Capítulo 7

989 Words
Nico deu um meio sorriso zombeteiro. — Por quê? Ficou interessado na nossa irmãzinha? Nesse momento, Charles e Xavier pararam o que estavam fazendo e encararam Klaus com olhares assassinos. — Tenho certeza de que o agente ainda tem amor à vida. — Pois é, ele não está meio jovem para morrer? — perguntou Charles. — Vocês são ridículos — disse Klaus, observando-os sem expressão. — Fique longe dela se quiser manter a cabeça no pescoço — disse Nico, apontando o dedo para Klaus. — Chega disso — interveio Xavier. — Ela precisa de cuidados. Vamos embora. Xavier pegou Síria nos braços e caminhou em direção ao carro, mas Klaus entrou na frente. — Por favor, me mandem uma mensagem quando ela for atendida. Estou realmente preocupado — disse ele, estendendo um cartão com o seu telefone. — Não se preocupe. Ela estará segura e bem conosco — disse Charles, pegando o cartão. Ele passou por Klaus e abriu a porta de trás para Xavier entrar com Síria, que ainda estava desacordada. — Nico, leva o carro dela — ordenou Xavier. — Pode deixar — respondeu Nico, já entrando no veículo. Logo, todos partiram, deixando Klaus parado no mesmo lugar. Os seus pensamentos estavam uma bagunça, mas sua preocupação era genuína. Ele sabia que cuidariam dela, pela forma como a trataram minutos antes. Contudo, algo nisso o incomodava, e ele começou a se questionar se estava enlouquecendo. Xavier olhava para Síria com preocupação. A suas mãos estavam machucadas, o que só aumentava o receio dele quanto à saúde mental dela. Depois do aniversário da morte dos seus entes queridos, ele achava que ela ficaria bem, mas estava enganado. — O que você acha que aconteceu? — perguntou Charles, enquanto dirigia. — Acho que a conversa dela com a Joana não deve ter sido fácil. Ela ainda tem dificuldade em relembrar aquele dia. Charles suspirou, olhando para a mulher inconsciente no colo de Xavier com pesar. — Até eu tenho dificuldade de me lembrar daquele dia. Sempre que penso nisso, me sinto m*l. Nunca vou esquecer daquela cena. Não era preciso Charles explicar qual cena era. Xavier também passara noites sem dormir depois de presenciar o ocorrido. Quando Síria matou o assassino do seu marido e filho, o seu rosto havia se transformado. O mais macabro foi o sorriso estampado no seu rosto quando ela enfiou a mão no peito do homem e puxou o seu coração. Depois disso, ninguém na organização ousava desrespeitá-la ou fazer brincadeiras. O medo deles por ela era evidente. Apenas os mais próximos se permitiam agir de forma diferente. Xavier sentia falta da antiga Síria, que irradiava calor e era uma luz para todos. Infelizmente, essa luz havia se apagado. Ao chegarem à mansão, o chefe e o médico já os aguardavam. Como nas outras vezes, sabiam que ela só precisava de descanso. Xavier levou Síria para o quarto e a colocou na cama. Tirou os seus sapatos e esperou o médico examiná-la. Enquanto o médico fazia o exame, Xavier contou ao chefe o que havia acontecido. — Ela está bem — disse o médico, fazendo os curativos nas mãos dela. — Passou por um pico de estresse. Dei um calmante, então ela vai dormir até amanhã, por volta das onze horas. As mãos têm apenas lesões superficiais. Vou deixar remédios e curativos, que devem ser trocados duas vezes ao dia. — Obrigado, doutor — agradeceu o chefe, sentado na cama. — Pelo histórico dela, seria bom evitar certos assuntos. Isso a deixa muito estressada e não faz bem. — Não se preocupe, doutor. Tomaremos as devidas precauções — disse Xavier, segurando uma das mãos dela. — Este ano ela parecia mais tranquila. Isso mostra que está começando a se recuperar. Permitam que ela faça isso no tempo dela. Não a pressionem demais. Traumas assim levam tempo. — Faremos tudo ao nosso alcance para ajudá-la. Mais uma vez, obrigado — respondeu Ricardo, levantando-se e cumprimentando o médico. — Qualquer mudança, me liguem. — Sim, faremos isso. O médico foi embora, deixando apenas Ricardo e Xavier no quarto. Após o que ouviram, sentiam-se culpados pelo estado de Síria. Afinal, sempre a lembravam do que aconteceu. — Ela está melhor? — perguntou Charles, entrando no quarto. — Sim. O médico disse que ela estava sob muito estresse e acredita que a pressionamos demais — respondeu Ricardo, levantando-se. Era visível a sua frustração. — Não dá para discordar. Insistimos demais, e acredito que hoje ela chegou ao limite — disse Xavier. — Joana deve estar se sentindo péssima. — Está. Já me ligou várias vezes, mas o médico ainda estava examinando ela. — Quando ela acordar, devemos conversar. Precisamos pedir desculpas — afirmou Ricardo. Ele se aproximou, deu um beijo na testa de Síria e saiu. Xavier observou intrigado enquanto Charles tirava uma foto de Síria. — O que está fazendo? — Vou mandar para o agente. Xavier ficou surpreso com a resposta. — Vai mesmo fazer isso? — Fazer o quê? — perguntou Nico, entrando no quarto. — Ele vai mandar uma foto dela para aquele cara — respondeu Xavier, emburrado. Para ele, Síria era como uma irmãzinha. Imaginar alguém como Klaus perto dela o incomodava. — Uau! Vai dar uma de casamenteiro, é? Charles o encarou sério. — Vocês viram que ele estava preocupado. Gosto dele tanto quanto vocês, mas vamos ser realistas. Ele viu tudo e mesmo assim não fugiu para as montanhas. Temos que reconhecer que ele tem coragem. Charles enviou a foto com a legenda informando que ela estava bem. — Pronto. — Tenho a impressão de que esse cara vai ser uma pedra no sapato — disse Xavier, coçando a barba por fazer. — Bem, vamos esperar para ver. Às vezes ele desiste. Ninguém em sã consciência se envolveria conosco — respondeu Charles. Para ele, o perigo constante em que viviam afastava as pessoas. — Não é a impressão que eu tenho.
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD