Apesar da tensão na sala, todos sabiam que encontrariam uma maneira de resolver o problema.
— Vou ligar para o Russo. Em breve, terei todas as informações de que preciso — disse Ricardo. A Fênix tinha uma aliança com a máfia russa, e isso seria de grande ajuda agora.
— Assim que tivermos mais informações, marcamos outra reunião — continuou Ricardo, encerrando o encontro.
— Quem tá com fome? — perguntou Nico, todo animado.
— Quero pizza — disse Síria.
— Pode deixar — Nico respondeu, mas olhou para Klaus, emburrado. — O convite não se estende a você.
— Não vou morrer por isso — disse Klaus, levantando-se. — Posso falar com você um minuto? — perguntou ele a Síria.
— Tudo bem.
Ela saiu do abrigo dos braços protetores de Xavier e caminhou para fora da casa, acompanhada de Klaus.
— O que você quer?
— Seu número de telefone — disse ele, com um meio sorriso.
— Não acho que seja uma boa ideia.
— Estamos trabalhando juntos agora. Vai que eu precise uma hora dessas. — Síria riu da tentativa fajuta de Klaus de conseguir seu número.
— Me dá o seu telefone — disse, estendendo a mão. Klaus pegou o aparelho e o entregou. Ela fez uma chamada para o próprio celular e devolveu o telefone para ele.
— Obrigado — disse ele, vitorioso.
Ela assentiu e entrou, deixando-o sozinho com um largo sorriso no rosto. "Um passo de cada vez", pensava Klaus, satisfeito.
— Graças a Deus aquele mala foi embora — disse Nico, jogando-se no sofá ao lado de Charles.
— Você não tem jeito, Nico — disse Síria, que sabia muito bem o que ele havia aprontado. Assim que viu Aurélio chegando de surpresa, ela marchou até Nico e o pegou pela orelha.
— Ai! Ai! Ai!
— Você acha que eu sou b***a, não é, Nico? Acha que não sei o que aprontou?
— Tá doendo, Síria, solta!
— Soltar, não. Foi ele mesmo — Charles ria de um canto, assistindo à cena.
— Belo amigo eu tenho!
— Eu te avisei que ia dar merda. Você não me ouviu.
— Se você sabia, por que não me contou? — Os olhos de Charles se arregalaram ao perceber que havia se dedurado.
— Eu tinha esquecido.
— Conta outra, Charles!
— Calma, tudo isso por minha causa? — disse Aurélio, aproximando-se. Ele tirou a mão de Síria da orelha de Nico, que já estava vermelha como um pimentão.
— É bom ser amado — disse Aurélio, com um sorriso cínico.
— Se você aprontar, já sabe, Aurélio — disse Xavier, ainda sentado no mesmo lugar.
— Eu sou praticamente um santo — respondeu Aurélio, juntando as mãos e olhando para cima. — Vocês têm que confiar mais em mim.
— Difícil isso acontecer.
Nico pediu a pizza enquanto massageava a orelha. Depois de alguns minutos, todos estavam mais tranquilos, conversando na sala. Até Ricardo, que havia saído, voltou para se juntar a eles.
Klaus não conseguia disfarçar a alegria ao chegar em casa. O novo sistema de segurança prometido pelo pessoal da Fênix estava instalado e funcionando. Ele foi direto para o banheiro, onde tomou um banho relaxante. Enquanto ensaboava o corpo, imaginou como seria sentir as mãos de Síria sobre ele. O pensamento foi suficiente para excitar o seu corpo, e ele precisou usar as mãos para se aliviar.
Depois do banho, vestiu um moletom e foi à cozinha preparar um lanche. Enquanto comia, refletia sobre os acontecimentos do dia. A agência ainda não sabia quem havia cometido os massacres, e agora ele precisava tentar encobrir o envolvimento de Síria. Klaus sentia que, a cada dia, se aprofundava mais no mundo da Fênix. Sabia que, a partir dali, a sua vida estava em risco.
Mas, de uma coisa, ele tinha certeza: mesmo que custasse o seu emprego, não se afastaria de Síria. Estava envolvido demais com ela para voltar atrás. Só de lembrar o beijo que haviam compartilhado, a sua boca secava. Síria era uma mulher bonita, disso ele não tinha dúvida.
Lembrando-se do que Ricardo havia dito, Klaus anotou mentalmente que deveria levar o seu carro a um amigo para verificar se estava grampeado. Não podia arriscar a própria segurança nem a de outros.
O seu telefone tocou. Era Max.
— Oi.
— Bora beber! — disse Max, com a animação evidente em sua voz.
— Acho que vou ficar em casa.
— Qual é, Klaus! Vai ser divertido! — para Max, todo dia era dia de bar.
— Já tô de pijama, Max.
— É só tirar!
Klaus esfregou as têmporas. Sabia que discutir com Max era inútil. Se ele queria algo, não pararia até conseguir.
— Tá onde?
— No lugar de sempre.
— Daqui a dez minutos estou aí.
Ele desligou, trocou de roupa e foi para o bar onde costumavam ir.
— Qual é o motivo pra beber hoje? — perguntou Klaus, sentando-se ao lado de Max, em uma mesa no fundo do bar.
— Precisava de algo gelado pra digerir a merda de hoje.
Klaus não podia dizer muita coisa, então apenas assentiu com a cabeça.
— E sua garota?
— Já disse pra não se meter — respondeu Klaus, incomodado.
Max o observou atentamente, tentando sondá-lo. Klaus sempre ficava apreensivo quando o assunto era a mulher por quem estava apaixonado.
— Ela é metida em coisa errada, Klaus?
Klaus sentiu o suor descer pelo pescoço. Não havia percebido que o seu amigo o estava analisando.
— Lógico que não. E você sabe que ela me deu um fora.
Max suspirou. Sabia que Klaus não estava contando tudo, mas decidiu não pressioná-lo mais por enquanto.
— Mas sei que você não vai desistir.
— Com toda certeza, não. Aquela garota me pertence.
— Quanta possessividade.
— Você vai entender quando encontrar alguém que ame.
— Vendo você, acho que não quero, não — disse Max, bebendo um gole de cerveja.
Klaus riu. Também não esperava se apaixonar, mas a vida tinha outros planos para ele.