O Crime e o Criminoso

1041 Words
Haviam cerca de trinta pessoas no estacionamento da Dollar S.I., aglomeradas em volta do elevador. Metade eram policiais fardados; alguns sem farda, mesmo assim podia-se reconhecer que eram investigadores, pois olhavam tudo minuciosamente, tiravam fotos e faziam anotações. Os que sobravam eram funcionários da empresa. Ver aquela cena fez o coração de Johnny acelerar. - Céus Wanda! Olha quanta gente! Que desgraça aconteceu agora? - Calma Johnny, calma, já vamos descobrir os detalhes. Ao ultrapassar a fita zebrada que isolava o local, Johnny foi abordado. - Ei senhor, não pode entrar aqui. É a cena de um crime. - Eu sou o dono da empresa, John Dollar. - Tem algum documento de identificação? Johnny perdeu a paciência. Tirou a carteira do bolso e colocou na mão do policial. - Tá aqui ó, pega minha carteira. Todos os meus documentos estão aí. – Passou pelo policial e continuou caminhando – Se precisar das minhas digitais, devem estar aí também. - O senhor não pode falar assim comigo... senhor... senhor... volte aqui... Wanda, que vinha logo atrás do chefe, deu um sorriso amarelo para o policial. - Desculpa sr. Policial, ele está muito nervoso. Dá um descontinho, ok? O policial olhou com cara de superioridade, mas com o ego profundamente ferido. - Eu vou deixar passar dessa vez, mas na próxima, não me importa nem que ele seja o Dalai Lama, ele vai se ver comigo. - Claro, claro. Agradeço muito a compreensão. Wanda apertou o braço do policial e, sentindo os músculos dele, abriu um sorriso maroto. - Você é forte, hein? O policial retribuiu o sorriso. - Eu malho, né? Wanda se lembrou do porquê estava ali, e voltou correndo a seguir Johnny; entretanto, ele já estava bem adiantado, parado em frente ao elevador. Conforme Wanda foi se aproximando, começou a perceber que o caso era mais doentio do que imaginava: havia rastros de sangue no chão, evidenciando que alguém havia sido arrastado. A imagem no elevador, entretanto, embrulhou-lhe o estômago; haviam marcas de sangue nas paredes em formato de cruz, e uma poça de sangue no chão. Ela se aproximou de Johnny, que conversava com um homem, que posteriormente ela veio a saber que era o chefe dos investigadores. - Realmente é tudo muito estranho, sr. Johnny. Não foi roubado nada. Pelo que pudemos entender até o momento, ela foi atingida na cabeça e arrastada até o elevador. Acreditamos que ela foi golpeada quando estava próximo ao carro, porque achamos um sapato dela caído lá, mas o sangue só aparece na metade do caminho. Provavelmente ela foi golpeada mais de uma vez. - E onde será que ele estava pretendendo levar ela? E porque desistiu e deixou ela no elevador? - Ele não queria leva-la a lugar nenhum; o objetivo era deixa-la no elevador mesmo. - Deixar ela no elevador? Mas porquê? - Bem... o porquê nós ainda não sabemos, mas sabemos que ele fez tudo – ou quase tudo – como havia planejado. - E por que vocês têm tanta certeza disso? - Porque ela foi encontrada pendurada por uma corrente, de ponta cabeça, dentro do elevador. Ele deve ter tido muito trabalho pra fazer isso. - Minha nossa! – exclamou Wanda – Mas esse cara é louco! - Com certeza. – a expressão do investigador deixava muito clara a gravidade da situação. – Não há dúvidas de que estamos lidando com um psicopata. - E vocês já sabem se ela sofreu mais algum tipo de agressão, fora a pancada na cabeça? - Ela estava muito ensanguentada, conseguimos ver alguns cortes pelo corpo, mas ainda é cedo para dizer quantas lesões havia e com o que foram feitas. - E você acham que houve algum tipo de ... a***o? - Você quer saber se ela sofreu algum tipo de a***o s****l? Nós acreditamos que não, sr. Johnny. Apesar da roupa dela estar amassada e um pouco rasgada, não faltava nenhuma peça de roupa. Mas certeza nós só teremos após o laudo do médico. Wanda olhou para Johnny, cujo olhar mirava ao longe. Ela achou que ele podia estar em estado de choque, mas então ele voltou a falar. - E vocês sabem como ela está? Me disseram que ela foi encaminhada para o hospital. - O corpo está bem machucado, mas o preocupante é a cabeça. Pelo jeito o cara não poupou forças na hora de bater nela. Johnny pediria para Wanda ligar para o hospital, mas antes que pudesse fazê-lo, está já estava ao telefone. Assim que desligou, voltou a se juntar aos dois. - Então Johnny, ela está estável, mas o caso dela ainda é grave. Ela tem cortes em várias partes do corpo, mas o pior é a lesão na cabeça. O investigador e Johnny se entreolharam, e o primeiro assentiu com a cabeça como se falasse "viu o que eu disse?". - Ela vai precisar passar por uma cirurgia. Pelo que entendi vão precisar drenar o excesso de sangue que está fazendo pressão no cérebro. Alguma coisa assim. Johnny colocou as mãos na cabeça. - Caramba Wanda... alguém já avisou a família dela? - Alguém aqui da empresa avisou a pessoa que ela tinha indicado em seu cadastro... acho que é a namorada dela. – informou o investigador. - Ok, ok. – Johnny se virou para Wanda e se aproximou. – Wanda, tome todas as medidas possíveis e impossíveis para garantir que ela e a família dela recebam todo o suporte necessário. Chame os melhores especialistas, se achar que precisa. Não quero você concentrada em mais nada, entendeu? Quero dedicação 100% para a... Johnny parou por um instante, pois percebeu que não sabia de quem estavam falando. - Como é o nome dela? - Valentina, Johnny. Do setor financeiro. Era uma excelente funcionária. - Era não, é. E continuará sendo. Essa era a maior preocupação dele: a recuperação de Valentina. A segunda era descobrir e prender o maluco que havia feito tudo aquilo. Esse pensamento o fez estremecer; não faziam ideia de quem se tratava o psicopata. Olhou para o lado e viu um funcionário da empresa – do setor de vigilância – olhando para a cena do crime. Se deu conta que o psicopata podia estar, neste exato momento, circulando livre entre eles. _____________________________________________________________________________
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