Capítulo 19

1072 Words
Síria acordou no dia seguinte bem disposta. Apesar do incidente da noite anterior, ela estava bem. Ao lembrar-se do que havia acontecido, balançou a cabeça. Como dois homens adultos podiam agir como crianças? Ela pensou, mas decidiu que eles teriam que resolver isso entre si. Não se envolveria naquela disputa ridícula. Após tomar um banho demorado, Síria se arrumou e desceu para tomar café. — Bom dia. — Bom dia — responderam. Ricardo estava lendo um jornal, como sempre. Charles lhe servia uma xícara de café. Quando ela tomou o primeiro gole, suspirou. Estava precisando daquela xícara. Síria olhou e viu Nico debruçado sobre a mesa. Com o pé, ela o chutou por baixo da mesa. — Qual é! — reclamou ele, levantando a cabeça. — Nunca mais saio para beber com você, Nico! — disse ela, fulminando-o com o olhar. — Não pode ter sido tão r**m assim. E fala baixo, a minha cabeça tá me matando. — Você tem ideia do trabalho que me deu para trazer você para casa? Síria era pequena, enquanto Nico tinha quase dois metros de altura, era musculoso e muito pesado. Ela quase caiu várias vezes tentando colocá-lo no carro na noite anterior. — Não pode ter sido tão r**m — rebateu ele novamente. — Na próxima, deixa ele lá. Não fique se desgastando — disse Xavier, encarando Nico sério. — Belo amigo eu tenho! — Você perdeu toda a diversão — as palavras de Charles chamaram a atenção de Nico. — O que houve? — perguntou ele, a curiosidade borbulhando. — O Aurélio e o agente saíram no tapa — disse Charles, sem esconder o prazer que sentiu ao ver os dois rolando no chão. — Não acredito nisso! — Ela quase matou os dois com os tiros que deu — acrescentou Charles. Nico encarou Síria, de boca aberta. Então, como uma criança, jogou a cabeça para trás e gemeu em frustração. — Por que essas coisas só acontecem quando eu não estou por perto? — Você estava bêbado, desmaiado no seu quarto, seu i****a — disse Charles. A carranca de Nico deixava claro que ele não havia gostado das palavras. — Vamos parar vocês dois — disse Ricardo, abaixando o jornal e encarando os homens à sua frente. — O que temos para hoje, chefe? — perguntou Síria. — Charles e Nico, hoje chega um carregamento. Vocês vão para a transportadora. Nada pode dar errado. — Sim, chefe! — Eles levantaram e saíram sem questionar a ordem recebida. — Xavier, você trabalha no relatório do agente. Tem carta branca para investigar, mas seja discreto. — Pode deixar, chefe. Ele se levantou, deu um beijo na testa de Síria e saiu. — Pelo que vejo, seremos apenas nós para o café. E lá estava um dos motivos da dor de cabeça de Síria: Aurélio, com seu sorriso cínico. — Tá atrasado. Ele se aproximou e se sentou ao lado de Síria, colocando o braço atrás da cadeira dela. — Você tá mais bonita do que ontem, meu anjo. Teve uma boa noite de sono? — Você continua tão galanteador como sempre, Aurélio. — Eu não resisto a uma mulher linda. — Para mim, já deu — disse Ricardo, levantando-se. — Síria, hoje você trabalha com o Aurélio. — Tudo bem. — E você, Aurélio, vê se toma jeito. Se você a colocar em problemas, eu te mato. Aurélio ergueu as mãos em sinal de rendição. — Nada vai acontecer com ela, pode ficar tranquilo. — Isso é tudo o que não posso fazer — respondeu Ricardo, cruzando os braços e arqueando as sobrancelhas. — Não se preocupe. Qualquer coisa, eu te ligo — disse Síria, sorrindo. — Faça isso. Síria olhou para Aurélio e sorriu. Ele parecia um cachorro pedindo petisco; os seus olhos brilhavam. — Então, quais são os planos de hoje? — Eu estava fazendo uma limpa na minha turma, mas alguns conseguiram escapar. — Então vamos caçar? — Exatamente! — Isso vai ser bom. Faz tempo que não faço isso. — Sabia que iria gostar — disse ele, piscando para ela. — Ei, cara! Klaus! — Max chamou Klaus e percebeu que o amigo estava distraído. — Klaus! — Que foi? A mente de Klaus estava longe demais, especificamente na imagem de uma baixinha apontando uma pistola para ele. Com certeza, ele havia enlouquecido. — Em que está pensando? — Nada. — É uma mulher, não é? Max se sentou à frente de Klaus, encarando-o com um largo sorriso. — O que foi? — Quem é ela? — Ninguém. — Se fosse ninguém, você não estaria pensando nela. Max era como chiclete grudado no pé de Klaus. Ele nunca desistia fácil. — Isso não é da sua conta. — Mas você está fazendo muito suspense por essa garota. — Cuida da sua vida. — A minha vida não tem graça — disse ele, espreguiçando-se. — Com licença, agente Montovan — disse Célia, entrando. — Há um pedido para você investigar. Ela lhe entregou um breve relatório e se retirou. — Até que enfim, um pouco de ação! A vontade de Klaus era deixar Max no escritório como punição pela afronta, mas resolveu deixar isso de lado. Eles entraram no carro da agência e seguiram para investigar a denúncia recebida. Era uma possível disputa por território, e a equipe de Klaus foi designada. Após alguns minutos, chegaram a um galpão afastado da cidade. Ao descer do carro, Klaus se surpreendeu com a cena à sua frente. — c*****o! — soltou Max, observando os corpos espalhados pelo chão. — Pelo visto, a coisa foi feia. — O cara que fez isso é um maníaco — disse Max, com o estômago embrulhado ao olhar para os corpos dilacerados. — Infelizmente, não há muito que possamos fazer. Klaus deu uma volta pelo local, tentando encontrar alguma pista, mas não havia nada. Ele se aproximou da equipe da polícia que recolhia os corpos. — O que houve aqui? — perguntou, mostrando o seu distintivo. — Parece que foi um acerto de contas. Não encontramos marcas de pneus nem nada do tipo. Até os sapatos que usaram não deixaram marcas para analisar. — Mas que merda! O pensamento de Klaus voou para Síria. Apesar de já tê-la visto em ação, o seu estilo era diferente daquilo. Mas havia Aurélio, e isso o preocupava. Ele decidiu passar na casa de Síria depois do trabalho. Precisava tirar aquela dúvida.
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