Julia Narrando O sol entrava fraco pelas frestas da cortina da janela do quarto. O ventilador no teto girava lento, fazendo aquele barulhinho constante que já fazia parte da rotina. Abri os olhos devagar, me espreguicei entre os lençóis e passei a mão no outro lado da cama — vazio. De novo. Era sempre assim. O Buiu acordava cedo, muito antes de mim, e já ia pro corre dele. A boca não espera, como ele mesmo diz. Ele nem sempre falava onde ia, mas eu sabia. Conhecia aquele homem. Conhecia cada passo dele. Cada silêncio. E cada gesto pequeno que dizia mais que qualquer palavra. Levantei com preguiça, amarrei o cabelo num coque frouxo e fui andando até a cozinha. O cheiro do café veio antes mesmo de eu virar o corredor. E lá estava a mesa. Arrumada. Café passado na hora, pão francês quentin

