EPÍGRAFE
"Se isso dói, vai ser mais fácil fingir que não existe, que nunca aconteceu. Não quero te ver chorar por algo que não é sua culpa. Finja que não ocorreu e volte a sorrir."
___Autoral.
PRÓLOGO
Viver numa terra preconceituosa como o mundo tinha se tornado após a guerra era a pior coisa que podia acontecer caso o sangue que corresse em suas veias fosse o de uma espécie considerada inferior.
E é claro que, como qualquer história meio clichê que se preze, o nosso jovem protagonista tirou a sorte grande na loteria da vida: ele fazia parte da espécie com a classificação mais baixa no ranking de importância.
As coisas não eram felizes, Zatah¹, feliz nem existia no repertório zombie. Você no máximo estaria bem e isso ainda seria um exagero.
Mas isso ainda piorava se você fosse um assassino, ninguém gosta de assassinos. Eles são temidos e enojados, são o lixo que os outros pisam. Não valem de nada.
Eles não são nada. Zouely não era nada e nem se lembrava do porque, apesar de conhecer a história:
O menino mestiço nojento que, ao nascer, rasgou a garganta do irmão gêmeo e abriu a barriga da mãe do ventre até o peito.
O menino que rasgou seus órgãos e cujos olhos brilhavam num azul-céu assim que saltou para fora da carcaça da mãe quase morta.
A criança demônio.
Ele deveria ter sido morto, mas o zombie que hoje chamava de pai e que um dia foi o melhor amigo de sua mãe resolveu assumir a responsabilidade por um filho que não era dele e o mantive vivo nos últimos catorze anos.
Noxzyin tinha 15 anos e mesmo assim lutou por aquela criança. E era nisso que Zouely pensava enquanto sobrevivia dia após dia num mundo sujo e c***l como aquele.
Ele tinha 14 anos agora e continuaria a viver mesmo enquanto tudo o que ele conhecia escorria por entre seus dedos.____
Zatah: equivalente a Deus em língua zombie (Atzilek).