Ricardo estava no escritório analisando os documentos que Xavier havia conseguido. Os seus olhos passavam pelas páginas e se estreitavam cada vez mais com o que via. Com toda certeza, eles teriam problemas para resolver tudo.
— Oi, chefe — Nico entra no escritório e se joga na cadeira em frente a Ricardo.
— O que foi? — pergunta, olhando sobre a tela do computador.
— Nada, o carregamento chegou bem e já saiu para a distribuição.
— Conferiu a quantidade?
— Pesamos e parece que bate com o que pedimos.
— Antes de distribuir, verifique a qualidade. Tenho a impressão de que teremos que trocar o nosso fornecedor — fazia tempo que Ricardo percebia que os carregamentos de armas estavam sofrendo alterações, mas ele queria saber até onde o seu fornecedor iria, pensando que ele não sabia de nada.
— Isso é verdade. Parece que algumas das armas que estão vindo não são de boa qualidade.
— Escolha algumas pessoas e separe essas armas de má qualidade — Ricardo tinha um plano, e seu fornecedor não ficaria feliz quando descobrisse.
— O que você pretende fazer com as ruins?
— Um caixão — Nico olha surpreso para Ricardo. Apesar do tempo que conviviam, ele sempre se surpreendia com a tranquilidade de Ricardo.
— Beleza, já entendi — Nico sai, deixando Ricardo com os seus arquivos. Hoje a casa estava vazia. Síria havia saído, Xavier também. Só haviam ficado ele e Charles.
— Charles — chama na porta do quarto.
— O que foi?
— Temos trabalho — diz, esperando ele abrir a porta. — Anda logo.
— Já vou — minutos depois, Charles abre a porta usando apenas uma calça de moletom.
— Já viu que horas são? Você ainda está de pijama? — Charles revira os olhos, encarando Nico.
— Hoje temos pouco serviço.
— Bora, tem algumas armas para separar.
— Problemas com o carregamento?
— Sim, algumas armas adulteradas.
— E o que o Ricardo disse?
— Mandou fazer um caixão com elas — Charles deixa escapar um risinho. Ricardo não tolerava ser passado para trás. Apesar de não mexerem com tráfico de drogas, a Fênix era bem conhecida por sua qualidade em fornecer armamento.
— Pelo que vejo, o meu fim de semana foi pro saco — diz, passando a mão pelos cabelos.
— Anda logo. Quanto mais rápido vermos isso, mais rápido eu volto pra casa.
Minutos depois, Nico e Charles chegavam ao galpão da Fênix. Com a ajuda de alguns soldados, eles separam as armas boas das ruins. Levaram a tarde inteira nisso, mas realmente foi provado que havia uma grande quantidade de armas de segunda linha misturadas com as boas.
— Que merda — diz Nico, passando a mão na testa suado.
— O chefe vai ficar uma fera — responde Charles.
— Fazer o quê? — Nico dá de ombros. No mundo deles, era assim: aquele que pisava na bola arcava com as consequências de seus erros.
Eles mandam para a forja as armas ruins e retornam à mansão para avisar Ricardo. Pelo que viam, a noite deles seria longa.
— Mande mensagem para o Bairon. Fala que eu quero um encontro com ele hoje à noite — a expressão de Ricardo era sombria. Ele não havia crescido nesse mundo sendo gentil e não começaria agora.
— Deixa comigo — Nico pega o celular e marca o encontro.
— Minha encomenda está pronta?
— Vai estar pronta a tempo, chefe — confirma Charles.
— Uma pergunta — diz Nico, voltando ao escritório.
— Diga.
— Se vamos matar o nosso fornecedor, de quem vamos comprar? — Ricardo sorri com a pergunta de Nico.
— Não se preocupe. Já conversei com Yuri Ivanov. Ele irá fornecer para nós.
— O russo?!
— Sim. É claro que isso não sairá de graça, mas é o melhor que temos.
— Pelo menos sabemos que a mercadoria dele é boa — diz Charles.
— O que ele pediu em troca? — Os russos nunca faziam nada de graça, e Nico sabia muito bem disso.
— Querem que eliminemos algumas pessoas para eles.
— Eles sabem as nossas regras?
— Já passei para ele, e ele concordou. Além disso, é claro, teremos a proteção deles em caso de um possível ataque, assim como eles terão a nossa caso precisem.
— Nós não somos uma organização muito grande — diz Charles, analisando a situação.
— Isso porque não queremos chamar atenção, mas somos silenciosos, e isso é o que ele precisa no momento.
— Entendi. Ele quer pegá-los de surpresa — diz Nico.
— Exatamente!
— E quando ele chega?
— Para nossa sorte, amanhã de manhã ele estará aqui na cidade. Então já vamos negociar o próximo carregamento.
— Isso foi rápido — diz Nico. Mas isso não o surpreendia. Ricardo sempre estava um passo à frente de seus inimigos.
A Fênix não seria uma boa organização se deixassem pontas soltas. Pelo contrário, eles eram especialistas em apará-las.
Após a conversa no escritório, Nico passa na forja e pega a encomenda de Ricardo. Assim, seguem para o encontro com Bairon na saída da cidade.
Ricardo sempre andava com poucas pessoas. O seu jogo era ser discreto, até porque, se você for eliminar alguém e levar muitas pessoas, provavelmente eles desconfiariam. Ele desce do carro seguido por Nico e Charles. Atrás dele, havia dois soldados esperando as suas ordens.
— O que devo a esse encontro, Ricardo? — Ricardo olha para Bairon com desprezo. Ele levanta a sua mão e os seus soldados abatem os de Bairon.
— Bem, você tem me passado a perna, meu bom. Acho que é motivo suficiente para marcar um encontro com você — Ricardo observa os olhos de Bairon se arregalarem. Ao que parece, ele estava bem ciente da situação.
— Isso é impossível! — O desespero estava marcado no rosto de Bairon.
— Acho que não. Mas não se preocupe, eu resolvi trazer a sua mercadoria r**m de volta para você — com um aceno, os soldados pegam o caixão na traseira da caminhonete e o colocam aos pés de Ricardo.
— O que acha? — pergunta sério. — Não é o presente perfeito para um ladrão?
— Por favor, Ricardo, eu sou inocente, juro que não fiz isso.
— Então, quem foi? — Ricardo vê Bairon se atrapalhar com a resposta. Então, com um aceno, os seus soldados pegam Bairon e o colocam dentro do caixão, fechando a tampa.
— Cavem um buraco e coloquem fogo. Depois, joguem o caixão dentro e mandem a localização para os aliados dele. Ninguém me passa a perna.
— Sim, chefe.