Capítulo 24

990 Words
A semana passou voando, e quando chegou o fim de semana, Síria arrumou a sua mochila e saiu sem que os outros percebessem. Pegou o jipe de Ricardo e partiu. Ela queria um pouco de ar puro, e era exatamente isso que encontraria na cabana de Ricardo. Quando já estava longe, enviou uma mensagem avisando onde estaria. Com os vidros do carro abaixados, deixou que o vento fresco da manhã beijasse o seu rosto enquanto dirigia. Após uma hora de viagem, começou a ver a mata se formando ao seu redor. A cabana de Ricardo ficava em uma propriedade rodeada por mata nativa, com rios que atravessavam o terreno. Era o lugar perfeito para fugir da agitação. Apesar disso, o verdadeiro motivo de Síria era escapar de Aurélio e dos meninos. Desde que começaram a parceria com Klaus, eles não paravam de pegar no seu pé. Ela balançou a cabeça com esse pensamento. Eles eram bobos e protetores, ou talvez apenas ciumentos. Viver cercada por homens protetores era bom, mas às vezes sufocava. Quando queria um pouco de liberdade, Síria simplesmente escapava, e eles eram inteligentes o suficiente para não ir atrás. Ela deixou o asfalto e entrou em uma estrada de chão. Alguns quilômetros depois, chegou a uma porteira velha que dava acesso à cabana. Ao chegar, encontrou tudo do mesmo jeito de sempre. A pequena cabana ficava de frente para um lago, e Síria já imaginava que pescaria mais tarde. Por enquanto, pegou as suas coisas do carro, colocou dentro da cabana e saiu para fazer uma pequena trilha que levava a uma cachoeira próxima. O lugar era vivo. Um cheiro gostoso de madeira misturado ao perfume da flor dama-da-noite perfumava o caminho. Em uma árvore, um esquilo se escondeu quando ela passou. Diferente do que muitos pensavam, Síria não se sentia solitária em lugares assim. Além disso, ela não tinha medo de ficar sozinha. Riu ao pensar nisso. Há muito tempo, o medo deixou de existir no seu vocabulário. Agora, era ela quem causava medo. Durante a caminhada, Síria se pegou pensando em um certo agente. Era praticamente uma anã perto de Klaus. Ao lembrar como os seus braços fortes a seguraram, um arrepio percorreu a sua pele. Ela se repreendeu por estar sentindo algo por alguém de fora do seu mundo, mas o mero pensamento dos seus lábios macios nos dela já era suficiente para fazê-la esquecer as suas ressalvas. Quando percebeu, já estava na cachoeira, que continuava tão maravilhosa quanto sempre. Foi até a beirada, tirou os sapatos e colocou os pés na água. Um suspiro de prazer escapou dos seus lábios. O som da água caindo era reconfortante e a fazia relaxar. Ela se deitou apoiada em uma pedra, fechou os olhos e deixou os sons da natureza a envolverem. Síria percebeu que havia cochilado ao ouvir passos se aproximando. Não fazia ideia de quem poderia ser, já que ali era uma área particular. Quando sentiu que a pessoa estava mais perto, sacou a sua arma e apontou. — Você?! — disse ao reconhecer quem estava à sua frente. Ela não esperava encontrar ninguém ali, muito menos Klaus, parado com uma calça camuflada e uma blusa verde militar. — Oi — disse ele, sorrindo. Síria suspirou e abaixou a arma. Parecia que o destino fazia questão de juntá-los nas situações mais improváveis. — O que faz aqui? — perguntou, sentando-se e calçando as botas. — Vim acampar. O meu amigo é dono da propriedade vizinha. Ele me disse que havia uma cachoeira aqui, então resolvi dar uma olhada. — Sabe que está invadindo uma propriedade particular, né? — disse ela, levantando-se e cruzando os braços, com uma sobrancelha arqueada. — Pelo que estou vendo, valeu a pena invadir — respondeu ele, malicioso. "Esse homem ainda vai me matar", pensou Síria. — Bem, você sabe onde fica a saída — disse, virando-se e saindo. Klaus foi rápido em segui-la. Não esperava encontrá-la ali, mas agora que tinha, aproveitaria o tempo ao lado dela. — Espera! E você? O que veio fazer aqui? — Vim ter paz. Klaus ficou curioso. Sempre a via rodeada de pessoas e nunca imaginou que ela gostasse de solidão. — Pensei que você gostasse de estar entre os outros. — Eu gosto. Eles são minha família, mas às vezes a proteção deles passa dos limites. Klaus parou por um momento, admirando o sorriso que ela deu ao falar. — Você fica linda quando sorri. Síria desviou o olhar e voltou a andar. — Quais são seus planos para o fim de semana? — perguntou ele. — Só quero aproveitar a natureza e pescar. Isso o surpreendeu. Nunca imaginou Síria como uma amante da pesca. — Sério? — Sim. Desta vez, vim preparada. — Posso te fazer companhia? — Vai parar de insistir se eu disser não? — Provavelmente, não — respondeu ele, rindo. — Você ainda não desistiu? Klaus parou e a puxou pelo braço, fazendo com que ela esbarrasse nele. — Eu nunca vou desistir de você, Síria — disse, colocando uma mecha de cabelo dela atrás da orelha. Síria o encarou, hipnotizada. Os olhos de Klaus a observavam com intensidade enquanto uma das suas mãos se apoiava na base da sua coluna. Lentamente, ela se afastou. — Mas devia. — A cada dia, me sinto mais atraído por você. Você é forte, corajosa... doce. — Eu? Doce? — disse ela, rindo. Klaus se aproximou e a abraçou, com uma mão apoiada em sua nuca. — Sim, doce. Depois daquele beijo, me viciei em você. Os olhos de Klaus a encaravam de forma selvagem. Não havia outra palavra para descrever o desejo que o consumia. — Esse seu cheiro me deixa louco — disse ele, passando o nariz pelo pescoço dela. Síria sentiu o seu corpo tremer nos braços dele. Klaus deixou um beijo no seu pescoço e então a soltou. — Que tal um café? — perguntou ele, sorrindo.
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