Paixão Egípcia

Astronomia

Astronomia é uma ciência natural que estuda corpos celestes e fenômenos que se originam fora da atmosfera da Terra. Preocupada com a evolução, a física, a química e o movimento de objetos celestes, bem como a formação e o desenvolvimento do universo.

Era essa carreira que Mia desejava seguir. Olhava com carinho para seu Telescópio o qual já completava 13 anos desde que o ganhou de aniversário.

Em breve seria sua formatura e gostaria muito de prestar um linda homenagem a seu pai o maior incentivador desse sonho se tornar real.

Vivendo ao sul do Brasil, Mia teve boas oportunidades na vida. Seus pais também tinha condições de lhe oferecer uma vida confortável e abastada. Não foi um problema pagar o curso de Astronomia em umas das mais renomadas universidades do Rio Grande do Sul. A única preocupação que Mia tinha era estudar. Não sabia o que era levantar cedo para trabalhar como suas colegas da República. Ela era privilegiada com uma vida tranquila e com muitas mordomias.

Tirava as melhores notas da sua turma, o que causava um certo desconforto, pois sua classe era constituída 99,9 por cento de homens, ela era a única mulher que estudava Astronomia. Vivendo em uma sociedade "machista" tinha que se controlar diante dos insultos dos colegas e até mesmo dos professores que faziam piadinhas desse nível "Para uma mulher o espaço deveria ter limite" "Uma nota tão alta, nem parece mulher" "Essa profissão só aceita profissionais do s**o masculino".

Se tinha uma coisa que Mia aprendeu com a vida foi vencer os desafios, ela não se acomodava a sua condição financeira sustentável, a sua beleza, ela queria ter valor diante da sociedade pelo o que era e não pelo que possuía. Isso era uma característica marcante da sua personalidade. Até sua própria mãe se pegava dizendo coisas para rebaixa-la "Com sua beleza eu iria ser uma grande modelo e não vestir capacetes para ver o espaço"

Quantas e quantas vezes chorou sozinha em seus quarto quando não tinha para quem dividir deus medos e angústias. Por mais que seu pai a incentivasse a estudar ele só queria mais um número, mostrar com orgulho aos seus amigos que tinha uma filha "nerd".

Enquanto muitas filhas de seus colegas estavam em baldas e se tornando mães na adolescência, Mia estava carregando um diploma universitário.

Apesar de feliz com sua escolha, por ter vencido cinco anos de muito estudo, havia um vazio em sua alma. Sentia falta de algo que ainda não conhecia e só poderia se acalmar quando recordava de seus sonhos misteriosos. Com aquele homem que lhe incendiava de paixão.

Mas deveria esperar por quase 365 dias para ter o direito de sonhar. Ela não dividia esse fenômeno sobrenatural a ninguém, não confiava nem em sua melhor amiga Tânia, que a conhecia desde criança.

Ninguém acreditaria em tal loucura. Seus pais com certeza a internaria em uma clínica para fazer terapia.

Então tentou se distrair, focar no seu presente, viver com intensidade tudo que já estava predestinado.

Quando decidiu se abrir a relacionamentos ela já estava muito "atrasada" para sua idade. Aos 23 anos. Seu pai lhe apresentou um amigo advogado que acabou cativando a atenção de Mia.

Ele se chamava Otávio, morava há três meses na mesma cidade e ficou feliz em conhecer uma pessoa da sua idade para conversar coisas em comum.

Otávio era um homem atraente não só pela aparência, mas pelo dinheiro e posses que possuía. Ele fazia questão de exibir sua riqueza postando em redes sociais todas as suas conquistas. Como consequência tinha a admiração do público feminino.

O interesse por conquistar a atenção do advogado era o sonho de muitas mulheres e claro que ele aproveitava como podia dessas "pretenciosas" que ficavam a seus pés.

Podia ter a mulher que quisesse, tinha beleza, prestígio e dinheiro, mas assim como Mia, ele amava um "desafio". E tentar conquistar Mia Mendonça foi uma diversão a parte, pois já tinha certeza da "vitória".

Ele estava totalmente enganado a respeito da filha de Pietro, seu colega de profissão só havia sido sincero em lhe dizer que sua filha era uma das mais belas mulheres que ele iria conhecer, só omitiu sua personalidade forte.

Mia não era nem de longe "fácil de se conquistar". Da mesma forma que encantava com seu sorriso também punia com seu olhar desconfiado. Não entraria em um relacionamento por diversão, não era isso que esperava da vida. Não depois de sonhar com um homem misterioso na areia do deserto africano, que a fazia sentir a mulher mais desejada do mundo.

Mia queria sentir essa mesma sensação diante dos olhos verdes brilhantes de Otávio, mas nada sentiu a não ser tédio. Ele sabia exaltar a si mesmo com muita facilidade e esperava que ela o "aplaudisse".

Não apreciava a companhia de Otávio, era sempre arrogante, cheio de manias que ela odiava em uma pessoa e se mostrou preconceituoso em relação a pessoas de pele escura. Isso bastou para ter "nojo", seu pai ainda ousava defende-lo, dizendo que ele foi assaltado por um "n***o" e sua revolta em relação a "cor" era devido a esse trauma.

Mia não vivia no mesmo mundo que seus pais, eles sempre demonstraram esse tipo de intolerância a pessoas mais humildes. Mas o preconceito racial a incomodava e muito.

Mesmo sendo criada por pais preconceituosos Mia se tornará uma pessoa diferente, com valores e princípios que sua família jamais possuíam para lhe oferecer. Os amava e os respeitava, mas jamais, em hipótese alguma poderia compactuar da mesma opinião deles.

Não se envolveria com alguém tão desprezível como Otávio.