5 Pietro Narrando

987 Words
Depois que Melinda saiu do meu quarto, permaneci ali terminando de assinar os contratos. Amanhã seria um dia importante: minha primeira reunião oficial como CEO da filial da empresa da minha mãe. Eu precisava causar uma boa impressão. Quando finalizei os documentos, ainda com o leite morno ao lado, aproveitei para tomar. Em seguida, fui ao banheiro e logo me deitei. O sono veio rápido. *********** Pela manhã, acordei cedo, fui direto ao banheiro e me preparei para o dia. Antes de sair do quarto, passei pela porta do quarto da Mel e bati — sem resposta. Desci para tomar café, já pronto para o trabalho. Na cozinha, encontrei dona Maria, sempre atenciosa. — Bom dia, dona Maria. A senhora sabe se minha esposa já saiu para trabalhar? — Bom dia, meu filho. Sim, ela tomou café cedinho e pediu pra avisar que já tinha ido. — Entendi… Ela comentou se vai voltar pro almoço? — Disse que hoje não, que o dia seria corrido com a chegada do novo chefe. Ia comer por perto mesmo. — Tudo bem. Eu também não venho almoçar hoje. Pode ficar tranquila, não precisa preparar nada agora. Depois da janta, pode descansar — falei, e ela assentiu com um sorriso gentil. Terminei meu café, subi para pegar minha maleta, e saí. Apesar de ter um motorista, só costumo usá-lo em eventos ou quando sei que vou beber. Hoje, decidi que ele levaria a Melinda ao trabalho e buscaria ela no fim do dia. Nós dois merecíamos um pouco de conforto. ********** Assim que estacionei, fui recebido por Taylor, meu braço direito naquela filial. Ele pegou minha maleta com naturalidade. — Bom dia, Pietro! Como está? — Bom dia, Taylor. Tudo certo. E por aqui? — Tudo tranquilo. Como o diretor de operações ainda está em viagem, quem vai conduzir a reunião hoje é sua secretária executiva. Ela estava cobrindo interinamente o cargo dele, mas agora vai assumir como sua assistente pessoal. — Espero que ela não seja como a última... — comentei, lembrando de um incidente antigo — Quase me meti em encrenca por causa de "gentilezas" m*l interpretadas. Taylor riu. — Essa é diferente. É muito bonita, sim, mas sempre se deu ao respeito. Ganhou espaço aqui pelo próprio esforço. Por isso, algumas mulheres não gostam muito dela… Mas todos os homens a respeitam, e ela tem a admiração de toda a diretoria, além de ser muito eficiente e competente. — Ótimo. Ainda mais agora que sou um homem casado. Tenho que me comportar. E, pra falar a verdade, minha mãe deixou bem claro que se eu fizer besteira, ela mesma arranca meu “precioso” então não estou a fim de provocar dona Rosa, ela se afeiçoou com nora. — brinquei, fazendo Taylor rir alto. Fomos caminhando pelo saguão. À medida que andávamos, os funcionários nos cumprimentavam. Tudo parecia sob controle — até que o destino decidiu brincar comigo. Estávamos passando perto da sala de reuniões quando alguém saiu apressada, com a cabeça baixa e os olhos grudados nos papéis, e… trombou direto em mim. — Ai! Me desculpe! Eu… — a mulher falou, ainda agachada recolhendo os papéis espalhados no chão, seus cabelos cobrindo sua face. — Você deveria prestar mais atenção por onde anda — reclamei, um pouco irritado. — Se não sabe andar direito, talvez devesse sair do caminho. — O senhor deveria ser mais educado — respondeu com firmeza, ainda sem me olhar —, eu pedi desculpas! Não tenho olhos no meio das folhas. Se o senhor me viu, poderia ter parado e deixado eu passar! Arqueei a sobrancelha. A audácia. — Pelo menos quando falo com alguém, encaro a pessoa nos olhos. Que tal se levantar e mostrar um pouco de educação? Já que sugeriu que não tenho educação. Ela se levantou, claramente indignada. Quando finalmente nossos olhos se encontraram… o mundo parou. E eu não acreditava no que meus olhos viam. — Você?! — dissemos ao mesmo tempo. Taylor observava a cena, sem entender. — Bom… Vocês já se conhecem — disse ele, confuso. — Pietro, essa é a senhorita Melinda. Sua nova assistente pessoal. — Como assim? — ela perguntou, ainda surpresa. — Você é o novo CEO, isso só pode ser brincadeira! — Além de marido, agora também sou seu chefe, meu amorzinho. — falei, tentando conter a risada. — Peraí… — Taylor falou, juntando finalmente os pontos. — Você se casou com ela? Como assim? — Venham comigo em minha sala. Vamos conversar — disse, e os dois me seguiram até meu escritório. Fechei a porta. Sentei-me à mesa e comecei a explicar: — Taylor, minha mãe queria que eu me casasse. Um casamento de aparências, entende? Então, conheci a Melinda num bar. Nos tornamos amigos, e propus um casamento por contrato. Ela precisava de dinheiro para ajudar no tratamento da mãe, e aceitou. O mais louco é que só depois descobrimos que nossas mães são melhores amigas. Mas nunca falamos o nome das empresas onde trabalhávamos, então não sabíamos que um dia isso poderia acontecer. Taylor balançou a cabeça, pasmo. — Essa história parece de novela. Mas, se foi uma escolha dos dois e não afeta o trabalho… Pode contar comigo. Não vou dizer nada a ninguém. — Obrigado, de verdade — falei. Me virei para Melinda. — Se você quiser, podemos manter isso em sigilo por enquanto. Mas uma hora a verdade vai acabar aparecendo. Ainda mais com os eventos e festas que terei de ir acompanhado. — Concordo — disse ela, aliviada. — Melhor assim, por enquanto. Ela saiu da sala, nos deixando a sós. Taylor riu, ainda processando tudo. — Que situação, hein, chefe? — Pois é… Agora resta ver como a gente vai equilibrar casa e trabalho sem misturar as coisas. Empresa é empresa. Em casa… é outra história. E, na verdade, essa mulher realmente me enlouquece, perto dela esqueço tudo ao meu redor.
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