Capítulo 2

1067 Words
Fecho a porta e me encosto devagar, respiro fundo ainda sem entender o que está acontecendo, eu não esperava que ele me trataria assim, tudo bem nos casamos sem nem nos conhecer, mas foi ele que quis assim. Durante os cinco anos, ele nunca sequer demostrou curiosidade para saber quem eu era, bom é o que eu penso. Tiro o véu dos meus cabelos com cuidado, olhando no espelho meu rosto abatido, não eu não podia me abater, não agora, logo depois tiro o vestido de noiva branco como a neve, e um nó se forma em minha garganta, era para ele tirar e não eu. Olho em volta e vejo cada objeto que tem nesse lugar, não é muito, mas também não é pouco, mesmo assim sinto como se um vazio estivesse ali, ou o vazio era dentro de mim. Passo a mão no colchão da cama de madeira que fica bem no meio do quarto, uma penteadeira fica no canto, e tem apenas um pente e algumas coisas dentro de uma caixa, provavelmente, minhas coisas pessoais, dois sofás brancos do outro, montava o conjunto do quarto, e um tapete cinza redondo cobria o chão, abro o closet e vejo algumas roupas minhas que já tinha enviado antes da festa. Tudo estava lá, já arrumado, peguei a camisola de seda branca, e fui até o banheiro, talvez quem sabe ele só estava nervoso com a situação e aparecesse aqui e consumaríamos o casamento. Seríamos um casal de verdade, talvez não fosse tão difícil assim. Eu sabia que tinha de ceder, mesmo que meu gênio não ajudasse muito. Sim, eu estava ansiosa, nenhum trabalho que eu já tinha feito tinha me deixado tão, ansiosa assim, mas a minha primeira vez com o meu marido, com o homem que eu tive de esperar até hoje, essa sim, estava me deixando ansiosa. A banheira era enorme cabia dois ali sem nenhum problema, me ensaboei com uma espuma de morango ficando com aquele cheiro agradável no corpo, coloquei a camisola, em frente ao espelho do banheiro penteie meus cabelos, passando um creme em minha pele logo depois, meu coração parecia pular para fora da boca, sem saber o que me esperava, por trás daquela porta agora. Talvez meu marido estava ali, me esperando para sermos um casal, ou talvez não tinha ninguém e eu estava esperando demais dele. Sai devagar ainda com receio, não tinha medo de nada, enfrentei muitos alvos, enfrentei muitos tiroteios, mas enfrentar o homem que eu cresci aprendendo que tinha um compromisso, que sabia a importância da união a minha famiglia, era um sentimento diferente do que eu estava acostumada. Assim que passei pela porta me deparei com Lorenzo em pé no meio do quarto. Meu coração se alegrou naquele momento, e não pude evitar abrir um sorriso, ele tinha vindo, então era um bom sinal. Olhei para a cama e lá já estava estendido um lençol branco, eu sabia o que era aquilo, ele precisava provar a famiglia que eu era virgem, porque se não fosse o casamento seria cancelado. _ Deite-se! — ele mandou em um tom ríspido, eu poderia brigar e dizer que não era para falar assim comigo, mas meu papa tinha me orientado que a moglie do capo tem de respeita-lo, pelo menos até conseguir abrir as asas devagar e era isso que eu faria. Me deitei sobre o pano bem devagar, minha respiração estava pesada, ele se aproximou de mim, levantando minha camisola até a altura da barriga, fechei meus olhos tentando não imaginar o que ele faria, senti seu dedo roçar na minha calcinha a puxando de leve, mas foi aí que senti uma dor na parte interna dos meus lábios íntimos. Tentei me levantar, mas ele segurou meu corpo contra a cama com a outra mão. _ Aiii! Oque foi isso, está maluco. — digo ao perceber que ele me cortou com uma gilete. _ Era preciso. — ele nem me olhou apenas segurou meus lábios íntimos e deixou o sangue escorrer, me senti envergonhada, ele pensava que eu não era mais virgem, mas eu guardei tudo para ele, até meu primeiro beijo eu guardei. _ Não precisava! Eu sou virgem me guardei para você. — ele levantou o olhar em minha direção, mas o mesmo olhar frio de antes, então puxou o lençol de uma vez, se levantando. _ Aonde vai? — pergunto sem entender nada _ Já fiz o que vim fazer aqui. — diz sem nem me olhar, enquanto anda até a porta. _ Não vai consumar nosso casamento? — ele para com a mão no trinco da porta e se vira devagar. _ Não tenho nenhum interesse nesse casamento arranjado! Só me casei com você porque fui obrigado por esse maldito acordo dos nossos pais, mas se você pensa que vai ter uma vida boa e feliz ao meu lado está enganada. Nunca tocarei em seu corpo do modo que você pensa, nunca vou te amar como você deseja! Você destruiu todos os meus planos, e nunca vou te perdoar por isso Pietra Giordano. — ele sai batendo a porta me deixando ali, sem entender nada, o que eu fiz para ele me odiar daquele jeito, suas palavras foram como pedras jogadas em mim. Puxei o lençol me cobrindo, me escondendo de tudo, fazia anos que eu não chorava, mas ali naquele momento não pude deixar de esconder as minhas lágrimas, elas rolaram sem controle molhando meu rosto, e em uma tentativa inútil eu tentava limpar com as mãos. Me senti horrível, me senti fraca, não sabia o que tinha feito para ele, eu não sabia. E me doeu a sua rejeição, eu esperei por ele, fiz tudo, aprendi tudo que tinha de aprender em nome desse nosso acordo. E depois de tudo, depois de dar o melhor de mim para ser a melhor moglie, ele me rejeita assim. Foi mais dolorido que qualquer tiro que já levei. Um pensamento veio em minha cabeça, "será que ele é gay ". Se ele fosse estaria explicado do porque não querer me tocar, na máfia não é aceito o homossexualismo, por mais que eu ache isso ridículo, cada um tem o direito de amar quem seu coração desejar. Mas se fosse esse o motivo estaria explicado, mas não sei havia outra coisa em seu olhar, raiva, mágoa, desprezo eu percebi tudo isso na sua voz também.
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD