O tempo na mansão Ricci parecia correr em outra velocidade, como se o relógio da casa fosse feito para prolongar minha angústia. As manhãs começavam sempre igual: o barulho das empregadas abrindo cortinas, a sogra dando ordens no corredor, o perfume caro de flores que só me dava enjoo.
Os sorrisos das mulheres, o entusiasmo falso de Marco, as visitas de aliados da família, tudo me empurrava mais fundo para dentro do próprio corpo, como se eu fosse só uma boneca bem vestida, à disposição de todos.
Eu m*l comia, dormia pouco, os pesadelos eram constantes. Por fora, mantinha a postura, cabelo preso, maquiagem impecável, roupas escolhidas pela sogra. Por dentro, era só dor, vazio e um medo que não tinha nome.
Às vezes, à noite, sentava sozinha na varanda do quarto e olhava o mar agitado,
