Ela atende a ligação, ansiosa.
— Bom dia, Alícia.
— Oi, Sí, bom dia.
— O que você tem pra mim?
— Descobri tudo sobre ele. O nome dele é Klaus Montovan, tem trinta e cinco anos, mora no centro da cidade e faz parte das forças especiais. É uma organização dentro da polícia que opera de forma independente. Vou mandar o endereço dele para o seu telefone.
— Obrigada, Alícia. Mas vou precisar de mais um favor.
— Claro, do que você precisa?
— Preciso que você hackeie as câmeras de segurança da casa dele e as dos arredores. Também preciso que desative o sistema de segurança da casa.
— Isso é moleza. Me avise quando estiver saindo, que eu vou deixar uma brecha de algumas horas para você.
— Ótimo! Obrigada, fico te devendo uma.
— Eu vou cobrar.
— Pode cobrar.
Síria encerrou a ligação com um sorriso no rosto. Ela pensou: Hoje o senhor Klaus terá uma visita surpresa. Subiu as escadas e foi direto para o seu quarto. Pegou o notebook e começou a pesquisar mais sobre Klaus. A manhã passou voando, e a sua curiosidade sobre quem aquele homem era só aumentava. Quando percebeu, já passava das cinco da tarde.
— Síria? Você está aí?
Ela ouviu Nico chamando na porta.
— Oi, Nico, pode entrar.
Ele entrou e fechou a porta atrás de si.
— O que você estava fazendo? Me disseram que você não desceu para almoçar.
— Estava sem fome. O que você quer?
— Nossa! Quanta hostilidade com o seu irmãozinho.
Disse ele, levando a mão ao peito. Ela o encarou sem nenhuma expressão.
— Não é hostilidade, é ir direto ao ponto.
— Tudo bem — disse, rendendo-se. — Vamos sair para jantar fora. Você vem com a gente?
— Não.
Ele jogou as mãos para o alto, desesperado.
— Eu disse a eles que seria melhor te nocautear e levar apagada.
— Como se você conseguisse fazer isso.
— Hoje você está insuportável — disse sério. Ela o ignorou e caminhou até a escrivaninha para fechar o notebook.
— Tenho um compromisso à noite.
O rosto de Nico se iluminou. Ele deu alguns pulinhos e foi na direção dela.
— Quem é ele? Eu conheço? Trabalha onde? É de outra organização?
Ele disparava perguntas sem parar, enquanto Síria o encarava com a mesma expressão vazia de antes.
— Não é um encontro.
Nico parou e a encarou, decepcionado.
— Olha, se você vai sair à noite por aí, matando sem rumo, esquece. O chefe já deu ordem para ficarem de olho em você.
Síria suspirou, e a ideia de dar alguns chutes em Nico parecia mais atraente a cada segundo.
— Não vou fazer isso. Mas tenho algo a resolver.
— Síria...
— Eu sei, não se preocupem.
Vendo que nada a faria mudar de ideia, Nico finalmente desistiu e saiu do quarto, deixando-a sozinha novamente.
Quando deu seis horas da noite, Síria tomou um banho, vestiu uma calça preta e tênis da mesma cor, colocou uma regata branca, posicionou o coldre com duas pistolas e o cobriu com um moletom de capuz. Pegou o celular e saiu. A casa estava silenciosa. Ela ligou para Alícia, dando sinal verde, entrou no carro e saiu.
O arquivo dizia que Klaus chegava em casa por volta das sete horas da noite. Era o momento perfeito para esperar. Síria dirigiu lentamente pelas ruas da cidade. Muitas pessoas estavam voltando para casa, deixando o trânsito lento. Depois de alguns minutos, ela chegou ao destino, estacionou o carro na rua de trás e foi até a entrada da casa. O portão já estava destravado. A porta da casa estava fechada, mas, com a ajuda de algumas ferramentas, ela conseguiu abri-la. Entrou e fechou novamente.
Síria não perdeu tempo observando a casa. Entrou na sala, sentou-se em uma poltrona ao lado da janela e esperou.
Depois de cerca de vinte minutos, ouviu o barulho do portão se abrindo. Passos pesados se dirigiram à porta da casa. Ouviu o som do alarme sendo desligado e, em seguida, a porta se abriu. Ele entrou, acendeu a luz e parou.
Klaus havia tido um dia de cão. Tudo o que ele desejava era chegar em casa, tomar um banho, comer algo e cair na cama. Mas, pelo visto, o destino tinha outros planos. Quando entrou em casa, estava distraído. Só percebeu a pequena figura sentada na poltrona ao acender a luz da sala.
À primeira vista, ele se encantou com a beleza da mulher que estava na sua casa. Depois, lembrou-se de que ela estava invadindo. Rapidamente, sacou a sua arma, apontando para a cabeça da invasora. Síria observava as ações de Klaus com diversão.
— Boa noite, Klaus Montovan. Estava esperando por você.
Klaus foi atingido por um misto de emoções ao ouvir a voz de Síria. O seu corpo reagiu com um arrepio que o percorreu inteiro, atiçando a sua curiosidade e aumentando a sua cautela. Ela, por outro lado, o encarava séria, sem demonstrar nervosismo, surpresa ou medo. Para ele, ela parecia completamente à vontade. A arma apontada para ela não a intimidava. Na verdade, parecia que ela estava acostumada com isso.
Klaus ficou intrigado. Ela estava vestida de forma simples, com roupas que a fariam passar despercebida na rua. Ele notou o coldre com duas pistolas no seu corpo. Percebeu, então, que, embora ele estivesse apontando uma arma para ela, ela não fez menção de sacar as suas. Ou seja, o objetivo dela não era matá-lo.
Síria aguardava uma reação do homem à sua frente. Ele era grande, bem musculoso, com cabelos pretos em estilo militar. Impressionante, mas ela não se deixava levar pela aparência. Aparências enganam, e manter a cautela era essencial para ela. Afinal, como diz o ditado: "Seguro morreu de velho".
Ela permitiu que ele a analisasse. Notou quando, em determinado momento, ele relaxou os ombros, provavelmente percebendo que ela não estava ali para matá-lo. Os seus olhos se fixaram nos olhos castanhos dele.
— Quem é você?
Klaus fez a pergunta que mudaria a sua vida.