Capítulo 8

1016 Words
Klaus chegou em casa, tomou banho e tentou comer alguma coisa, mas a cena que presenciara no caminho ainda estava em sua memória. Ele ainda não entendia por que estava tão preocupado com aquela mulher, mas, toda vez que se lembrava dela, vinha-lhe um desejo de protegê-la, de envolvê-la nos seus braços e curar todas as suas feridas. Ela era tão jovem, e, pelo que percebeu, ele sabia que ela devia ter passado por um inferno. Ele nunca viu alguém surtar daquele jeito e sabia, por experiência, que, quando isso acontecia, era porque a situação estava feia. Ele estava perdido nos seus pensamentos quando o telefone bipou. Ele pegou o aparelho e viu que era uma mensagem de um número desconhecido. Quando abriu, a surpresa o dominou: era uma foto dela. Ela estava deitada numa cama, dormindo. Dava para ver, no canto da foto, que alguém segurava uma das suas mãos, agora enfaixada com curativos. Havia uma legenda curta abaixo: "Ela está bem, está descansando no momento." Klaus ficou surpreso. Quando pediu que o avisassem sobre o estado dela, não imaginou que realmente fariam isso. Ele abriu a imagem novamente. Ela parecia tão serena, descansando. Quem a visse agora não diria que era a mesma pessoa de algumas horas atrás. Ele digitou um rápido agradecimento para quem havia enviado a foto. Ele só podia estar ficando doido, pensou; não conseguia tirar da cabeça uma mulher de quem nem sabia o nome. Klaus não entendia o sentimento que o dominava. Pegando a foto e olhando novamente, franziu o cenho ao ver a mão que segurava a dela na foto. Frustrado, jogou o celular no sofá, levantou-se e passou a mão pelos cabelos. Era estranho não saber que sentimento era aquele, verdadeiramente frustrante. Ele foi para o quarto, deitou-se e tentou dormir um pouco. No dia seguinte, parecia que Klaus havia sido atropelado por um ônibus. O seu corpo inteiro doía, ele não havia dormido direito e, quando cochilava, tinha sonhos estranhos com a mulher misteriosa. Decidido a deixar esses pensamentos de lado, ele se arrumou e foi trabalhar. O prédio onde ficava o serviço de inteligência era discreto e pequeno. Ele estacionou e entrou. — Bom dia, agente Montovan — disse a recepcionista, sorrindo. — Bom dia, Céli. O Max já chegou? — Sim, ele já está no escritório. Klaus agradeceu, entrou no elevador e seguiu para sua sala. — Bom dia, galã — disse Max, em tom jocoso. — Bom dia. O que temos para hoje? — Pelo visto, a sua noite não foi boa. Alguém te deu um fora, foi? Klaus queria dizer que Max estava errado, mas não era bem isso. — Quase isso. Ele viu a surpresa no rosto de Max, que correu para sentar-se à sua frente, a curiosidade brilhando nos seus olhos. — Quem é ela? Eu a conheço? — Não. Para falar a verdade, nem eu a conheço. Max o olhou, confuso. — Acho que não entendi. Klaus suspirou, passou a mão pelo rosto e voltou a sua atenção aos documentos à sua frente. — Melhor nem perguntar. É complicado. Outra hora eu te conto. — Estraga-prazeres! Só me deixou curioso. Max reclamou, indo para sua mesa. O dia de Klaus passou voando. Ele achava entediante fazer relatórios, mas nem sempre apareciam casos importantes, então os relatórios o mantinham ocupado. Na hora do almoço, comeu no escritório mesmo, adiantando o serviço. A tarde não foi diferente da manhã, e assim o dia se foi. No caminho para casa, ele ainda passou no supermercado; precisava de algumas coisas para casa. Na saída, estava tão distraído que acabou esbarrando em alguém. — Me desculpe, estava um pouco distraído — disse, ainda sem olhar para a pessoa. — Não tem problema. Quando ouviu a voz, levantou a cabeça correndo, vendo um par de olhos castanhos o olhando. — Você! Parece que o destino vive nos juntando — ele sorriu para ela. — Acredito que seja apenas uma coincidência — respondeu ela, séria. Klaus a observou e percebeu que ela estava com uma pequena colher na mão. Olhando novamente para baixo, viu um pequeno pote de sorvete no chão. — Me desculpe, não tinha percebido que derrubei o seu sorvete. Deixe-me comprar outro para você. — Não precisa. — Eu faço questão. Só vou guardar essas compras no carro. Síria iria negar, mas, ao se lembrar do que aconteceu da última vez que se viram, resolveu aceitar. — Tudo bem. Klaus ficou surpreso; já estava pronto para convencê-la, mas não foi preciso. — Sério? — Sim. Ou mudou de ideia? — Ela se divertiu com a expressão dele. — Não, eu estava falando sério. Me espera aqui. Vou pôr essas coisas no carro e já volto. Klaus saiu com um pequeno sorriso nos lábios. Nunca pensou que ela concordaria. Correu até o carro, deixou as compras e voltou para onde ela estava. — Vamos? Ela acenou, concordando, e seguiu ao lado dele até a sorveteria perto do mercado. Entraram, compraram o sorvete e foram se sentar em um banco na praça. — Então, você adora chocolate? — perguntou Klaus, ao lembrar o sabor do sorvete. — Gosto. A gente nunca erra quando é chocolate — respondeu ela, levando a colher com sorvete à boca. Klaus observou, fascinado, o quanto ela estava tranquila. — Será que posso perguntar o seu nome agora? Ela se virou para olhá-lo. O seu rosto estava calmo e os seus olhos transmitiam tranquilidade. — É tão importante assim para você saber o meu nome? — Sim. Acredito que esta não será a última vez que a vejo. Seria bom saber o seu nome. A resposta de Klaus fazia sentido para ela. Então, deu de ombros e o encarou novamente. — Tudo bem. Klaus ficou surpreso mais uma vez. — Meu nome é Síria. Klaus a observou atentamente. Para ele, era um nome incomum, mas combinava com ela. — Então, vamos fazer isso direito — disse, estendendo a mão para ela. Ela pegou, um tanto quanto relutante. — Muito prazer, Síria. Ela deixou escapar um pequeno sorriso com o gesto dele.
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