Capítulo Dois

1076 Words
Ha-jun. Sabe quando você acorda e tem a sensação de que algo r**m vai acontecer? Assim que acordei um sentimento r**m tomou conta de mim, parecia que algo iria acontecer. Tentei sair da cama sem fazer nenhum barulho para não acordar Dong-hae, mas assim que tentei levantar escutei sua voz me chamando. ㅡ Amor, que horas são? Uma das coisas que eu mais amava era acordar ao lado dele, ver seu rosto inchado pelo sono, seus cabelos negros bagunçados. Era a minha melhor visão ao acordar. ㅡ São 6 e 30 meu bem, ainda é cedo, então volte a dormir, aproveite que é sua folga. ㅡ Deixei um beijo em sua testa e fui para o banheiro. Hoje eu teria que chegar mais cedo no trabalho, teremos um treinamento novo e eu ainda tenho faculdade. E hoje também é um dia especial, Dong-hae e eu completamos 2 anos de namoro. Eu já planejei tudo no restaurante que ele mais gosta. Depois de ter feito o que eu precisava, peguei minhas coisas e antes de sair deixei o café dele pronto, ele ainda dormia quando eu saí. Mas antes deixei um bilhete junto de uma rosa no meu travesseiro. "Espero que seu dia seja tão lindo como você meu bem, aproveite para relaxar. Hoje a noite tenho algo especial para você, feliz dois anos de namoro. Eu te amo." Podia não parecer mas Dong-hae gostava de coisas românticas, ele tinha um jeito sério mas adorava quando eu o surpreendia com algo assim. Nos conhecemos em uma balada e logo trocamos o número de telefone, depois de alguns dias trocando mensagens resolvemos sair em um encontro. Nosso primeiro beijo foi maravilhoso, descobrimos que tínhamos muitas coisas em comum. Não demorou um mês e já estávamos namorando, ele cursava gastronomia na mesma universidade que eu. Sempre achei que não ia encontrar alguém que se encaixasse em mim, mas quando o conheci tudo mudou. E hoje eu o amo demais. Meus amigos diziam que eu parecia retardado quando falava dele, mas fazer o que se eu estava muito apaixonado? Ele conseguiu conquistar toda a minha família, dona Minju era uma puxa saco do genro, já Dae-jung não gostava nem um pouco do meu namorado. Acho que era ciúmes de irmão, afinal, ele é meu irmão mais novo e era muito apegado a mim. Quando contei aos meus pais sobre minha sexualidade cheguei a pensar que eles iam me expulsar de casa, mas diferente do que eu pensei eles reagiram muito bem. Dizendo que eu gostar de alguém do mesmo sexo que eu não ia mudar meu caráter. Eu fazia advocacia e trabalhava como policial, mas meu sonho mesmo era entrar para as forças especiais de combate ao tráfico. Não vou mentir que tive ajuda do meu pai para subir em minha carreira. Trabalhar nesse ramo policial tem seus contras, nesse meio você acaba criando vários inimigos que são capazes de tudo. Durante a tarde recebi uma ligação e ao ver a foto na tela meu sorriso se abriu automaticamente, Dong-hae me ligou perguntando sobre o que eu estava aprontando. Disse somente para ele não se preocupar e ficar pronto às oito horas que eu passaria em casa para pegá-lo. Passei o dia ansioso porque não seria uma simples comemoração, eu iria pedir ele em casamento. Mas aquela sensação de algo r**m prestes a acontecer não saia do meu peito, depois do treinamento tomei um banho no vestiário e me arrumei aqui mesmo. Queria logo ver meu namorado e encher ele de beijos. Na volta passei em uma floricultura e comprei um buquê de margaridas, flores favoritas de Dong-hae. Quando cheguei ao prédio onde eu morava, estacionei na vaga na garagem e peguei minha companheira de sempre, minha Glock G17 9mm. Eu sempre andava armado porque nunca se sabe o que poderia acontecer. Mas quando saí do elevador soube que algo estava errado, a porta do apartamento estava entreaberta. Tirei minha arma da cintura e já fiquei em posição de ataque, assim que abri a porta estranhei o silêncio. Às luzes estavam apagadas e algumas coisas reviradas, chamei por Dong-hae, mas nada dele responder. O medo já começou a se apossar de mim e rezei para que nada tivesse acontecido com ele, mas quando fui em direção ao quarto senti meu corpo tremer. Meu namorado estava caído no tapete perto da nossa cama desacordado, liguei a luz e fui correndo ao seu encontro. Seu corpo estava sujo de sangue e quando ele despertou, respirava com dificuldade, eu nem me lembro quando foi que comecei a chorar e tentar acordá-lo. No meio do desespero peguei o celular e chamei uma ambulância, quando ele acordou senti uma pequena esperança de que ficaria tudo bem, mas eu estava enganado. Eu segurava seu corpo e pedia para ele não me deixar, ele com muito esforço olhou nos meus olhos e disse. ㅡ Nunca se esqueça do quanto eu te amei Ha-jun, você foi a melhor… coisa da minha v-vida, meu amor. Nada disso é c-culpa sua e quero q-que me prometa uma coisa, n-não deixe que isso te i-impeça de amar outra vez. Eu sempre vou amar você meu amor, não se feche para o amor. Aquelas foram suas últimas palavras e eu não soube o que fazer, eu pedia desesperadamente para ele não me abandonar. No fim a ambulância não foi necessária já que ele morreu ali nos meus braços, os paramédicos tentaram mas já era tarde demais. Eu havia perdido o amor da minha vida, no dia do nosso aniversário de namoro, no dia em que eu ia pedir em casamento. Desde então eu passei a odiar o dia 13 de outubro. Meus pais chegaram logo depois e eu chorei ainda mais quando minha mãe me abraçou, Dong-hae não tinha família e morreu jovem, sem terminar o seu sonho de ser chef e dono do seu próprio restaurante. Aos 21 anos ele me deixou e pediu algo que nunca fui capaz de cumprir. No mesmo dia eu comecei uma busca por quem poderia ter tirado a vida do meu amor, mas ele foi esperto demais e até hoje eu nunca soube quem foi o culpado. Mas o dia que eu descobrir não vou deixar barato. Durante todos os anos que se passaram eu ia visitá-lo em seu túmulo e levava as margaridas que ele tanto amava. Depois dele eu não me envolvi em nenhum outro relacionamento sério, me tornei alguém frio e arrogante.
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