Tiro algumas fotos de longe, nada que um bom zoom na máquina fotográfica não resolva, o helicóptero que desce conduzia 3 homens que parecem ser os tais compradores que vêm para escolher a "mercadoria", são muito bem recepcionados pelos 2 homens da cabana, que os levam para a parte de dentro do Hangar, eu fotografo cada passo que eles dão, cada rosto, mas não consigo ter visão da parte interior do Hangar, mas parece ser algo luxuoso, talvez se eu conseguisse dar a volta... Mas é arriscado. Aqui é tudo muito grande, uma enorme pista para os jatos pousarem, para que eu pudesse dar a volta, levaria muito tempo, além de que eu poderia me perder aqui, já que não faço a mínima ideia de onde estou, eu preciso dar um jeito de aproveitar a oportunidade, já que cheguei aqui, não custa tentar... Sigo uma pequena trilha, que leva ao outro lado do Hangar, aquela chuva que ameaçava, começa a cair, ótimo, a câmera... Ainda bem que consigo tranferir as fotos para o meu celular, então não tem problema se molhar, mas de qualquer forma, podia deixar para chover em outro momento né? Eu começo a me aproximar da área perfeita , consigo ver como as coisas funcionam lá dentro, é realmente luxuoso, enorme, os caras lá dentro devem ser muito ricos... A chuva não para de cair, e um barulho gigantesco se aproxima, parece um helicóptero, mais um comprador?
Eu não consigo ficar aqui muito tempo, a chuva começa a ficar forte, está muito difícil, só vou esperar para ver quem vem aí, conforme se aproxima, o barulho aumenta muito, então consigo ver que são vários helicópteros, deles descem algumas mulheres, muito bonitas, eu fotografo tudo de longe, provavelmente são as "mercadorias", coitadas... De um helicóptero desce um homem com um capuz, eu não consigo ter visão dele, então me aproximo mais um pouco, ando mais para frente, na beirada de um morro, a chuva caindo forte, mas eu preciso saber quem é, será esse o pai da Laura? Continuo me aproximando e sem que eu perceba, a chuva faz a terra ficar muito lisa e então eu escorrego e acabo caindo pelo morro. DROGA! O homem vira e olha diretamente pra mim, o silêncio toma conta e meu dedo clica no botão da máquina sem querer, é quando aqueles caras armados começam a correr na minha direção, então eu ouço o tal homem gritar: EU QUERO ELE VIVO!
Nessa hora eu me levanto e saio correndo freneticamente pela mata, meu coração parece que vai sair pela boca, eu olho pra trás e vejo aqueles malucos correndo atrás de mim sem parar, eu já nem sei mais aonde eu estou, esse mato não acaba nunca e eu começo a ficar cansado, e sem saber para qual lado seguir, eu perdi total sentido e esses caras conhecem tudo aqui, a chuva não para de cair, dificultando ainda mais a minha fuga desse inferno. Vejo o riacho, onde me escondo debaixo das pedras, espero com muita angústia, quando ouço os homens se aproximarem... Mas seguem outro caminho, graças a Deus. Meu telefone toca, um número desconhecido, não sei se é o melhor momento, mas atendo. É neste exato momento que ouço:
- Oi.
A voz, é você, é você, Deborah... Você voltou?
- Deborah?
- Oi, sou eu.
- Que saudade de ouvir sua voz...
É verdade, eu estou com saudade, mas esse momento não é o melhor, digamos que eu esteja em uma situação complicada.
- Eu também senti saudade, eu... Queria pedir desculpa.
- Que?
- O Márcio... Ele me procurou
Márcio... Podia ter feito isso antes né? Ou depois...
- Eu... Eu.
O mato começa a fazer barulho, eles estão voltando, droga.
- Tá tudo bem?
Os homens se aproximam e meu instinto é desligar o telefone, desculpa Deborah, a gente vai ter que se resolver depois, se eu sair vivo daqui. Eu estou feliz com a sua ligação, mas agora eu tenho que me preocupar em sair daqui.
Saio das pedras e sigo em frente, em meio a mata... O sinal de telefone voltou a funcionar, o mapa não funciona aqui, já que esse lugar não existe, mas a minha sorte é ter rastreado no meu carro, então consigo olhar pelo meu celular a localização dele. Ainda está um pouco distante, mas pelo menos eu sei onde está e para onde ir, agora é rezar pra não esbarrar naqueles malucos, melhor eu ir rápido... Eu vi muita coisa aqui hoje, eles não vão me deixar ir assim tranquilamente, toda aquela história do Márcio é verdade, essas pessoas realmente vendem essas garotas para um bando de homens nojentos e desprezíveis. Sendo sincero comigo mesmo, eu estou um pouco apavorado com tudo isso... É muita loucura, olho meu celular e percebo que o sinal começa a cair novamente, eu estou exausto, só quero minha casa e descansar, mas parece que não chego na estrada nunca mais, não aguento mais, a chuva, a mata, é sufocante, eu... Um dos homens me pega de surpresa com um mata leão. Agora sim eu estou sufocado, minha mão corre rapidamente pela minha cintura, onde pego minha arma e atiro na perna dele, então ele perde a força e me solta, é nesse momento que atiro mais uma vez, mas dessa vez... Dando um fim nesse maluco. Mas agora tenho que correr ainda mais, pois o restante deve ter ouvido o barulho de longe. Meu celular começa a tocar de novo, sem parar, o sinal vem e volta e eu continuo a caminho da estrada e do meu carro, até que finalmente enxergo a estrada, já não aguentava mais, acho que nunca corri tanto na minha vida, devo ter perdido bastante calorias nessa corrida em meio à mata, finalmente entro no meu carro, nem acredito, mas eu cheguei, eu consegui. Agora é vazar daqui o mais rápido possível, antes que venham atrás de mim e me achem, eu consegui o que eu queria, foi arriscado, mas consegui, eu vou ferrar a família da Laura e agora, depois daquela ligação, tenho minha Deborah de volta.