisesse beijá-la de forma ardente e possessiva, não queria assustá-la. Lentamente, ele quebrou o contato entre eles, encostando a sua testa na dela.
— Isso é loucura — disse ela, ofegante.
— Não é — respondeu ele, afastando-se para olhar nos seus olhos. — Eu me apaixonei por você, Síria, desde a primeira vez que te vi. Tão linda e determinada.
— Eu só trarei problemas para você.
— Não vai. Pela primeira vez na minha vida, não vou abrir mão de algo que gosto por causa dos outros. — Ele a abraçou, inalando o seu perfume. Ela tinha um cheiro tão bom para ele.
— Apenas prometa que vai pensar. — Síria não respondeu. Não sabia o que dizer. Nunca pensou que isso pudesse acontecer com ela.
— Tenho que ir — disse, afastando-se dele. — Quer uma carona?
— Não precisa. Vou ficar bem — respondeu ele, sorrindo. — Tenha uma boa noite.
Ela não respondeu. Entrou no carro e foi embora. Klaus a observou partir com um sorriso no rosto. Pela primeira vez na sua vida, sentia-se aquecido por dentro.
No caminho para casa, Síria não conseguia tirar as palavras de Klaus da cabeça. Sabia que ele estava sendo sincero. As imagens do beijo que ele lhe deu passavam na sua mente, e ela sentia aquele frio na barriga. Mas, ao mesmo tempo, lembranças há muito esquecidas brotavam na sua mente. Lembrava-se do que aconteceu com as últimas pessoas que amou. Por mais que Klaus mexesse com ela, ela não permitiria que ele tivesse o mesmo destino do seu antigo amor.
Quando chegou em casa, encontrou Xavier esperando na sala. Sempre era assim; sempre tinha alguém esperando por ela. Síria os amava como verdadeiros irmãos. Independentemente da situação, eles sempre cuidavam dela.
— Você não parece bem — disse Xavier, sentado no sofá. Ela veio e deitou-se no sofá, colocando a cabeça no colo dele.
— Fico pensando por que as coisas têm que ser tão difíceis para mim. — Ele acariciava os seus cabelos de forma reconfortante.
— Já pensou que, às vezes, é você quem está dificultando as coisas? — Ela o olhou, intrigada.
— Desde quando o meu irmão ficou tão sábio? — Ele sorriu com a pergunta.
— Sempre fui.
— Talvez você esteja certo.
— O que houve desta vez?
— Encontrei o agente no hotel.
Xavier a olhou intrigado. Não imaginava que Klaus realmente investiria nela, mas não pôde deixar de sentir certa felicidade com isso. Um sorriso curvou os seus lábios.
— Ele tem coragem, tenho que admitir. — Ela se sentou, saindo do colo dele.
— Está do lado dele?
— Estou do lado da sua felicidade. E, se for ele, por mim, tudo bem.
— O que houve com você hoje? — disse ela, cruzando os braços. Xavier a observou com graça. Descruzou os braços e segurou a mão dela.
— Síria, nada é mais importante para nós do que ver você feliz. Posso não ir muito com a cara dele, mas sei que é um cara honesto e que vai cuidar de você. Não se prenda mais ao passado.
— Fico pensando que o que aconteceu possa se repetir.
— Não vai — disse ele, erguendo o rosto dela. — Sabe por quê?
Ela negou com a cabeça.
— Ele é um cara treinado, sabe se defender e sempre terá a nós quando precisar.
— Não sei — disse, confusa.
— Não apresse as coisas. Ele conhece a sua verdadeira face e não fugiu. Então, talvez você devesse dar uma chance a ele.
— Vou pensar.
— Garota tola — disse Xavier, puxando-a para um abraço. — Não deixe a sua felicidade de lado por medo.
Ele a soltou e olhou nos seus olhos.
— E, se ele aprontar, sempre podemos dar um fim nele — disse Xavier, piscando para ela. Síria riu, levantou-se e subiu as escadas.
— Boa noite, e obrigada pela conversa.
— Sempre estarei aqui por você, não importa onde vá.
Aquela noite, Síria dormiu bem. Teve uma boa noite de sono e descansou como há muito tempo não fazia.
Quando Klaus chegou em casa, havia um pacote esperando por ele. Pegou-o e entrou. Sentou-se no sofá e abriu o envelope. Ficou chocado com o que viu. Havia vários documentos que ligavam o chefe de gabinete da agência a diversos crimes, incluindo tráfico infantil, exploração, desvio de dinheiro. A lista era extensa.
Ele nunca imaginou que alguém da agência pudesse fazer algo assim, mas fazia sentido. Afinal, a pessoa sempre estaria à frente, conseguindo escapar da justiça sem ser notada. Klaus jogou os documentos sobre a mesa, frustrado. Precisava fazer algo a respeito, mas a agência não poderia saber. Seria difícil adivinhar quem mais estava envolvido naquela sujeira.
Pensando nos últimos eventos, Klaus questionou se o alvo de Síria naquela noite sabia algo a respeito. Precisava vê-la e perguntar. Só assim poderia esclarecer algumas coisas.
Ele sorriu ao pensar nela, no quanto havia se sentido bem ao beijá-la, em como ela o atraía. Não desistiria dela. Não importava o que ela dissesse, estava determinado a conquistar aquele coração. Com esse pensamento, foi tomar banho, sorrindo. Que o jogo da conquista começasse.